Você já estudou Romantismo - Poesia - 2ª e 3ª Geração? Então, não perca a aula ao vivo sobre Romantismo porque o professor Diogo Mendes estará te esperando para te ensinar tudo o que você precisa para mandar muito bem no ENEM! Confira os horários e baixe o material de apoio aqui no post 😀
Literatura: Romantismo - Poesia - 2ª e 3ª GeraçãoSEXTA-FEIRA 15/05Turma da Noite: 19:45 às 20:45, com o professor Diogo Mendes.SEXTA-FEIRA 22/05Turma da Manhã: 10:15 às 11:15, com o professor Diogo Mendes.
Faça download do material de apoio! É só clicar aqui embaixo :)
MATERIAL DE AULA AO VIVO
Texto IÉ ela! É ela! É ela! É ela!É ela! é ela! — murmurei tremendo,e o eco ao longe murmurou — é ela!Eu a vi... minha fada aérea e pura —a minha lavadeira na janela.Dessas águas furtadas onde eu moroeu a vejo estendendo no telhadoos vestidos de chita, as saias brancas;eu a vejo e suspiro enamorado!Esta noite eu ousei mais atrevido,nas telhas que estalavam nos meus passos,ir espiar seu venturoso sono,vê-la mais bela de Morfeu nos braços!Como dormia! que profundo sono!...Tinha na mão o ferro do engomado...Como roncava maviosa e pura!...Quase caí na rua desmaiado!Afastei a janela, entrei medroso...Palpitava-lhe o seio adormecido...Fui beijá-la... roubei do seio delaum bilhete que estava ali metido...Oh! decerto... (pensei) é doce páginaonde a alma derramou gentis amores;são versos dela... que amanhã decertoela me enviará cheios de flores...Tremi de febre! Venturosa folha!Quem pousasse contigo neste seio!Como Otelo beijando a sua esposa,eu beijei-a a tremer de devaneio...É ela! é ela! — repeti tremendo;mas cantou nesse instante uma coruja...Abri cioso a página secreta...Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja!Mas se Werther morreu por ver CarlotaDando pão com manteiga às criancinhas,Se achou-a assim tão bela... eu mais te adoroSonhando-te a lavar as camisinhas!É ela! é ela, meu amor, minh'alma,A Laura, a Beatriz que o céu revela...É ela! é ela! — murmurei tremendo,E o eco ao longe suspirou — é ela!(Álvares de Azevedo)
Texto IINamoro a cavaloEu moro em Catumbi. Mas a desgraçaQue rege minha vida malfadada,Pôs lá no fim da rua do CateteA minha Dulcineia namorada.Alugo (três mil-réis) por uma tardeUm cavalo de trote (que esparrela!)Só para erguer meus olhos suspirandoÀ minha namorada na janela...Todo o meu ordenado vai-se em floresE em lindas folhas de papel bordado,Onde eu escrevo trêmulo, amoroso,Algum verso bonito... mas furtado.Morro pela menina, junto delaNem ouso suspirar de acanhamento...Se ela quisesse eu acabava a históriaComo toda a Comédia em casamento...Ontem tinha chovido... Que desgraça!Eu ia a trote inglês ardendo em chama,Mas lá vai senão quando uma carroçaMinhas roupas tafuis encheu de lama...Eu não desanimei. Se Dom QuixoteNo Rocinante erguendo a larga espadaNunca voltou de medo, eu, mais valente,Fui mesmo sujo ver a namorada...Mas eis que no passar pelo sobrado,Onde habita nas lojas minha bela,Por ver-me tão lodoso ela irritadaBateu-me sobre as ventas a janela...O cavalo ignorante de namorosEntre dentes tomou a bofetada,Arrepia-se, pula, e dá-me um tomboCom pernas para o ar, sobre a calçada...Dei ao diabo os namoros. EscovadoMeu chapéu que sofrera no pagode,Dei de pernas corrido e cabisbaixoE berrando de raiva como um bode.Circunstância agravante. A calça inglesaRasgou-se no cair de meio a meio,O sangue pelas ventas me corriaEm paga do amoroso devaneio!..(Álvares de Azevedo)
Texto IIINavio negreiro (fragmento)Parte IVEra um sonho dantesco… O tombadilhoQue das luzernas avermelha o brilho,Em sangue a se banhar.Tinir de ferros… estalar do açoite…Legiões de homens negros como a noite,Horrendos a dançar…Negras mulheres, suspendendo às tetasMagras crianças, cujas bocas pretasRega o sangue das mães:Outras, moças… mas nuas, espantadas,No turbilhão de espectros arrastadas,Em ânsia e mágoa vãs.E ri-se a orquestra, irônica, estridente…E da ronda fantástica a serpenteFaz doudas espirais…Se o velho arqueja… se no chão resvala,Ouvem-se gritos… o chicote estala.E voam mais e mais…Presa nos elos de uma só cadeia,A multidão faminta cambaleia,E chora e dança ali!Um de raiva delira, outro enlouquece…Outro, que de martírios embrutece,Cantando geme e ri…No entanto o capitão manda a manobraE após, fitando o céu que se desdobraTão puro sobre o mar,Diz do fumo entre os densos nevoeiros:“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!Fazei-os mais dançar!…”E ri-se a orquestra irônica, estridente…E da roda fantástica a serpenteFaz doudas espirais!Qual num sonho dantesco as sombras voam…Gritos, ais, maldições, preces ressoam!E ri-se Satanás! …(Castro Alves)
