Saiba tudo sobre funções da linguagem com este resumo!
A linguagem, como se sabe, estabelece comunicação entre os indivíduos, criando situações comunicativas. O processo comunicativo é formado por seis elementos:
- Emissor ou destinador: alguém que emite a mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo, uma empresa, uma instituição.
- Receptor ou destinatário: a quem se destina a mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo ou mesmo um animal, como um cão, por exemplo.
- Código: a maneira pela qual a mensagem se organiza. O código é formado por um conjunto de sinais, organizados de acordo com determinadas regras, em que cada um dos elementos tem significado em relação com os demais. Pode ser a língua, oral ou escrita, gestos, código Morse, sons etc. O código deve ser de conhecimento de ambos os envolvidos: emissor e destinatário.
- Canal de comunicação: meio físico ou virtual, que assegura a circulação da mensagem, como, por exemplo, ondas sonoras, no caso da voz. O canal deve garantir o contato entre emissor e receptor.
- Mensagem: é o objeto da comunicação, constituída pelo conteúdo das informações transmitidas.
- Referente: o contexto ao qual a mensagem se refere. O contexto pode se constituir na situação, nas circunstâncias de espaço e tempo em que se encontra o destinador da mensagem. Pode também dizer respeito aos aspectos do mundo textual da mensagem.
Quando se processa a comunicação, um ou mais desses elementos ficam em evidência, dependendo da intenção depreendida no contexto. Nesse sentido, quando o interlocutor dá ênfase a um desses elementos básicos da comunicação no processo comunicativo com o outro, afirma-se que há um determinado objetivo.
A comunicação pode existir para pedir informação sobre a localização de uma rua, para falar sobre sentimentos ou para convencer alguém da sua opinião, por exemplo. Assim, é preciso lembrar sempre que as situações comunicativas assumem funções, objetivos diferentes, dependendo do contexto em que estão inseridas – ou seja, cada uma tem suas características específicas.
Esses objetivos focalizam elementos da comunicação distintos e vão determinar as funções da linguagem em cada ato comunicativo. Confira as seguintes funções da linguagem:
Função emotiva
Dentre as funções da linguagem, a função emotiva é concentrada no emissor da mensagem e tem o objetivo de expressar os sentimentos, as emoções, as opiniões de quem constrói, passar a informação. Algumas características são normalmente encontradas nos textos com essa função:
- Linguagem expressiva
- Uso da primeira pessoa gramatical
- Uso de adjetivações
- Interjeições
- Alguns sinais de pontuação, como as reticências e o ponto de exclamação
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Função apelativa/conativa
A linguagem assume a função apelativa quando a intenção do emissor da mensagem é convencer, persuadir, envolver o destinatário da mensagem. O objetivo é, portanto, influenciar o comportamento do destinatário e, por isso, o foco da mensagem está nesse elemento da comunicação. Como exemplo, tem-se os textos publicitários, que têm por base esse tipo de função. Algumas marcas gramaticais podem ser utilizadas nesse tipo de função, como:
- Presença de vocativo
- Uso de segunda pessoa do discurso
- Uso de verbos no imperativo
- Interlocução
Função referencial
A função referencial tem como objetivo transmitir uma mensagem, informar o conteúdo de forma clara e objetiva ao receptor. Por isso, é muito utilizada nos textos informativos de jornais e revistas. Nesses textos, alguns aspectos gramaticais são comuns, como:
- Uso da terceira pessoa do discurso
- Opção pelo sentido denotativo
- Uso de linguagem clara e precisa
Função fática
A linguagem assume função fática quando se preocupa em manter contato entre o emissor e o interlocutor. O objetivo desta é testar o canal para iniciar, prolongar ou terminar o processo comunicativo. Além disso, possui também a intenção de manter um ambiente de relacionamento amistoso e favorável. Os cumprimentos, como o “alô” e o “tchau” ao telefone, são exemplos dessa função da linguagem.
Função metalinguística
Esta função refere-se à metalinguagem, que ocorre quando o emissor explica um código usando o próprio código. O foco, portanto, é o código. Os dicionários são exemplos dela, já que tem-se a língua portuguesa como código explicando o seu próprio uso.
