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Desigualdade social seno exemplificada na imagem com uma pessoa em situação de rua no frio pedindo dinheiro.

Desigualdade social no Brasil e no mundo: fique fera no assunto!

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O que é a desigualdade social? Por que existem países tão ricos e outros tão pobres? 

O que explica que em um país repleto de riquezas como o Brasil possa haver tanta pobreza? 

Por que em um mesmo bairro podemos observar indivíduos em situação de extrema miséria em contraste com pessoas que dispõem de tanta riqueza e privilégios? 

Se você já se questionou sobre isso, já entende o que é desigualdade social. Nos acompanhe para ficar por dentro do tema e aumentar o seu repertório!

O que é desigualdade social?

A Desigualdade social é um fenômeno socioeconômico que evidencia uma situação de diferenciação na qual a maioria dos indivíduos não possui acesso pleno a direitos, recursos e renda enquanto uma minoria desfruta de todas essas condições. 

Essa desigualdade nos permite entender as diferentes classes sociais presentes na sociedade ao longo da história e que persistem até hoje. 

Ela é fruto, basicamente,  da má distribuição de renda e da falta de investimentos na área social, como saúde, educação, segurança, entre outras. 

Em 2015 a desigualdade social no mundo alcançou um marco histórico: de acordo com estudos apresentados pelo Credit Suisse, 1% da população mundial concentra metade de toda a riqueza do planeta. 

Isso significa que esse 1% mais rico (com patrimônio avaliado em 2,96 milhões de reais) possui tanto dinheiro líquido e investido quanto 99% restante da população. 

O Brasil, de acordo com o relatório divulgado em 2019 pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), é o sétimo país mais desigual do mundo, atrás de países como África do Sul, Zâmbia, Moçambique, Namíbia entre outros. Aqui, os 10% mais ricos concentram 41,9% da renda total do país. 

Fatores que medem a desigualdade social

Embora esse conceito de desigualdade social esteja majoritariamente associado à questão de renda, ele não se restringe a isso. 

Fatores como escolarização, acesso a serviços básicos como saúde, segurança, cultura são fundamentais para uma compreensão mais ampla da desigualdade social. 

Além disso, ela está intimamente relacionada a problemas históricos como a questão racial e a desigualdade de gênero. 

Como é medida a desigualdade social?

Chegar a resultados numéricos comparativos acerca da desigualdade social não é tarefa simples. Assim, diversos tipos de indicadores sociais podem ser utilizados para medir a desigualdade social em escala global ou local. 

Entretanto, nenhum desses índices é totalmente seguro e abarca com precisão a complexidade envolvida em torno da desigualdade social. 

Alguns índices, por exemplo,  levam em consideração dados econômicos, enquanto outros trabalham em cima de dados sociais para chegar às suas conclusões.  

O Índice de Gini 

A concentração de renda, que em muito evidência os níveis de desigualdade social, é medido pelo Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini. 

A partir dele podemos compreender a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. 

Esse índice funciona em uma escala de 0 a 1 (por vezes também de 0 a 100), na qual quanto mais perto de zero, maior a situação de igualdade, enquanto mais perto de um (ou cem), maior a concentração de renda e a desigualdade social. 

Em 2019, o índice no Brasil chegou a 0,629. 

Desigualdade social de renda no mundo pelo Índice de Gini de acordo com dados do  Banco Mundial de 2014

Mapa 1 – Desigualdade de renda no mundo pelo Índice de Gini de acordo com dados do  Banco Mundial de 2014

O Índice de Desenvolvimento Humano

Outro importante indicador importante é o  Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) criado pela ONU. Seu objetivo é estabelecer o grau de desenvolvimento humano de cada país. 

Para tal, são levados em consideração os dados do país em relação à expectativa de vida ao nascer, o acesso à educação e o PIB (Produto Interno Bruto), este levado em consideração como um indicador do padrão de vida. 