Texto IVAdormecidaUma noite, eu me lembro... Ela dormiaNuma rede encostada molemente...Quase aberto o roupão... solto o cabeloE o pé descalço do tapete rente.'Stava aberta a janela. Um cheiro agresteExalavam as silvas da campina...E ao longe, num pedaço do horizonte,Via-se a noite plácida e divina.De um jasmineiro os galhos encurvados,Indiscretos entravam pela sala,E de leve oscilando ao tom das auras,Iam na face trêmulos — beijá-la.Era um quadro celeste!... A cada afagoMesmo em sonhos a moça estremecia...Quando ela serenava... a flor beijava-a...Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...Dir-se-ia que naquele doce instanteBrincavam duas cândidas crianças...A brisa, que agitava as folhas verdes,Fazia-lhe ondear as negras tranças!E o ramo ora chegava ora afastava-se...Mas quando a via despeitada a meio,Pra não zangá-la... sacudia alegreUma chuva de pétalas no seio...Eu, fitando esta cena, repetiaNaquela noite lânguida e sentida:"Ó flor! - tu és a virgem das campinas!"Virgem! - tu és a flor de minha vida!..."(Castro Alves)
Texto VBoa noiteBoa noite, Maria! Eu vou-me embora.A lua nas janelas bate em cheio...Boa noite, Maria! É tarde... é tarde...Não me apertes assim contra teu seio.Boa noite!... E tu dizes – Boa noite.Mas não digas assim por entre beijos...Mas não me digas descobrindo o peito,– Mar de amor onde vagam meus desejos.Julieta do céu! Ouve.. a calhandrajá rumoreja o canto da matina.Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira......Quem cantou foi teu hálito, divina!Se a estrela-d'alva os derradeiros raiosDerrama nos jardins do Capuleto,Eu direi, me esquecendo d'alvorada:"É noite ainda em teu cabelo preto..."É noite ainda! Brilha na cambraia– Desmanchado o roupão, a espádua nua –o globo de teu peito entre os arminhosComo entre as névoas se balouça a lua...É noite, pois! Durmamos, Julieta!Recende a alcova ao trescalar das flores,Fechemos sobre nós estas cortinas...– São as asas do arcanjo dos amores.A frouxa luz da alabastrina lâmpadaLambe voluptuosa os teus contornos...Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinosAo doudo afago de meus lábios mornos.Mulher do meu amor! Quando aos meus beijosTreme tua alma, como a lira ao vento,Das teclas de teu seio que harmonias,Que escalas de suspiros, bebo atento!Ai! Canta a cavatina do delírio,Ri, suspira, soluça, anseia e chora...Marion! Marion!... É noite ainda.Que importa os raios de uma nova aurora?!...Como um negro e sombrio firmamento,Sobre mim desenrola teu cabelo...E deixa-me dormir balbuciando:– Boa noite! –, formosa Consuelo...(Castro Alves)
1. O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”, do poeta romântico Castro Alves:Oh! eu quero viver, beber perfumesNa flor silvestre, que embalsama os ares;Ver minh'alma adejar pelo infinito,Qual branca vela n'amplidão dos mares.No seio da mulher há tanto aroma...Nos seus beijos de fogo há tanta vida...– Árabe errante, vou dormir à tardeÀ sombra fresca da palmeira erguida.Mas uma voz responde-me sombria:Terás o sono sob a lájea fria.ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.
Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude.A imagem da morte aparece na palavraa) embalsama.b) infinito.c) amplidão.d) dormir.e) sono.LISTA DE EXERCÍCIOS
1. Leia o fragmento do poema apresentado a seguir.Spleen e charutosISolidão[…]As árvores prateiam-se na praia,Qual de uma fada os mágicos retiros...Ó lua, as doces brisas que sussurramCoam dos lábios teus como suspiros!Falando ao coração que nota aéreaDeste céu, destas águas se desata?Canta assim algum gênio adormecidoDas ondas moças no lençol de prata?Minh'alma tenebrosa se entristece,É muda como sala mortuária...Deito-me só e triste, sem ter fomeVejo na mesa a ceia solitária.Ó lua, ó lua bela dos amores,Se tu és moça e tens um peito amigo,Não me deixes assim dormir solteiro,À meia-noite vem cear comigo!(AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. In: Obra completa. Organização de Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 232.)