Função poética
Tem-se a função poética da linguagem quando se percebe que a atenção do emissor da mensagem está voltada não apenas para o conteúdo, mas também para sua construção, para sua formulação. Trata-se da utilização da língua para produzir mensagens que chamem a atenção do leitor ou do ouvinte pela forma como estão construídas. O foco nesta função é, portanto, a mensagem. A seleção vocabular, a arrumação, o jogo de palavras, o ritmo e as figuras de linguagem marcam essa função. Muitas poesias e ditados populares apresentam, de maneira marcante, essa preocupação formal, e, por isso, podem ser tomados como exemplos também.
Exercícios
1. (ENEM 2010)
A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações.
DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Predomina no texto a função da linguagem
a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia.
b) fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação.
c) poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem.
d) conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor.
e) referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais.
2) (UERJ 2010)
Não-coisa
Ferreira Gullar
O que o poeta quer dizer
no discurso não cabe
e se o diz é pra saber
o que ainda não sabe.
Uma fruta uma flor
um odor que relume…
Como dizer o sabor,
seu clarão seu perfume?
Como enfim traduzir
na lógica do ouvido
o que na coisa é coisa
e que não tem sentido?
A linguagem dispõe
de conceitos, de nomes
mas o gosto da fruta
só o sabes se a comes
só o sabes no corpo
o sabor que assimilas
e que na boca é festa
de saliva e papilas
invadindo-te inteiro
tal do mar o marulho
e que a fala submerge
e reduz a um barulho,
um tumulto de vozes
de gozos, de espasmos,
vertiginoso e pleno
como são os orgasmos
No entanto, o poeta
desafia o impossível
e tenta no poema
dizer o indizível:
subverte a sintaxe
implode a fala, ousa
incutir na linguagem
densidade de coisa
sem permitir, porém,
que perca a transparência
já que a coisa ë fechada
à humana consciência.
O que o poeta faz
mais do que mencioná-la
é torná-la aparência
pura — e iluminá-la.
Toda coisa tem peso:
uma noite em seu centro.
O poema é uma coisa
que não tem nada dentro,
a não ser o ressoar
de uma imprecisa voz
que não quer se apagar
— essa voz somos nós.
Cadernos de literatura brasileira. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 1998
A primeira estrofe expõe ideias no campo da metalinguagem, já que apresenta concepções acerca da própria linguagem poética. Os versos que mais se aproximam dessas ideias são:
a) Uma fruta uma flor / um odor que relume…
b) sem permitir, porém, / que perca a transparência
c) é torná-la aparência / pura – e iluminá-la.
d) Toda coisa tem peso: / uma noite em seu centro.
3) (ENEM 2009)
Canção do vento e da minha vida
O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
[…]
O vento varria os sonhos
E varria as amizades…
O vento varria as mulheres…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos…
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967.
Predomina no texto a função da linguagem
a) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação.
b) metalinguística, porque há explicação do significado das expressões.
c) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação.
d) referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos reais.
e) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura do texto.
4) (UERJ 2012)
No último parágrafo (linhas 33 a 35), o autor se refere à plenitude da linguagem poética, fazendo, em seguida, uma descrição que corresponde à linguagem não poética, ou seja, à linguagem referencial.
Pela descrição apresentada, a linguagem referencial teria, em sua origem, o seguinte traço fundamental:
a) o desgaste da intuição
b) a dissolução da memória
c) a fragmentação da experiência
d) o enfraquecimento da percepção
5) (ENEM 2009)
Os principais recursos utilizados para envolvimento e adesão do leitor à campanha institucional incluem
a) o emprego de enumeração de itens e apresentação de títulos expressivos.
b) o uso de orações subordinadas condicionais e temporais.
c) o emprego de pronomes como “você” e “sua” e o uso do imperativo.
d) a construção de figuras metafóricas e o uso de repetição.
e) o fornecimento de número de telefone gratuito para contato.
GABARITO
1) E
2) C
3) E 4) C
5) C
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