Introdução
Auguste Comte
Durkheim
Weber
Karl Marx
Auguste Comte
O filósofo francês Augusto Comte (1798 – 1857) é considerado um dos fundadores da Sociologia e o pai de uma corrente de pensamento denominada de positivismo. Essa corrente de pensamento defendia, em grande medida, a aplicação de métodos científicos baseados na experimentação como única forma de proporcionar um conhecimento verdadeiro sobre a sociedade. Assim, Comte se esforça por delimitar o campo de estudo da Sociologia, tendo sido influenciado profundamente por acontecimentos históricos de sua época, como a Revolução Francesa e a Revolução Industrial.
Comte observou esse processo de formação dos grandes centros urbanos, podendo refletir sobre fenômenos sociais absolutamente novos que surgiram em razão das modificações ocorridas na sociedade europeia da época. De acordo com a teoria de Comte, o estudo da sociedade deve ser tão rigoroso quanto, por exemplo, o estudo empreendido pelas ciências naturais. Assim, a ciência da sociedade deve ser rigorosa, baseando-se sempre na experimentação a fim de explicar corretamente os fenômenos sociais.
Nos seus primeiros escritos, Comte já esboçava formar uma nova ciência, a Sociologia, que recebeu inicialmente o nome de Física Social. O objetivo primeiro de Comte com sua recém-criada área do conhecimento não era apenas interpretar os fenômenos sociais e as transformações abruptas observadas em seu tempo, ele pretendia criar uma ciência capaz de produzir soluções para os problemas sociais que causavam o mal-estar das revoluções, principalmente a Revolução Industrial, que teve como consequência imediata a explosão demográfica, o desemprego, a miséria, a violência e o acirramento da desigualdade social. A partir de um método científico afinado com o praticado nas ciências da natureza, Comte acreditava que seria possível encontrar as leis que regiam o funcionamento da sociedade e assim a ajustar. Essa visão da dinâmica social é fruto da visão de Comte sobre o que homem havia criado de mais profundo e organizado, a observação e o trabalho científico. Essa corrente de pensamento recebe o nome de positivismo.
Émile Durkheim
Tal como Comte e todo os demais grandes nomes da sociologia, Émile Durkheim destacou-se pela explicação que desenvolveu para a origem da sociedade capitalista moderna. Diferente, porém, de seu predecessor, que via no surgimento da sociedade moderna a passagem de um estado metafísico, dominado por explicações filosóficas, para um estado positivo, dominado por explicações científicas, Durkheim via na passagem das sociedades tradicionais para a Modernidade acima de tudo uma mudança na solidariedade social, isto é, no mecanismo de coesão e unidade da sociedade.
Fortemente influenciado pelas ciências naturais - seu modelo de pensamento -, o sociólogo francês afirmava que as virtudes principais de um pesquisador social são a neutralidade e a objetividade. Na prática, isto significa que um sociólogo jamais deve permitir que os seus valores pessoais ou a sua visão de mundo interfiram no seu trabalho. Sua análise deve ser meramente descritiva, nunca avaliativa, concentrada apenas em compreender a sociedade que está pesquisando, não em julgá-la ou classificá-la.
Em busca de leis gerais que regessem o funcionamento da sociedade, ele elaborou um novo paradigma epistemológico. Como podemos observar, o foco de Durkheim na estrutura da sociedade era pensar o que a mantinha unida. Essa coesão social era o que gerava a solidariedade em cada modelo social. Mas, como observamos, a coesão dos modelos estudados tem diferentes origens, ou não? Aprofundando um pouco mais o pensamento do autor, podemos elencar como gerador dessa coesão o consenso em torno das regras assumidas como fundamentais pelo grupo social para manter a sociedade de pé. Ou seja, independente de por semelhança ou interdependência, o que promove a coesão social é a adesão às normas, regras e valores sociais compartilhados pelo grupo. Essas regras, normas e valores, a partir da adesão grupal, formam um padrão de comportamento. Veja, se todos nós seguimos determinada regra, ela será repetida por todos nós, ela configurará um padrão de comportamento. Esse padrão social de comportamento é o foco principal do estudo de Durkheim. Ele considerava que o sociólogo deve, tal como o físico e o químico, buscar por padrões de regularidade, que, no caso dele, seriam os fatos sociais. Os fatos sociais são justamente as regras ou normas coletivas que acabam se impondo de maneira coercitiva aos indivíduos, um conjunto de instrumentos sociais que determinam as maneiras de agir, pensar e sentir na vida de um indivíduo inserido socialmente. Esse conjunto de dispositivos existe independente da vontade e existência das pessoas. Podemos, então, listar três elementos característicos dos fatos sociais segundo Durkheim: Eles são exteriores ao indivíduo, eles são coercitivos e são gerais. Sua exterioridade pode ser explicada na medida em que não está no poder do indivíduo modificar, através meramente de sua vontade, as regras sociais às quais está submetido. Eles são coercitivos porque há punições e sanções para aqueles que não obedecem às regras. Os padrões possuem poder ou força. Por fim, eles são gerais no sentido de que devem ser observados por todos aqueles que fazem parte de certo grupo social. Alcançam toda a sociedade.
Max Weber
Max Weber (1864 – 1920) foi um sociólogo, economista e historiador alemão, um dos fundadores da Sociologia, juntamente com os outros dois sociólogos clássicos, Émile Durkheim (1858 – 1917) e Karl Marx (1818 – 1883). Diferentemente de Durkheim, que defendia o método comparativo, e do materialismo dialético de Marx, Weber desenvolveu um método de análise sociológica que ficou conhecido como método compreensivo, que se tornou a segunda vertente do método sociológico, tendo surgido na Alemanha.