A partir deste índice podemos perceber as desigualdades existentes entre os países, pois ele evidencia o padrão de vida majoritário naquele país. 

As quatro categorias do IDH no mundo que medem a desigualdade social

Mapa 2 –  As quatro categorias do IDH no mundo, a partir de relatório publicado em 2019. Elaborado por Allice Hunter. Disponível: UNDP.

A partir da leitura do mapa 2 podemos observar certos padrões. 

Percebe-se que os países com os melhores índices de desenvolvimento estão localizados no hemisfério norte, em grande parte da Europa e da América do Norte. 

Por sua vez, a maioria dos países que compõem o continente africano e países do Oriente Médio apresentam os piores índices de desenvolvimento do mundo. 

Já na América Central, do Sul, parte da Ásia, e ao norte da África encontramos países em nível de desenvolvimento intermediário. 

Diversos fatores explicam essa desigualdade mundial. 

Entretanto, os índices negativos estão absolutamente relacionados a fatores históricos e em muito são consequência de um passado colonial, no qual grande parte do mundo foi por séculos explorado pelas, hoje, grandes potências mundiais.

A desigualdade social no mundo

O fenômeno da desigualdade social está presente em todos os países do mundo, com mais ou menos intensidade. 

As relações coloniais pretéritas nos ajudam a compreender porque em certos continentes como a América do Sul e grande parte da África as desigualdades sociais são mais profundas enquanto na Europa esses índices são mais moderados. 

Conheça o Estado de Bem Estar Social 

Após a Segunda Guerra Mundial, com o intuito de melhorar a qualidade de vida da população, parte dos países europeu adotaram um modelo conhecido como Estado de Bem Estar Social onde o Estado possui papel central na promoção dos direitos e na defesa da cidadania. 

Assim, grande parte dos investimentos orçamentários são destinados aos setores básicos como a saúde, a educação, a segurança e a habitação. 

Assim, além de promover esses serviços públicos, o Estado atua na economia, promovendo empregos, estimulando a produção e regulando as relações trabalhistas (estabelece jornada máxima de trabalho por dia, combate o trabalho infantil, entre outras medidas). 

O Estado de Bem Estar Social, acaba por resultar numa sociedade mais igualitária, na qual os direitos básicos são respeitados a partir das políticas públicas implementadas. 

Entretanto, esse modelo também é marcado por contradições. 

A intensificação dos fluxos migratórios para a Europa provenientes da África, Oriente Médio e da Ásia, evidenciou os limites do sistema europeu, acentuou os sentimentos nacionalistas e xenófobos e provocou o aumento das desigualdades sociais nesses países. 

Economia poderosa não é sinônimo de igualdade social

Por outro lado, os Estados Unidos, apesar de estar entre os países mais ricos do mundo e ser a maior potência mundial, apresenta altos índices de desigualdade social. 

O índice de Gini evidenciou um aumento significativo em 2018, o máximo já registrado no país: 0,485. 

De acordo estudo elaborado em 2018 pela ONG Poor People’s Campaing, mais de 140 milhões de pessoas são pobres nos EUA, o que representa 43% da população do país e dados recentes apresentados durante o governo Trump apontam que a desigualdade de renda vem aumentando nesse governo. 

Movimento Occupy Wall Street: protesto contra a desigualdade social nos estados unidos.

Movimento Occupy Wall Street. Protesto em Nova Iorque, 2011. Fonte: The Guardian.

O aumento da desigualdade está, em parte, relacionado à crise financeira de 2008, mas as políticas do atual presidente Trump também contribuíram para essa realidade. 

Por exemplo, a reforma tributária proposta pelo governo ajudou a injetar dinheiro na economia, mas ao mesmo tempo, favoreceu os grupos econômicos mais ricos. 

A desigualdade social nos países africanos

Como vimos no mapa referente ao Índice de Gini (mapa 1) o continente africano abrange os países mais desiguais do mundo. 

