A sintaxe é a parte da gramática que se ocupa das relações entre as palavras na oração e das orações no período.
Veja como o dicionário Aurélio define:
Sintaxe: [Do gr. Syntaxis, ‘ordem, disposição’, pelo lat. Syntaxe.] S.f. 1. Parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si e a correta construção gramatical.
A análise sintática
Analisar significa ‘decompor um todo em seus elementos constituintes’. A análise sintática consiste na decomposição do discurso e no estudo das relações existentes entre os elementos que o compõem. A análise sintática tem como objeto de estudo os enunciados linguísticos.
Antes de iniciar a análise sintática dos enunciados, é preciso ter bem claros os conceitos de frase, oração e período.
Frase, oração, período
Damos o nome de frase a todo enunciado de sentido completo e capaz de estabelecer comunicação.
– Fogo!
– Silêncio!
– Muito obrigado, minha senhora.
“A vida é a arte do encontro.” (Vinícius de Moraes)
“Você foi castigo que Deus me deu.” (Baden Powell e Paulo César Pinheiro)
Observe que as frases podem ser formadas tanto por uma única palavra quanto por várias, não sendo sequer obrigatória a presença do verbo. Desde que o enunciado tenha sentido completo, ele será uma frase.
As frases são sempre marcadas pela entoação. Na escrita, a entoação é representada pelos sinais de pontuação. A palavra fogo, quando emitida sem nenhuma expressividade, evidentemente não constituirá uma frase – será apenas um vocábulo.
Oração é o enunciado organizado em torno de um verbo.
“O importante é que a nossa emoção sobreviva.”
O enunciado acima apresenta duas orações:
“O importante é / que a nossa emoção sobreviva.”
O elemento básico da oração é um verbo (ou uma locução verbal). Não existe oração sem verbo, mas perceba que a oração não precisa ter sentido completo:
“O importante é…”
O enunciado acima é uma oração (porque possui verbo) mesmo não tendo sentido completo.
Período é a frase constituída por uma ou mais orações. O período pode ser:
- Simples – quando constituído por uma única oração.
“Madonna encena fantasias para o mundo.”
- Composto – quando constituído por mais de uma oração.
“Um homem subiu na mesa do bar e fez discursos para vereador.”
Os termos essenciais da oração: sujeito e predicado
Dissemos que o elemento básico da oração é o verbo. Mas é importante você saber que a Nomenclatura Gramatical Brasileira considera o sujeito e o predicado como os termos essenciais da oração.
Segundo essa classificação, não existe oração sem sujeito e predicado. Mas observe a frase abaixo:
“Choveu muito.”
Essa frase é uma oração que não possui sujeito!
Então podemos dizer que a nomenclatura é válida para a maioria das orações de nossa língua, mas não a todas, e que o termo que realmente define a oração é o verbo.
Pois bem: nas orações em que o sujeito está presente, você pode perceber que o sujeito e o predicado (os chamados termos essenciais) estão intimamente relacionados.
“Um homem subiu na mesa do bar.”
“Um homem” – elemento a respeito do qual se informa algo;
“subiu na mesa do bar” – a informação propriamente dita.
Na maioria das orações há dois elementos que se articulam: a informação, denominada predicado, e o elemento a respeito do qual se dá a informação, denominado sujeito.
Veja mais exemplos:
“Gasolina aumenta segunda-feira.”
Sujeito: Gasolina
Predicado: aumenta segunda-feira.
“As meninas do Leblon não olham mais pra mim.”
Sujeito: As meninas do Leblon
Predicado: não olham mais pra mim.
A partir dos exemplos acima, você pode constatar que:
- O sujeito sempre concorda com o verbo: sujeito singular, verbo no singular; sujeito no plural, verbo no plural.
- O sujeito pode ser formado por uma única palavra (gasolina), ou por várias palavras (as meninas do Leblon).
Caso o sujeito seja constituído por mais de uma palavra, aquela que tiver maior importância dentro da mensagem da oração (sempre um substantivo) será o núcleo do sujeito.
Os computadores japoneses invadem o mercado brasileiro.
O sujeito da oração acima é Os computadores japoneses. Mas qual a palavra em que se concentra a informação? É computadores – as demais palavras do sujeito servem para caracterizar o termo principal.
É também o núcleo do sujeito que estabelece a concordância com o verbo.
Tipos de sujeito
O sujeito pode ser:
- Simples – quando possui um único núcleo.
“Muitos jogadores brasileiros atuam na Europa.”
- Composto – quando possui mais de um núcleo.
“Jogadores e torcedores reclamaram da arbitragem.”
- Desinencial – quando não vem expresso na oração, mas pode ser facilmente identificado pela desinência do verbo.
(eu) × “Quero ficar no teu corpo feito tatuagem.”
