Estamos aqui para te ajudar a ir bem na redação do Enem! Então, confira abaixo um tema e uma proposta de redação, com a coletânea de textos para você treinar a sua escrita e garantir uma boa nota do vestibular!
TEXTO I
“Por mais que a gente se considere cabeça aberta, a nova série do GNT, Amores Livres, causa alguma perturbação, pois ela arromba (com delicadeza) o quartinho dos fundos onde armazenamos nossas convicções e nos apresenta um mundo com o qual a gente pouco convive: o da liberalidade absoluta. Os puritanos rangerão os dentes e apontarão o dedo, denunciando: é imoral! Não é. É amoral. Outra história.
O sujeito imoral está em desacordo com as regras de conduta. Age contra princípios éticos (caso do médico especialista em fertilização que foi condenado por estupro de pacientes, por exemplo). Já o amoral é destituído de senso moral. Não é contra nem a favor de nada. Cria as próprias regras sem querer provocar ninguém.
Amores Livres, no meu entender, é amoral – o que eleva a discussão, não fica na dicotomia entre certo e errado. No primeiro episódio, apresentou a relação amorosa de um homem e duas mulheres que formam um trio fiel entre si: eles estão fechados num arranjo particular. Não é fácil. São criticados pelos amigos. Desprezados pela família. Mas é assim que se sentem plenos, realizando seus desejos a três.
Se não é fácil para eles, que assim escolheram viver, para nós, adeptos das relações convencionais, é ainda mais embaraçoso. Nossas fantasias secretas estão ali, sendo experimentadas a céu aberto por pessoas que vivem no bairro vizinho, com quem cruzamos diariamente no supermercado. Não há como não se impressionar com o desprendimento deles ao abrirem sua experiência num programa de televisão – que, diga-se, não é trash. As entrevistas são conduzidas por João Jardim, cineasta sensível e mestre em documentários. Me senti grata por permitirem que eu espiasse pelo buraco da fechadura e conhecesse de perto a intimidade de desconhecidos e sua coragem em desafiar conceitos monogâmicos.
Tive uma amiga que viveu essa experiência. Ela já faleceu e nunca conversamos abertamente sobre esse assunto, o que hoje lamento. Ela sabia que a situação me desestabilizava. Eu ficava dividida entre o espanto e a admiração: o preconceito me atormentava de um lado, mas a autenticidade dela me comovia. Assistindo a Amores Livres, desejei muito que ela estivesse viva para assistir a esse programa que, de certa forma, ajudaria a fazê-la se sentir menos excluída e que me incentivaria a tocar no assunto a fim de entender sua escolha. Porque é para isso que servem esses projetos ousados: para conversarmos a respeito e ampliar as fronteiras da compreensão.
Hoje à noite irá ao ar o segundo episódio. Agarre-se nos braços da poltrona e mantenha as mãos controladas, sem apontar dedos. Disponha-se a aceitar que o que parece devasso pode ser apenas a manifestação de uma pureza extrema.”
Amores livres. MEDEIROS, Martha. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/08/martha-medeiros-amores-livres- 4822719.html>
TEXTO II
“Todo mundo sabe
Deve ser verdade
Andaram grafitando pelos muros da cidade
Que o amor é uma oportunidade
Não importa cor, credo, sexo ou idade”
Sócio do amor. SANTOS, Lulu. Disponível em: http://www.vagalume.com.br/lulu-santos/socio-do-amor.html
TEXTO III
“Se é verdade que a paixão predomina na forma como entendemos a experiência de amar e sermos amados, é igualmente verdade que aprendemos este modelo e o tomamos como “a única e significativa expressão do amor”. Mas nem sempre foi assim. Os gregos antigos, por exemplo, tão ciosos que eram de sua dignidade própria e tão amantes da razão, detestavam a paixão. Nutriam por ela intenso desprezo.
O indivíduo apaixonado estava em pathos – palavra grega que fez brotar os conceitos de “paixão” e é também a raiz de “patologia” (e, claro, isso não é mera coincidência!). Ao apaixonado, restavam os regimes de afrodisia: as dietas, terapias do sono e uma série de outros procedimentos cujo objetivo era “desapaixonar” o sujeito para que, assim, ele se tornasse capaz de amar melhor. Ou seja: um grego antigo ficaria arrepiado de terror só de ouvir uma de nossas músicas, hoje em dia. Canções que falam de sofrimento, desespero, “não posso viver sem você”, “sem você minha vida acabou”, “o ciúme me corrói a alma” etc., tudo isso seria o fim da picada para um cidadão grego.
O cristianismo, na medida em que se instaurou como cultura dominante, resgatou a nossa capacidade de sofrer. Passamos a não precisar mais manter a pose custe o que custasse. O cristianismo nos autorizou: você pode admitir que sofre! E, note, não estou me referindo ao cristianismo em seu aspecto religioso, estou me referindo ao aspecto cultural. Mesmo que você não partilhe da fé cristã, você foi criado numa cultura cristã e, deste modo, valores como “piedade”, “admitir o que se sente”, “rejeitar a vingança” e tantos outros fazem parte de sua vida.
E não há, aqui, nenhum juízo de valor do tipo “os gregos estavam certos”, ou “o cristianismo estava certo”. O que me chama a atenção é outra coisa: vivemos numa sociedade libertária o suficiente para experimentarmos diferentes faces do amor, sem sermos publicamente censurados por isso. Há uma cobrança coletiva, é claro, em torno da paixão: as músicas cantam isso, as novelas fazem sucesso quando exploram a paixão. Mas se você quiser seguir sua vida a partir do modelo grego do amor, se pautando na amizade, você poderá. Se você quiser ter relações abertas, você poderá. Se você quiser amar o sexo oposto ou o mesmo sexo, você poderá. Vivemos tempos interessantes, no qual um considerável grau de liberdade é a marca. Esta liberdade, evidentemente, demanda responsabilidade: somos responsáveis uns pelos outros, e o limite da satisfação de nosso desejo é o consentimento do outro, o que se configura como regra inegociável.
Se você vive uma grande paixão, estilo “novela”, você pode e não precisa se sentir doente ou culpado(a). Se você tem uma amizade especial, na qual o que predomina é a admiração intelectual com uma pitada de sexo, ótimo! O fundamental é descobrir qual é o seu jeito de viver o amor, de verdade, sem ter que seguir modelos obrigatórios. Às vezes, descobrir isso é o trabalho de toda uma vida!”
Liberdade para viver o amor do seu jeito. DODSWORTH, Alexey. Disponível em: <http://www.personare.com.br/liberdade-para-viver-o-amor-do-seu-jeito-m3584>
Os textos apresentados falam sobre a diversidade encontrada nas relações amorosas. Sendo um retrato da sociedade moderna e do cotidiano das pessoas, nada melhor do que uma crônica para ilustrar essas questões.
Pensando nisso, construa uma pequena crônica abordando as diferentes visões do amor nos dias de hoje. Para tal, crie personagens e um enredo crítico sobre o tema.
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