A África do Sul apresenta um dos maiores índices de desigualdade do mundo: os 10% mais ricos concentram cerca de 60% de toda a renda do país. 

Com o fim desse regime segregatório, a renda per capita de negros sul-africanos aumentou, reduzindo essa disparidade em relação aos brancos. 

Entretanto, isso não teve efeitos concretos na diminuição dos índices de desigualdade, pois setores básicos não foram partilhados: não houve distribuição de terra, mantendo altos índices de concentração fundiária e o desemprego é uma questão crônica no país. 

A desigualdade social no Brasil 

Como vimos, o Brasil está entre os países mais desiguais do mundo. 

Por que um país repleto de recursos e riquezas apresenta dados tão negativos de desigualdade e altos índices de pobreza? 

E mais: qual a relação entre raça e classe social no Brasil? Isso existe? 

Para entendermos tais questões precisamos voltar à história do Brasil. 

Contexto histórico da desigualdade social no Brasil

O período colonial brasileiro foi marcado pelo modelo econômico escravocrata, no qual os africanos em diáspora (isto é, o deslocamento forçado de certo povo) eram a principal, quando não única, mão de obra do sistema, e por serem escravizados, mal possuíam acesso a renda ou a qualquer direito. 

Esse fator é a base da desigualdade social e racial no Brasil, último país a abolir a escravidão na América e as consequências são evidentes até hoje. 

Em 1850, já antecipando a inevitável abolição da escravidão foi criada Lei de Terras. A partir daí as terras se tornaram mercadoria e só poderiam ser adquiridas por meio de compra e venda ou por doação do Estado. 

Essa lei é importante pois ela contribuiu para a manutenção da desigual estrutura fundiária do país e, nesse contexto de transição para o trabalho livre, impediu que os negros tivessem acesso a terra. 

Lembrando que estamos falando de um país agrário, no qual essas propriedades eram a principal fonte de renda da população. 

O fim da escravidão foi uma jogada política (não um ato de bondade)

A tardia abolição da escravidão no Brasil ocorreu em maio de 1888 com a Lei Áurea. 

Fruto da resistência da população negra escravizada, ela não pode ser considerada uma vitória completa tendo em vista o caráter extremamente conservador do texto aprovado. 

O fim da escravidão não significou a inclusão da população negra à sociedade, não lhes foi concedido nenhum tipo de indenização ou reparação por parte do governo. Assim, os negros, agora livres, não tiveram acesso a terra, nem à educação, saúde, habitação, mantendo-se a margem da sociedade. 

A abolição não foi pensada em termos de liberdade nem significou a diminuição das desigualdades sociais. Pelo contrário, ela ocorreu em vias de trazer o mínimo prejuízo possível à elite brasileira. 

Nesse período, outro fator é fundamental para a manutenção das desigualdades: a política de embranquecimento da população brasileira. 

A chegada dos imigrantes europeus no Brasil

Com o intuito de diminuir o contingente populacional negro, maioria absoluta no país, ficou proibida, a partir da constituição de 1891, a imigração africana e asiática para o Brasil, enquanto o governo subsidiava a vinda de europeus para ocupar os postos de trabalho por aqui. 

Essa política governamental mais uma vez  contribuiu para esse cenário das desigualdades e impedia a mobilidade social da população mais vulnerável. 

A partir de 1930 até o início da ditadura militar em 1964, o Brasil viveu um período de desenvolvimento econômico, iniciando o processo de implantação da indústria nacional, principalmente nos setores como a metalurgia, a indústria química, petroquímica etc. 

Esse período ficou marcado por uma série de políticas públicas pioneiras no país com o intuito de amenizar as desigualdades sociais. 

Foi implementada uma política de salário mínimo, regulamentação da jornada de trabalho, prudências em relação a saúde e a segurança do trabalhador, políticas habitacionais, entre outros. 

