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#Resumão: O Cortiço, de Aluísio Azevedo

Já leu essa grande obra da literatura brasileira para o seu vestibular? Ela é cobrada na Unicamp! Vem que a gente te conta os detalhes mais importantes!

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Nesse resumo, trataremos de uma obra muito importante para a literatura brasileira: O Cortiço, de Aluísio Azevedo. Como já não bastasse a crítica social da sociedade brasileira do séc XIX que a obra retrata, também devemos acrescentar que é bastante cobrada nos vestibulares.

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Vamos entender melhor sobre ela? Falaremos sobre as personagens, o enredo, e, principalmente, sobre como as teses naturalistas – a animalização e o determinismo – explicam o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça e do momento histórico.

Resumo

João Romão era um português que herdou de seu patrão o estabelecimento onde trabalhara até os 25 anos. Desde então, se dedicou obsessivamente ao trabalho com a finalidade de enriquecer. Para isso, explorava seus empregados, inclusive companheira e “ex-escrava” Bertoleza, e utilizava-se até mesmo do roubo. Ele se tornou o proprietário tanto do cortiço como da pedreira que ficava ao fundo do terreno. Ao longo do tempo, aumentou sua renda e passou a investir também em outros negócios, como a bodega em que seus funcionários almoçavam.

Em oposição a João Romão, surge  Miranda, um comerciante de tecidos que possui condição social mais elevada e também é português. No início de “O Cortiço”, os dois disputam espaço, mas, aos poucos, percebem interesses comuns. Miranda tem acesso à alta sociedade, posição que é almejada por João Romão. Este, por sua vez, tem fortuna, cobiçada por Miranda que vive à custa de sua esposa. Para consolidar essa aliança, é planejado o casamento entre João e Zulmira, filha de Miranda.

Para que João pudesse se casar com Zulmira, precisava se livrar de Bertoleza. No momento em que se uniram, João garantiu a Bertoleza que havia comprado sua alforria e que ela poderia viver livre. Porém, tudo não passava de uma mentira e João devolve a “escrava” aos seus antigos donos. No entanto, relutando contra isso, Bertoleza comete suicídio com uma faca, numa cena que tem tudo a ver com os primores naturalistas.

No cortiço moravam os demais personagens de “O Cortiço”. Jerônimo, um imigrante também português, assume a gerência da pedreira de João e passa a viver no cortiço com a esposa Piedade e a filhinha. A princípio era um homem de honestidade, força e nobreza louvável. No entanto, em um curto espaço de tempo, é seduzido por Rita Baiana e muda completamente de comportamento. Mata Firmo, antigo companheiro da mulher, por ciúmes. Abandona a família e vai morar com a nova amante. Entra num processo de decadência física e moral, assim como Rita. Mais um exemplo da má influência do meio sobre o homem.

Um último acontecimento na história realiza  a vontade  de João Romão enriquecer a qualquer custo. Um incêndio destrói boa parte do cortiço e todos acharam que ali seria a falência do português, mas João se aproveita da situação para reconstruir uma versão melhorada da estalagem. A reforma é tão efetiva que o cortiço atrai a atenção de classes mais abastadas. Essa cena do livro fala diretamente com a corrente científica evolucionismo, em que as espécies evoluem ao longo do tempo.

Considerações

O Cortiço é considerado o melhor representante do movimento naturalista brasileiro. As principais características do Naturalismo seriam a animalização das personagens e, consequentemente, a ação baseada em instintos, tais como os sexuais e os de sobrevivência. Outra característica muito forte do naturalismo no livro é o determinismo, corrente científica que diz que o homem é o produto do meio. Justamente o próprio cortiço, protagonista da história, é descrito pelas suas ações humanas e dita o destino de todos os outros personagens, tamanha é a sua influência na vidas das pessoas que vivem nele.

Por fim, a obra apresenta duas linhas de conduta: uma que trata das questões sociais e outra que trata das questões individualistas. Sendo João Romão o principal representante da primeira, pois consegue enriquecer apesar das condições degradantes em que vive. E Jerônimo da segunda, pois cede à atração sexual por Rita Baiana e adota todos os vícios da nova companheira, tornando-se um malandro bem diferente do homem virtuoso que conhecemos no começo da história.

Exercícios

1. (ITA) Leia as proposições acerca de O Cortiço.

I. Constantemente, as personagens sofrem zoomorfização, isto é, a animalização do comportamento humano, respeitando os preceitos da literatura naturalista.

II. A visão patológica do comportamento sexual é trabalhada por meio do rebaixamento das relações, do adultério, do lesbianismo, da prostituição etc.

III. O meio adquire enorme importância no enredo, uma vez que determina o comportamento de todas as personagens, anulando o livre-arbítrio.

IV. O estilo de Aluísio Azevedo, dentro de O Cortiço, confirma o que se percebe também no conjunto de sua obra: o talento para retratar agrupamentos humanos.

Está(ão) correta(s):

a) todas.

b) apenas I.

c) apenas I e II.

d) apenas I, II e III.

e) apenas III e IV.

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2. (UFV-MG) Leia o texto abaixo, retirado de O Cortiço, e faça o que se pede:

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.

Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo.

[…].

O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sangüínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 15. ed. São Paulo: Ática, 1984. p. 28-29.

Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma possível leitura do fragmento citado:

a) No texto, o narrador enfatiza a força do coletivo. Todo o cortiço é apresentado como um personagem que, aos poucos, acorda como uma colméia humana.

b) O texto apresenta um dinamismo descritivo, ao enfatizar os elementos visuais, olfativos e auditivos.

c) O discurso naturalista de Aluísio Azevedo enfatiza nos personagens de O Cortiço o aspecto animalesco, “rasteiro” do ser humano, mas também a sua vitalidade e energia naturais, oriundas do prazer de existir.

d) Através da descrição do despertar do cortiço, o narrador apresenta os elementos introspectivos dos personagens, procurando criar correspondências entre o mundo físico e o metafísico.

e) Observa-se, no discurso de Aluísio Azevedo, pela constante utilização de metáforas e sinestesias, uma preocupação em apresentar elementos descritivos que comprovem a sua tese determinista.

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3. (UNIFESP) A questão a seguir baseia-se no seguinte fragmento do romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913):

O cortiço

Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo. Homens e mulheres corriam de cá para lá com os tarecos ao ombro, numa balbúrdia de doidos. O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.

Os sinos da vizinhança começaram a badalar.

E tudo era um clamor.

A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.

Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada, que abateu rapidamente, sepultando a louca num montão de brasas.

(Aluísio Azevedo. O cortiço)

Em O cortiço, o caráter naturalista da obra faz com que o narrador se posicione em terceira pessoa, onisciente e onipresente, preocupado em oferecer uma visão crítico-analítica dos fatos. A sugestão de que o narrador é testemunha pessoal e muito próxima dos acontecimentos narrados aparece de modo mais direto e explícito em:

a) Fechou-se um entra-e-sai de marimbondos defronte daquelas cem casinhas ameaçadas pelo fogo.

b) Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas.

c) Da casa do Barão saíam clamores apopléticos…

d) A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa.

e) Ia atirar-se cá para fora, quando se ouviu estalar o madeiramento da casa incendiada…

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GABARITO

  1. A
  2. D
  3. E

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