Exclusivo para alunos

Bem-vindo ao Descomplica

Quer assistir este, e todo conteúdo do Descomplica para se preparar para o Enem e outros vestibulares?

Saber mais

Contexto de época

A professora Amara Moira fala sobre a Semana de Arte Moderna. Confira!

Precedentes

"Paranoia ou mistificação?"

A realização da Semana

Repercussão

Antecedentes da “revolução” estética

No início do século XX, apesar de algumas inovações dos pré-modernos, a literatura brasileira ainda bebia nas fontes da tradição e do purismo das tendências clássicas, na essência e na linguagem, principalmente com consonância com a linha parnasiana. Novas proposições estéticas eram raras e a arte brasileira estava atrasada em relação aos movimentos das Vanguardas Europeias.

A mudança urgia, para que a arte do Brasil não ficasse para trás. Intelectuais brasileiros que tiveram contato com ideias vanguardistas pretendiam realizar uma mudança drástica, mas encontraram grandes obstáculos entre os tradicionalistas acadêmicos da arte. O jornalista Oswald de Andrade, que regressou da Europa em 1912, foi um dos pioneiros a divulgar, através da imprensa paulista, os ideais de renovação artística. “Nós não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não queremos”, afirmava Andrade: jovens escritores se organizaram para agredir o tradicionalismo do qual a Academia Brasileira de Letras era representante. As ideias de atualização e renovação começaram a circular no ambiente artístico e, em janeiro de 1921, O Correio Paulistano publicou um texto de Menotti Del Pecchia no qual se expunham as novas diretrizes do novo grupo de escritores.


A Semana de Arte Moderna

A Semana de Arte moderna foi uma agressiva reação contra a monotonia sufocante das convenções que regiam as artes — pintura, escultura, literatura, música. Ela serviu para que artistas se unissem em prol de uma mesma causa, encorajando a cada um a ousar mais, a pensar criativa e independentemente.

Nos dias 13, 15 e 17 de Fevereiro de 1922, realizou-se, no Teatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna, organizada por Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Paulo Prado, Graça Aranha, Menotti del Pechia, Di Cavalcanti, Ronald Carvalho, entre outros escritores, músicos e pintores.

A Semana de Arte Moderna, apesar de ter sofrido duras críticas, obteve êxito e atingiu seus objetivos:

  • divulgar os ideais de uma nova geração de artistas que lutava pela renovação da arte brasileira, rejeitando o tradicionalismo e as convenções antiquadas;
  • impulsionar decisivamente a atualização da cultura no Brasil;
  • levar o país ao alinhamento com as novas coordenadas culturais, políticas e socioeconômicas da nova era: o mundo moderno — técnica, mecanização e velocidade.

Revistas e Manifestos Brasileiros

A propagação dos princípios estéticos e a difusão das propostas de renovação artísticas, que foram apresentados na Semana de Arte moderna, serviram de alicerce consistente para a incorporação do modernismo no Brasil. Por meio de revistas e manifestos, grupos de diversos estados brasileiros aderiram às novas ideias do fazer artístico.

  • Revista Klaxon (1922) - publicação do grupo paulista da Semana de Arte Moderna, contou com nove edições contendo artigos críticos, anúncios, gravuras, crônicas, etc. Klaxon é uma palavra de origem francesa e significa buzina.
  • Manifesto da poesia Pau-Brasil (1924): organizada pelo grupo Pau-Brasil (Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Alcântara Machado, Raul Blopp e Mário Andrade), defendeu o apego ao que era simples, ao primitivismo e a crítica ao nacionalismo ufanista. A obra mais famosa dessa corrente foi o livro Pau-Brasil,  de Oswald de Andrade.
  • Revista Belo Horizonte (1925): teve apenas três publicações (de julho de 1925 a janeiro de 1926). Seu objetivo era deixar os mineiros atualizados acerca das novas tendências. Era organizada por Carlos Drummond de Andrade e colaboradores.
  • Grupo Verde-Amarelo (1925): composto por Menotti del Picchia, Plínio Salgado, Guilherme de Almeida, e Cassiano Ricardo. Fazia oposição ao grupo Pau-Brasil. Acreditavam num nacionalismo primitivo de tendência ufanista. Em 1929, transformou-se em grupo Anta. a obra mais representativa dessa corrente é Martim Cererê, livro de Cassiano Ricardo.
  • Manifesto Regionalista (1926): organizado pelo grupo de Recife sob o comando de Gilberto Freire. Foi apresentado no primeiro Congresso Brasileiro de Regionalismo, em Recife.
  • Revista Festa (1927) - Publicada no Rio de Janeiro e organizada por Tasso da Silveira, Murilo Araújo, Gilka Machado, Cecília Meireles e Murilo Mendes. Rompeu com o radicalismo precursor do Modernismo e apresentava pensamentos católicos, adaptados às temáticas modernas mais moderadas e com forte carga espiritualista. Publicações em prosa e verso. 
  • Manifesto Antropofágico (1928): Foi a proposta mais radical, que propunha devorar, culturalmente, as ideias e técnicas importadas e reinventá-las com autonomia a fim de que se pensasse em uma arte tipicamente brasileira: transformar o importado em exportável. Foi lançado por Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Raul Blopp.

As Vanguardas Europeias

Como vimos há algumas aulas, as vanguardas europeias representam uma gama de movimentos artísticos e literários que modificaram toda a forma de produção de arte. Iniciaram no final do século XIX, perdurando até a metade do século XX. Vamos relembrar algumas das principais correntes:

  • Futurismo: Exaltação da vida moderna, culto da máquina e da velocidade; vida urbana agitada por causa do trabalho, o elogio da guerra é visto como única higiene possível para o mundo; desprezo pelo passado e destruição dos meios tradicionais de expressão literária; defesa da autonomia de expressão: palavras em liberdade, verso totalmente livre; preferência pela síntese e desconstrução da sintaxe tradicional; desprezo pela arte clássica.
  • Expressionismo: abandono do conceito clássico de beleza; Inquietação religiosa e social; deformação do real em nome da expressividade e aumento da subjetividade; valorização do eu artístico; Excesso de metáforas, vocabulário sugestivo.
  • Cubismo: Começa na França, em 1907, com a pintura de Picasso; objetivava sugerir a coisa retratada a partir de todos os seus ângulos possíveis; aspecto fracionado para a representação do real; Destruição da perspectiva natural para a sua recriação geométrica; na literatura: linguagem seca, recortada, angular, rápida.
  • Dadaísmo: Terrorismo cultural; deboche, escárnio, humor grosseiro, niilismo (redução de tudo ao nada); “dadá” não possui significado; destruição do presente, do passado, da sociedade; negação de tudo, pois nada tem serventia, tentativa de abolir o futuro e a lógica; apologia do absurdo e do incoerente; antiarte; antiliteratura.
  • Espiritonovismo: fidelidade ao dever, à ordem; proposta de uma arte construtiva dentro de um novo espírito estético; bom-senso herdado dos classicistas; surpresa ao recriar as coisas tradicionais com uma visão moderna.
  • Surrealismo: tentativa de elaborar uma nova cultura; método de escrita automática, sem preocupações com a ordem, ilógica; liberdade de criação; o onírico é exaltado: no inconsciente, real e irreal, lógico e ilógico coexistem perfeitamente; humor negro; anticonvencionalismo como forma de reagir contra a realidade. Principais artistas: Salvador Dali e Frida Kahlo.