Podemos dizer que houve uma diminuição da pobreza e maior acesso a direitos fundamentais, mas isso não necessariamente significa uma redução da desigualdade social. 

Os altos rendimentos permaneceram em posse da elite industrial, os salários ainda eram baixos e o êxodo rural evidenciava a desigualdade entre as regiões. Com isso, houve um aumento significativo da população das grandes cidades, principalmente no sudeste. 

Esse crescimento rápido e  desorganizado resultou num aumento da pobreza nesses locais e no crescimento das habitações precárias. 

Favela do Paraisópolis com edifícios luxuosos ao fundo no Morumbi, em São Paulo, evidenciando a desigualdade social.

Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

A desigualdade social cresceu ainda mais na Ditadura Militar

O advento da ditadura militar a partir de 1964 evidencia que o  crescimento econômico não necessariamente resulta na diminuição das desigualdades sociais. 

Com uma conjuntura externa favorável, o Brasil chegou a um crescimento de 10% ao ano no final dos anos 1970 e atingiu, em 1973 um aumento de 14% do Produto Interno Bruto, acompanhado de uma forte queda na inflação. 

Entretanto, esse crescimento favoreceu apenas empresários e teve péssimas consequências para os trabalhadores. 

Para que esse plano de crescimento se sustentasse, os militares recorreram ao arrocho salarial, mudando a fórmula que previa o reajuste da remuneração pela inflação, levando a perdas reais para os trabalhadores. 

Tal medida só foi possível através do aparato repressivo que os militares instalaram sobre os sindicatos, diminuindo o poder de negociação dos operários. 

Assim, o cenário de desigualdade social se agravou no país. 

A volta da democracia e a lentidão nas melhorias sociais

Com a democracia instalada no país, entre as décadas de 1980 e 1990, o objetivo principal dos governos foi conter a inflação. 

Diversos planos econômicos foram implementados, mas o mais bem sucedido foi o Plano Real, que resultou em melhorias, ainda que tímidas, nos indicadores sociais. 

Apesar disso, o relatório apresentado pelo Tribunal de Contas da União do governo Fernando Henrique (1995-2002) evidenciou que mesmo com as melhoras dos indicadores sociais as desigualdades entre as regiões mais pobres e mais ricas do país não se reduziram. 

Isso porque os indicadores sociais melhoraram proporcionalmente e não foram pensadas políticas específicas para as regiões mais pobres. 

Um exemplo deixa isso evidente: o analfabetismo no nordeste da população acima de 15 anos era superior a  50% em 1970 e caiu para 24,3 % em 2001. 

No Sudeste, a proporção caiu de 25% para 8% no mesmo período, ou seja, a desigualdade entre essas regiões se manteve. 

Os anos 2000 e a melhoria da desigualdade social no Brasil

O governo Lula foi marcado por uma significativa redução dos índices de pobreza. 

Entre 2002 e 2010 essa redução foi de 50,64% contra uma queda de 31,9% no governo anterior, segundo estudo elaborado pelo FGV com base em dados do IBGE. 

Outro dado relevante do período aponta que apesar de a escolaridade ser um dos principais fatores por trás da redução da desigualdade, a renda dos analfabetos aumentou em 47%, em um ritmo maior do que aqueles que chegaram à universidade. 

Isso se explica pois o trabalho pouco qualificado foi mais valorizado nesse período, e esse grupo conquistou certos direitos. 

Um exemplo dessa valorização foi  a PEC das domésticas, que estabeleceu direitos trabalhistas iguais entre o trabalho doméstico e os demais trabalhos urbanos e rurais. 

O programa mais conhecido desse período, e grande responsável pela diminuição da pobreza já elencada acima é o Bolsa Família. 

Essa política de transferência de renda para as camadas mais pobres foi fundamental para as melhorias nos indicadores sociais nos anos 2000.

Ainda precisamos avançar muito em relação à desigualdade social 

Entretanto, elas não foram suficientes para diminuir as desigualdades sociais. 

