Você já ouviu falar de Joaquim José da Silva Xavier? Não?! Deve ser porque muito provavelmente você o conhece por Tiradentes.
Em 1788, foi organizado o movimento intitulado “movimento dos inconfidentes”, foi neste que Tiradentes ficou nacionalmente conhecido.
Hoje considerado Patrono da Nação Brasileira, Tiradentes e seu grupo buscaram quebrar com a soberania da coroa portuguesa e trazer a liberdade a Minas Gerais já que a coroa era detentora de boa parte dos bens produzidos em Minas.
Foram inspirados por ideias iluministas e o projeto somente não foi concluído por traição de um dos participantes do movimento.
Biografia de Tiradentes
Filho do fazendeiro português Domingos da Silva Santos e da brasileira Antônia da Encarnação Xavier, Joaquim José da Silva Xavier nasceu em Minas Gerais, no município de Ritápolis, em 12 de novembro de 1746.
Como filho de pequenos fazendeiros, Joaquim – que ficará conhecido mais tarde como Tiradentes – nunca teve grandes necessidades em sua infância, o que era comum para uma grande parte de população da época.
Em 1756, com o falecimento de sua mãe, abre-se o inventário da família, constatando que na Fazenda de Pombal – local onde Tiradentes nasceu – tinha até o momento 35 escravos que trabalhavam nas mais diversas funções, como cozinha, engenho e mineração.
O que dava a família certo prestígio e “poder” na região.
Mas em 1755, Joaquim mudou-se com seu pai e seus 6 irmãos (Catharina, Antônia Rita, Domingos, Antônio, Maria Victória e José) para Vila de São José, onde falece seu pai, dois anos após a morte de sua mãe.
Viu-se órfão aos 11 anos, ao lado de seus irmãos, que ficaram sob responsabilidade de Sebastião Ferreira Leitão, padrinho de Joaquim e cirurgião dentista.
Em consequência da morte de seus pais, os irmãos perdem rapidamente as propriedades e os escravos por má administração e dívidas.
Joaquim não chegou a fazer os estudos normais, não frequentou escolas.
Exerceu ao longo de sua vida diversas profissões, começando por ambulante, condutor de animais transportadores de mercadorias, minerador e também aprendeu o ofício de dentista com o padrinho, desse ofício veio o então apelido, Tiradentes, como seria conhecido e reconhecido.
Mais tarde virou sócio de uma loja de medicamentos de assistência a pobreza em ponte do Rosário, Vila Rica, por isso, dedicou-se ao ofício de farmacêutico e atrelado a isso também ao exercício da profissão de dentista.
Trabalhou também para o governo, por conta dos conhecimentos adquiridos como minerador, Tiradentes foi técnico em reconhecimento de terrenos e exploração de recursos.
Em 1775 entrou para o Exército, por ser descendente de português, ingressou já com cargo de oficial (como alferes da cavalaria).
Foi nomeado comandante de Patrulha do Caminho Novo em 1781, o projeto de estradas em que ligava Minas Gerais ao Rio de Janeiro, que tinha como finalidade levar a toda a produção de ouro e diamantes de Minas ao Rio com destino a Portugal.
O cargo era diretamente ligado e subordinado a coroa portuguesa.
Teve sucesso no seu trabalho, pois conseguiu prender um famoso grupo de ladrões de ouro naquela época.
A partir dessa época, Tiradentes viu pouco futuro na profissão, além de começar a discordar dos companheiros de trabalho e dos moradores da Vila por questões políticas, já que Tiradentes, embora não fosse um estudioso, se interessava por assuntos sociais e políticos.
Um dos maiores marcos para ele foi a independência dos Estados Unidos, em 1776, o que o levava a acreditar que era possível também no Brasil. Em 1787 pediu demissão do serviço militar e seguiu para o Rio de Janeiro, onde tentaria uma vida nova.
Chegando no Rio, Tiradentes procurou exercer trabalhos próximos do que ele já tinha feito em Minas.
Projetou a canalização dos rios do Maracanã e Andaraí, com intuito de melhorar o abastecimento de água na região – mas sem êxito no projeto, que não foi financiado pelo governo –, além da construção de armazéns no cais para guardar e proteger mercadorias advindas do porto.
Tiradentes permaneceu na cidade do Rio por um ano.
O escritor Joaquim Manual de Macedo em sua crônica Memórias da rua do Ouvidor (1882) revela que Tiradentes teve em sua passagem pelo Rio um romance com uma dona de casa de pasto, conhecida como Perpétua Mineira, romance o qual durou cerca de dois anos, mesmo após Tiradentes voltar para Minas.
Em 1788, quando retornou a Minas Gerais, por influência de seus estudos, como mencionamos anteriormente, começou a pregar a liberdade e independência de Minas e do Brasil.
Quem foi Tiradentes
Entendeu quem foi Tiradentes, ou quer que desenhe? Confira abaixo o nosso resumão desenhado e super visual para você entender tudinho:
Tiradentes e a inconfidência mineira
Tiradentes passou a integrar um movimento juntamente com integrantes da elite mineira e do clero, que também buscavam a revolução, tais como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Padre Carlos Correia de Toledo e Melo.
A primeira reunião do grupo que buscava a independência ocorreu na casa do tenente-coronel Paula Freire, em 1788 para que realizassem os planos no seguinte ano.