- Indeterminado – quando não se quer (ou não se pode) identificar o sujeito:
(?) × “Vive-se bem melhor no interior.”
(?) × “Não revelaram o nome do vencedor.”
Em português, ocorre sujeito indeterminado se:
– o verbo estiver na terceira pessoa do plural sem referência a sujeito expresso na oração ou no contexto:
(?) × Telefonaram por engano para minha casa.
– o verbo estiver na terceira pessoa do singular acompanhado por se, o índice de indeterminação do sujeito.
(?) × Acredita-se na existência de políticos honestos.
- Inexistente (oração sem sujeito) – quando a informação contida no predicado não se refere a sujeito algum. Ocorre sujeito inexistente quando temos um verbo impessoal.
São verbos impessoais:
– fazer, ser, estar (quando indicam tempo cronológico ou clima.)
Ø × Faz dez meses que ele não aparece.
Ø × Já é uma hora da tarde.
Ø × Está quente em Teresina.
– verbos que indicam fenômenos meteorológicos (chover, amanhecer, nevar etc.)
Ø × Anoitece vagarosamente.
Ø × Chove muito em Ubatuba.
– verbo haver empregado em referência a tempo transcorrido ou no sentido de “existir”.
Ø × Há vários dias que ele não aparece.
Ø × Havia muitos torcedores no estádio.
– verbo ser em indicações de distância ou data.
Ø × Da minha casa até o centro são quinze quilômetros.
Observação importante: O verbo existir não é impessoal: ele terá sujeito presente na oração, com o qual deverá concordar.
“Existem muitos torcedores fanáticos.”
Núcleo do sujeito: torcedores.
Tipos de predicado
Como vimos, o predicado é tudo aquilo que se informa a respeito do sujeito; nele haverá obrigatoriamente a presença de um verbo.
Assim como o sujeito, o predicado também apresenta um núcleo, uma palavra em que se concentra a informação.
O núcleo do predicado pode ser um verbo significativo (que enuncia um fato, um processo), um nome (o predicativo, cuja função é informar alguma coisa a respeito do sujeito ou do complemento do verbo) ou ambos – verbo significativo e nome.
Com base nisso, podemos distinguir três tipos de predicados:
- Predicado verbal – aquele cujo núcleo da informação é um verbo de caráter significativo.
“Eles saíram de casa.”
“O juiz julgou o réu.”
- Predicado nominal – aquele cujo núcleo da informação é um nome, o predicativo. Nesse caso, o verbo não exprime um processo, funcionando tão somente como elo de ligação entre o sujeito e o predicativo, e por isso é chamado verbo de ligação.
“Eles estavam apressados.”
“O réu era culpado.”
- Predicado verbo-nominal – aquele que possui dois núcleos de informação. Um, o verbo de caráter significativo; outro, um nome (predicativo).
“Eles saíram de casa apressados.”
“O juiz julgou o réu culpado.”
Exercícios
1 – Nas orações: “Fiquei em casa” e “Necessita-se de ajuda” temos, respectivamente, sujeito:
a) Indeterminado e indeterminado.
b) Simples e simples.
c) Desinencial e indeterminado.
d) Simples e inexistente.
e) Indeterminado e inexistente.
2 – Em “Construiu-se a ponte”, o sujeito é:
a) Indeterminado.
b) Simples (se).
c) Inexistente.
d) Composto.
e) Simples (a ponte).
3 – Marque a única opção que não possui sujeito.
a) Os tomates caíram sobre ele.
b) Queixou-se da prova.
c) Havia saído o aluno.
d) Não existe essa possibilidade.
e) Neva muito na Europa.
Gabarito
1 – C)
Comentário: Em “Fiquei em casa”, percebe-se pela desinência número pessoal que refere-se ao pronome “Eu”, logo, o sujeito é desinencial; em “Necessita-se de ajuda”, não há a menção de quem necessita. Cabe lembrar que só ocorre sujeito paciente quando o verbo for transitivo direto, como em “Compram-se casas” = “Casas são compradas”.
2 – A)
Comentário: Apesar de termos o verbo transitivo direto “construir”, se invertermos a ordem da oração teremos “A ponte foi construída”, sendo “a ponte” agente da passiva. Quem praticou a ação, não se sabe. Logo, temos sujeito indeterminado.
3 – E)
Comentário: Em a temos “os tomates” como sujeito; em b temos o sujeito desinencial (Ele) queixou-se da prova; em c temos uma oração na ordem inversa “O aluno havia saído”, logo, o sujeito é “aluno”; ocorre o mesmo da opção anterior em d “Esta possibilidade não existe”, o sujeito é “Esta possibilidade”. A única opção onde não consta sujeito é a opção e, pois indica fenômeno da natureza.