Esse abismo é tão grande no país que mesmo com o crescimento significativo das rendas dos mais pobres, o rendimento dos mais ricos permanece, e poucos impactos positivos são percebidos em relação à desigualdade social.  

Isso demonstra que a transferência de renda nesse governo se deu entre a classe média e pobre e pouco repercutiu sobre a parcela mais rica da população brasileira. 

As relações entre classe social e a questão racial

Antes de refletirmos acerca das relações entre raça e classe é importante esclarecermos que o conceito de raça foi utilizado como critério de classificação da população mundial e sustentado durante muito anos pela biologia. 

Hoje, apesar de estar superado no campo da ciência, essa classificação ainda permanece viva na sociedade e justifica a inferiorização de certos grupos sociais em detrimento de outros. 

Dessa maneira, quando falamos em raça, estamos falando no sentido social, ainda pertinente na sociedade. 

Como vimos, o desenvolvimento econômico no Brasil se apoiou, por séculos, na escravidão e no racismo. 

Apesar de durante muitos anos perpetuado o mito da democracia racial, em muito salientado pelas ciências humanas, hoje está claro as latentes desigualdades entre brancos e negros no Brasil. 

Dados que mostram a relação entre raça e a desigualdade social

Em relação ao mundo do trabalho, de acordo com estudo elaborado pelo IBGE em 2018, a população negra ocupa 47,3% dos trabalhos informais. 

A porcentagem de negros em altos cargos de trabalho é parca: entre os quadros do executivo eles são 4,7% e na gerência apenas 6,3% dos trabalhadores são negros. 

É evidente que essa desigualdade se apresenta na distribuição de renda. As taxas de pobreza e extrema pobreza são maiores entre os negros. 

Em 2018, 32,9% da população negra vive com menos de US$ 5,50 por dia, contra 15,4% de brancos nessa mesma situação. 

Em relação a  pobreza extrema, pessoas que vivem com menos de  US$ 1,50 por dia, 8,8% são negros no Brasil, enquanto em brancos esse número corresponde a 3,6%. 

Os dados de violência são alarmantes. 

Entre 2007 e 2017, a taxa de homicídios de negros cresceu 33,1% contra apenas 3,3% na população branca. 

Além disso, essa população é a maior vítima da violência do próprio Estado. 

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019, 74,5% das pessoas assassinadas em decorrência da intervenção policial são pretas ou pardas. 

Um exemplo de desigualdade social e questão racial é o caso Amarildo, na imagem, uma manifestação de moradores cobrando solução para o caso.

Acima, manifestação de moradores da Rocinha, no Rio de Janeiro, pelo desaparecimento de Amarildo, morador da favela em 2013. Esse caso foi depois solucionado e policiais militares da UPP foram responsabilizados pelo seu assassinato. Disponível em: Huff Post Brasil.

No sistema carcerário a diferença entre negros e brancos também é desproporcional. 

O Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias do Ministério da Justiça e Segurança Pública demonstrou que 61,6% dos presos no país são pretos ou pardos, contra 34,38% brancos. 

A maior parte dos presos no Brasil são jovens, negros e com baixa escolaridade e estes são detidos, principalmente, por crimes como roubo e tráfico de drogas. 

Quando falamos em redução da desigualdade social, sabemos que trata-se, além de tudo, de uma questão de acesso à educação. 

Isso porque ela proporciona uma maior possibilidade de ascensão social, aumento da renda e interfere na relação da população com outros direitos como a saúde, a justiça e a segurança. 

Entretanto, o acesso a educação é desigual e tem um forte componente racial, Segundo o IBGE, a taxa de analfabetismo entre negros de 15 anos ou mais apresentou diminuição de 9,8% em 2016, para 9,1% em 2018. 

Mesmo assim, ainda é maior que o dobro da taxa de analfabetismo entre brancos da mesma idade. 