Fenômeno recorrente na estética romântica, o processo de adjetivação permite ao eu lírico, no poema transcrito,a) intensificar sua tristeza, ressaltando uma perspectiva pessimista da vida.b) demarcar sua individualidade, expressando seu estado de espírito.c) detalhar suas intenções amorosas, nomeando seus sentimentos.d) descrever as coisas circundantes, apresentando uma visão objetiva da realidade.e) revelar um sentimento platônico, enumerando as qualidades da amada.2. Senhor Deus dos desgraçados!Dizer-me vós, senhor Deus!Se é loucura... se é verdadeTanto horror perante os céus...Ó mar! Por que não apagasCom a esponja de tuas vagasDe teu manto esse borrão?...Astros! Noites! Tempestades!Rolai das imensidades!Varrei os mares, tufão!
(Castro Alves)
No Romantismo brasileiro, podemos reconhecer três gerações poéticas, com traços peculiares a cada uma, mas distintos entre si. Assim sendo: o que torna a obra de Castro Alves diferente da de poetas como Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu e Álvares de Azevedo, nesse contexto romântico?3. Vinte anos! derramei-os gota a gotaNum abismo de dor e esquecimento...De fogosas visões nutri meu peito...Vinte anos!... não vivi um só momento!Eu sonhei tanto amor, tantas venturas,Tantas noites de febre e d’esperançaMas hoje o coração desbota, esfria,E do peito no túmulo descansa!(Álvares de Azevedo)
Boa noite, Maria! E eu vou-me embora,A lua nas janelas bate em cheio.Boa noite, Maria! É tarde... é tarde...Não me apertes assim contra teu seio.Boa noite!... E tu me dizes – Boa noite.Mas não digas assim por entre beijos...Mas não me digas descobrindo o peito,Mar de amor onde vagam meus desejos.(Castro Alves)
Embora os fragmentos acima sejam de autores que pertencem ao mesmo estilo literário, a concepção da mulher amada e a abordagem do sentimento de amor divergem. Explique a afirmativa anterior.4. Os três amoresIMinh’alma é como a fronte sonhadoraDo louco bardo, que Ferrara chora…Sou Tasso!… a primavera de teus risosDe minha vida as solidões enflora…Longe de ti eu bebo os teus perfumes,Sigo na terra de teu passo os lumes…Tu és Eleonora…IIMeu coração desmaia pensativo,Cismando em tua rosa predileta.Sou teu pálido amante vaporoso,Sou teu Romeu… teu lânguido poeta!…Sonho-te às vezes virgem… seminua…Roubo-te um casto beijo à luz da lua…E tu és Julieta…IIINa volúpia das noites andaluzasO sangue ardente em minhas veias rola…Sou D. Juan!… Donzelas amorosas,Vós conheceis-me os trenos na viola!Sobre o leito do amor teu seio brilha…Eu morro, se desfaço-te a mantilha…Tu és Júlia, a Espanhola!…(Castro Alves)
As mulheres, em "Os três amores", são nomeadas e associadas às múltiplas faces do sujeito lírico: para Tasso, existe Eleonora; para Romeu, Julieta; para Don Juan, Júlia. A fragmentação da mulher ideal e as várias imagens associadas à figura do eu-lírico indicam que o poeta:a) cria ideais femininos inalcançáveis por se sentir incapaz de conquistá-los.b) centraliza sua atenção em uma única e casta mulher, assim como o enamorado Romeu.c) conquista mulheres exóticas, encontrando seu par perfeito em Júlia, a Espanhola.d) sonha com tipos de beleza nacional que escapem ao padrão estético europeu.e) pluraliza a figura feminina, na tentativa de atingir, através da multiplicidade, o ideal romântico do amor.Gabarito1. B2. Castro Alves é um poeta engajado em causas sociais como a do Abolicionismo, por exemplo. Sua poesia caracteriza-se pelo tom oratório, distinto do intimismo dos poetas de segunda geração, como Casimiro de Abreu e Álvares de Azevedo. Não é nacionalista como Gonçalves Dias, autor da primeira geração romântica. Também apresenta uma visão mais sensual e realista do amor, demonstrando, por vezes, um erotismo claro, diferente da sensualidade reprimida de Álvares de Azevedo e do platonismo amoroso de Gonçalves Dias.3. No primeiro fragmento, pertencente à segunda geração romântica, temos o sentimento amoroso apresentado como causador de sofrimento. O eu lírico mostra-se agonizante, infeliz, graças às ilusões amorosas que teve. O amor e a mulher amada pertencem ao domínio do sonho, do delírio. No segundo fragmento, pertencente à terceira geração, o amor é realizado, e a figura feminina possui existência concreta: o eu lírico encontra-se no leito de sua amante, que o a aperta contra seu seio, pedindo-lhe para ficar. O amor, aqui erotizado, é mais real que no primeiro fragmento.4. D