Weber defende que os fenômenos sociais exigem a formulação de um método próprio, distinto daquele utilizado pelas Ciências Naturais. Enquanto as Ciências da Natureza explicam os fenômenos a partir da regularidade que apresentam, as Ciências Sociais devem compreender as manifestações que ocorrem dentro de uma sociedade. Isso só é possível, segundo Weber, através da análise dos sentidos atribuídos pelos indivíduos à sua vida e à sua maneira de agir no âmbito da cultura da qual faz parte.
Do ponto de vista do objeto, segundo Weber, a única coisa que pode ser, de fato, observada dentro de uma sociedade são os indivíduos, a maneira como agem e como eles compreendem suas próprias ações. A sociologia tem como tarefa fazer a descrição desses comportamentos, assim como interpretá-los. A unidade mínima da análise sociológica, portanto, são os indivíduos, e eles praticam ações sociais que estão baseadas na tradição, nos afetos ou na razão, o que nos remete a tese de Weber de que há quatro tipos fundamentais de ações sociais que explicam as causas dos fenômenos que observamos nas sociedades, são elas: ações tradicionais, ações afetivas, ações racionais orientadas para valores e ações racionais orientadas a fins.
Antes de apresentar os tipos ideais de ações sociais, é necessário definir ação social. O tipo ideal de ação social é qualquer ação orientada a outra pessoa. São ações que levam em consideração alguém, que tem somo sentido um outro indivíduo (ou vários), ou uma ação em que resta uma expectativa. Normalmente essas ações ocorrem no interior de relações sociais, que são comportamentos em que os indivíduos são um a referência do outro para guiar suas ações, ou compartilham a referência de sentido que os orienta. Há na relação social a noção de reciprocidade e compartilhamento, e a rede de relações sociais é que forma a sociedade.
As ações tradicionais são aquelas ações que se fundamentadas em hábitos ou costumes da tradição. Por exemplo: Quando saímos de casa e nos dizem “Bom dia!” e respondemos também com um “Bom dia!”, trata-se de uma ação social baseada no hábito, independentemente, por exemplo, de ser ou não, efetivamente, um bom dia. Trata-se de uma forma de agir consolidada através do costume.
Já as ações afetivas são aquelas motivadas pelo estado emocional do indivíduo e não por conta da busca por atingir qualquer fim. Por exemplo: Sair correndo ao receber uma ótima notícia. É importante ressaltar que, para Weber, os tipos de ação não definem a realidade, mas o contrário. Essas classificações servem para identificar ações sociais e buscar o sentido dessas ações, mas é perfeitamente possível que uma ação social seja tradicional e afetiva, como almoçar à mesa no domingo com a família pode ser ao mesmo tempo um hábito e uma possibilidade de estar com quem se gosta.
As ações racionais orientadas a valores são ações que se fundamentam nos valores dos indivíduos que as praticam, ou seja, é quando os indivíduos agem levando em conta os seus princípios, independentemente das consequências que essas ações possam ter. Não é o fim que orienta ação, mas sim o valor, seja ele estético, ético, político, etc.… Por exemplo: No futebol quando um jogador faz uma jogada bonita ou dá um drible em seu adversário, apenas pela beleza da jogada. Ou quando uma categoria faz uma manifestação para cobrar melhores condições de trabalho, mesmo sabendo que pode acabar sofrendo represália.
Por fim, temos as ações racionais orientadas a fins, que são aquelas ações que praticamos por fazermos um cálculo racional para que possamos alcançar um certo fim que desejamos. Por exemplo: Se desejo me tornar um músico, devo estabelecer os meios através dos quais posso atingir o meu objetivo, a minha finalidade, que no caso é ser músico. Assim como no caso dos que buscam ser aprovados para um curso de nível superior, eles devem organizar suas ações no intuito de atingir aquele objetivo. Qual será a melhor alternativa para atingir o meu objetivo? Quando fazemos essa pergunta e orientamos nossas ações de maneira racional a fim de atingir um objetivo, estamos praticando ações racionais orientadas a fins.
Karl Marx
Diferente da grande maioria dos filósofos que o precederam, Marx não acreditava que o principal objetivo da filosofia era explicar a realidade, mas sim transformá-la. Por isso seu pensamento é chamado de filosofia da práxis (“práxis”, em grego, significa “ação”). Um dos grandes teóricos do socialismo científico, Marx acreditava que o objetivo supremo da autêntica filosofia é fornecer os conhecimentos necessários para a realização da revolução social.
“Até agora os filósofos se preocuparam em interpretar o mundo de maneiras diferentes. O que importa, porém, é transformá-lo” (11ª Tese contra Feuerbach)
Tese central de toda a filosofia marxista, o materialismo histórico consiste na afirmação de que todos os elementos da vida de uma sociedade se reduzem, em última análise, às suas condições materiais. Em outras palavras, para Marx, toda sociedade humana se explica, no fim das contas, por sua estrutura econômica, pelo modo como é organizado seu sistema produtivo. Assim, todos os fenômenos sociais de uma dada civilização, como a arte, a política, a religião, a cultura, a medicina, o direito, o vestuário, etc., seriam tão somente reflexos, diretos ou indiretos, do modo de produção vigente em tal sociedade. Sendo o trabalho a atividade mais fundamental do homem, já que ligada à sua própria sobrevivência, também a economia, que é a organização do trabalho em sociedade, seria a atividade mais básica do corpo social. Não à toa, Marx é tachado como um pensador economicista
“O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu de fio condutor aos meus estudos, pode resumir-se assim: na produção social da sua vida, os homens contraem determinadas relações necessárias e independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada fase de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. O conjuntoestrutura dessas relações de produção forma a econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta a superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência” (Prefácio para a Crítica da Economia Política)