Esse dado pode indicar um menor acesso da população negra à educação básica ou  mesmo que esse grupo está exposto a um sistema educacional de qualidade inferior, se comparado aos brancos. 

As desigualdade social entre homens e mulheres no Brasil

A questão de gênero também sustenta a desigualdade social e é um obstáculo ao desenvolvimento. 

No Brasil, a remuneração das mulheres é menor se comparada aos homens em cargos semelhantes. 

Mesmo apresentando maiores índices de escolaridade, em 2017, as mulheres ganhavam 24% a menos que os homens. 

De acordo com o IBGE, elas recebiam em média R$ 1.879 enquanto  para os os homens essa média era de R$ 2.469. 

O desemprego também é maior entre as mulheres. 

Nesse mesmo ano, o índice de desemprego entre elas era de 13,4% contra 10,5% entre os homens. 

Se adicionarmos o componente racial, observamos que o desemprego entre as mulheres negras foi de 9,2% em 2014 para 15,9% em 2017. 

Já entre as mulheres brancas, nesse mesmo período o desemprego aumentou de 6,2% para 10,6%. 

Relacionando com Sociologia: Karl Marx fala sobre desigualdade social

Se por um lado a posição liberal prega que as forças do mercado, funcionando de maneira eficiente, é a melhor maneira para garantir melhores condições de vida para a sociedade como um todo, mesmo dos mais desfavorecidos, o pensamento marxista coloca que apenas por meia das lutas sociais e políticas é possível atingir melhores níveis de distribuição de renda.

De acordo com Marx, é da lógica do sistema capitalista acentuar continuamente a diferença entre ricos e pobres, uma vez que seu modo de produção é baseado em uma relação de forças desiguais – capitalistas e proletários. 

Nesse sentido, a distribuição da riqueza em uma sociedade está correlacionada com o regime de produção. O capitalista investe em meios de produção físicos e na contratação de trabalhadores para no final do ciclo produtivo terminar com uma quantidade maior de riqueza do que investiu. 

Portanto dizemos que o capitalista compra para vender, sempre visando o lucro. 

Do outro lado, o trabalhador vende para comprar, ou seja, vende sua força de trabalho para poder comprar bens de subsistência. 

Karl Marx percebe essa relação de produção como a causa da incessante centralização de renda nas mãos de poucos indivíduos. 

O sistema impõe que o capitalista vise sempre investir, expandindo sua produção para que não seja engolido pela concorrência: ocorre a chamada acumulação de capital. 

Entretanto, verifica-se que o avanço dessa acumulação faz com que a demanda por máquinas e insumos seja cada vez maior do que a demanda por força de trabalho. Esse processo tem como consequência maiores lucros para a classe capitalista e uma população trabalhadora supérflua, o conhecido exército de reserva. 

Por fim, o grande contingente de desempregados funciona como um poderoso instrumento de exploração ao permitir o capitalista pressionar os salários para um nível inferior.

Percebe-se, portanto, que a desigualdade social das economias capitalistas é resultado de uma relação social de produção, na qual a classe capitalista se apropria sistematicamente de maior parte da riqueza produzida. 

A acumulação de riqueza em um pólo é ao mesmo tempo acumulação de miséria no outro.

A desigualdade social tem solução? 

Como vimos, a crescente desigualdade social é um entrave ao desenvolvimento econômico e social e assola tanto os países mais ricos, quanto os mais pobres. 

Um problema tão complexo como este não têm soluções simples. 

Assim, um grande pacto social é necessário para a diminuição desse fenômeno e isso inclui medidas para promover oportunidades iguais, combate à pobreza, taxação e distribuição das grandes riquezas e principalmente investimento social em educação, saúde, segurança, habitação e cultura. 

O combate a desigualdade social é um compromisso global que passa pelo fortalecimento e pela defesa dos direitos humanos, dos movimentos sociais e dos estados.

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