De forma geral, eles lutavam pela liberdade do Brasil e pelo fim do governo português. Tiradentes era um desses caras, que buscavam:
- Liberdade definitiva;
- Implantação de um governo republicano;
- Independência das regiões de Minas Gerais;
- Aplicação do livre comércio e criação de universidades.
Em 1789 em função da queda da receita governamental, por conta da decadência da atividade mineradora, a coroa resolveu aplicar a derrama – projeto fiscal para assegurar o teto de dinheiro (cem arrobas) anual da arrecadação –, permitindo uma cobrança de impostos e obrigando os mineradores a “cederem” todos os seus bens a coroa, caso o teto não fosse mantido, afetando diretamente as elites.
Tal feito foi capaz quitar as dívidas mineiras, mas também provocou uma grande insatisfação da elite, pois mesmo depois da queda da exploração do ouro, os impostos continuavam a ser cobrados (cerca de 20% do total extraído), o que fez juntar-se ainda mais a Tiradentes buscando essa liberdade.
O grupo, que ficou conhecido depois como “movimento dos inconfidentes” tramava assassinar o Visconde de Barbacena, o qual foi nomeado governador pela coroa portuguesa.
Inspirados por ideias iluministas – que tinham como principal crítica o poder absoluto dos reis, a sociedade estamental, o mercantilismo e o monopólio da igreja católica – conspiraram contra todo esse monopólio da coroa aderido pelo Visconde, embora não tivessem a intenção de libertar os escravos, tendo em vista que boa parte dos inconfidentes eram detentores, marcaram um levante em 1789 por conta da derrama.
Tiradentes foi considerado um dos mais radicais do grupo.
Características da inconfidência mineira
De forma resumida, esse movimento tinha as seguintes características:
- Elitista, ou seja, com participação de escritores e poetas;
- Manutenção da escravidão;
- Ideal republicano;
Tiradentes foi traído
Mesmo um ano tramando contra a coroa e o então governo, o plano dos inconfidentes falhou por traição de três dos companheiros.
Em 15 de março de 1789, antes mesmo do ato, Silvério dos Reis, Basílio de Brito e Inácio Correia denunciaram o grupo, em troca do abatimento de suas dívidas.
O Visconde, sabendo de todo o plano enviou Silvério para apresentar-se ao vice-rei no Rio de Janeiro, que abriu a investigação.
Tiradentes, que estava numa viagem ao Rio, recolheu-se na casa de Domingo Fernandes da Cruz, conhecido de Alvarenga Peixoto. Silvério logo descobriu onde Tiradentes estava escondido pois foi procurado por Inácio de Lima.
Silvério logo denunciou ao vice-rei que Inácio sabia onde estava Tiradentes, que foi apresentado no dia seguinte ao palácio, onde foi obrigado a entregar o paradeiro do amigo.
Todos os integrantes do grupo foram detidos e a investigação prosseguiu.
Todos os integrantes, exceto Tiradentes, negaram as conspirações, mas todos foram presos e condenados – alguns pena de morte, outros de prisão perpétua e diversas condenações.
Tiradentes em seu interrogatório assumiu toda a responsabilidade e confessou todo o plano, por conta disso recebeu a maior pena. O processo só teve fim em 1792, três anos depois da delação.
A morte trágica de Tiradentes por enforcamento
Tiradentes foi condenado a forca. No Rio, em 21 de abril de 1792, percorreu até a praça da Lampadosa, hoje conhecida como Praça Tiradentes, foi enforcado e teve seu corpo foi esquartejado.
Com o seu próprio sangue foi lavrada a certidão em que estava a sua sentença, declarando infames sua memória e de seus descendentes.
Os pedaços de seu corpo foram jogados ao longo do Caminho Novo e nos principais pontos em que ele costumava pregar e sua cabeça foi erguida num poste e exposta na praça de Vila Rica. Foi roubada e nunca a acharam.
A morte de Tiradentes foi usada para expor e exaltar o poder da coroa e servir de exemplos para que tais atitudes não se repetissem.
Homenagens e curiosidades sobre Tiradentes
A independência da república ocorreu só em 1822, mas foi a partir dela que pensaram em começar a homenagear Tiradentes como herói nacional.
Em 1867 foi homenageado com um monumento em Vila Rica/Ouro Preto.
Foi homenageado ainda em forma de pintura por Pedro Américo, no quadro intitulado “Tiradentes esquartejado”, em 1893. Já em 1965, foi quando o presidente Castelo Branco tornou o dia de sua morte, 21 de abril, feriado nacional.
A lei foi sancionada em 9 de dezembro e Tiradentes foi tornado Patrono da Nação Brasileira. Desde então Tiradentes vem sendo estudado e faz parte da cultura brasileira.
Além disso, Tiradentes recebeu e ainda recebe uma série de homenagens, como no carnaval, pela Império Serrano com o samba Exaltação a Tiradentes, em diversos filmes, como Inconfidência mineira (1948), Os inconfidentes (1972), Tiradentes, o Mártir da Independência (1976), Tiradentes (1999), entre outros.
Uma das maiores dessas homenagens advém de Minas, onde um município foi intitulado Tiradentes e em Ouro Preto – outro município do estado – tem sua principal praça chamada Tiradentes. Além da já mencionada Praça Tiradentes, no Centro do Rio de Janeiro.
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