O que o Facebook, o Google, a Netflix e a Apple têm em comum? Além de serem empresas totalmente ligadas à tecnologia, todas elas estão localizadas no chamado Vale do Silício.
O Vale do Silício é uma região na Califórnia, Estados Unidos, que abriga diversas empresas de alta tecnologia, voltadas principalmente para a produção de eletrônicos e tecnologia de informática.
A região é conhecida como Vale do Silício pois o elemento químico Silício (Si) é a matéria-prima para a produção de chips eletrônicos, microprocessadores e microcomputadores, sendo, portanto a principal base da tecnologia desenvolvida nessas empresas.
As fronteiras do Vale do Silício não são bem definidas e a região abriga diversas cidades no Estado da Califórnia, entre elas, Palo Alto, San José, Cupertino, Fremont, Los Altos, Santa Clara, Newark, Sunnyvale, Los Gatos, Union City, etc.
Espalhadas pela região, encontram-se as sedes das maiores empresas de tecnologia e informação como Google, Facebook, Apple, Yahoo!, Microsoft, HP, Intel, Adobe, Oracle e muitas outras. Trata-se, assim, de um grande polo industrial e empresarial: o maior centro de inovação tecnológica do mundo.
Como surgiu o Vale do Silício?
Alguns historiadores indicam que o surgimento do Vale do Silício remonta ao início do século XX, quando a região se destacou em termos de inovação, desenvolvendo tecnologias ligadas ao rádio, televisão e ao setor militar.
Entretanto, a região efetivamente se consolidou como polo tecnológico a partir de 1950, no contexto do final da Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria.
A expressão em inglês Silicon Valley (Vale do Silício) foi utilizada pela primeira vez em 1971, pelo jornalista Don Hoefler, em uma série de artigos escritos para o jornal Eletronic News.
Ele se referia a perspectiva de centralidade dessa região da Califórnia, em virtude das promissoras indústrias e empresas que ali se estabeleciam e que utilizavam o Silício como principal matéria prima para a produção de novas tecnologias.
Em um esforço combinado entre pesquisadores e cientistas das universidades locais, sobretudo da Universidade de Stanford, um grande grupo de engenheiros e devido a financiamentos ligados ao Departamento de Defesa dos Estado Unidos, o Vale do Silício se firmou como o maior centro de inovação e tecnologia do mundo.
Vale do Silício: um polo tecnológico
A atual fase do capitalismo, denominada pelo geógrafo Milton Santos como o meio técnico-científico-informacional, representa a intensificação da união entre a ciência e a técnica em favor do mercado. Trata-se de um novo paradigma de acumulação capitalista, que se consolida a partir dos anos 1970, e que diz respeito a um adensamento entre o saber e o fazer.
Tal estrutura de organização envolve diversos agentes, entre eles, as universidades, o Estado, o capital financeiro e as empresas privadas. Essa estrutura espacial é denominada tecnopolo, isto é, a especialização de determinada região no setor da alta tecnologia.
Vale destacar, que este fenômeno, antes restrito aos países centrais, hoje se expande, com diferentes intensidades, para países periféricos, reorganizando toda a estrutura produtiva a nível mundial.
Essa forma de organização da produção capitalista está intimamente relacionada à globalização. De forma contraditória, o desenvolvimento dessas redes de tecnologia, ao mesmo tempo que são fundamentais para a intensificação dos fluxos, típicos da globalização, não deixam de ser também a fragmentação daquela localidade, em virtude de sua especialização neste setor de alta tecnologia.
De qualquer maneira, os tecnopolos simbolizam a revolução tecnológica moderna e os Estados Unidos, como centro do capitalismo, são protagonistas no processo de reestruturação produtiva.
O Vale do Silício, antes uma área ocupada por fazendas, sítios e pomares, em algumas décadas se transformou em uma grande área industrial de serviços e habitações. Em pouco mais de 20 anos, só na cidade de Santa Clara, mais de 500 mil empregos foram criados: uma força de trabalho altamente qualificada se consolidou por todo o Vale do Silício.
As universidades são uma das principais bases da eficiência dos tecnopolos. Atualmente, ao definir onde vão se instalar, as empresas buscam estar próximas de centros de pesquisa, para estar lado a lado das inovações técnicas e científicas. No Vale do Silício, a Universidade de Stanford cumpre esse papel. Em seu entorno um grande parque científico se desenvolveu, atraindo as maiores empresas de tecnologia do mundo.
Vale do Silício: uma região de contrastes
Ainda que comporte as maiores empresas do ramo de tecnologia e inovação a moderna região do Vale do Silício é marcada por velhos problemas sociais e urbanos:
1. Alto custo de vida: se o Vale do Silício fosse um país, ele seria o segundo país mais rico do mundo, atrás somente do Qatar. Considerando a região metropolitana das cidades de San José, Santa Clara e Sunnyvale, o PIB per capita na região é de US$128 mil.
Entretanto, o custo de vida é tão alto que o aluguel de um apartamento comum chega a aproximadamente 3 mil dólares. O custo de vida é o mais alto dos Estados Unidos e um terço da população local apresenta dificuldades de se sustentar.
A questão da moradia se apresenta como um grande problema. Muitos trabalhadores de menor renda têm optado por dormir em vans ou em seus carros, pois não conseguem arcar com os custos de uma casa própria.
2. Gentrificação: a questão do custo de vida e dos altos valores do mercado imobiliário resulta no fenômeno conhecido como gentrificação. A população local acaba expulsa de seus locais de moradia e se deslocado para outros locais nos Estados Unidos.
Os trabalhadores que não querem perder seu emprego, optam por viver nas periferias ou em outras cidades e perdem horas por dia no intenso trânsito da região.
3. Desigualdade social: antes de se tornar esse polo de tecnologia, a região do Vale do Silício era ocupada por um modesta classe média. Com o tempo, esse cenário foi mudando e a região é moradia de uma grande elite mundial, o que resulta na intensificação das desigualdades sociais.
Profissionais liberais como professores, bombeiros e policiais não conseguem se manter devido ao aumento do custo de vida. De acordo com uma pesquisa feita de Silicon Valley Index, em 2018, a média de pagamentos chegou a 140 mil dólares, mas essa renda se manteve extremamente concentrada.
Existe uma intensa desigualdade de renda entre os profissionais da tecnologia e o resto da população local.
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