A transição do Antigo Regime para uma sociedade liberal se iniciou na Europa durante o fim do século XVII e se estendeu para o Brasil, principalmente, no século de XIX.
Origens do Liberalismo
Podemos entender que as origens do liberalismo remetem ao momento em que as bases do Antigo Regime foram destruídas por um grande processo revolucionário. O liberalismo criticava principalmente a estrutura do Antigo Regime, baseada no absolutismo monárquico, no mercantilismo e na sociedade aristocrática de privilégios. Ou seja, podemos entender a doutrina liberal com um conjunto de ideias que se opunham ao intervencionismo do Estado na economia, poder absoluto dos reis, sociedade estratificada e baseada em privilégios.
O primeiro grande movimento revolucionário que se baseou em ideais liberais foram as Revoluções Inglesas do século XVII, composta pela a Revolução Puritana e a Revolução Gloriosa. A Inglaterra foi a pioneira no rompimento com o Antigo Regime e a adoção do liberalismo. Após essas revoluções, os ingleses estabeleceram uma monarquia parlamentarista, limitando o poder do rei e fortalecendo a burguesia. A partir desse momento, “o rei reinava, mas não governava”.
Durante as Revoluções Inglesas um nome se destacou, John Locke. Esse intelectual ficou conhecido como um dos precursores do liberalismo, por defender uma ideologia liberal baseada em princípios básicos, como o direito à vida, à liberdade individual e à propriedade privada.
O Iluminismo
Durante o século XVIII, predominou na França um importante movimento filosófico, questionador do Antigo Regime e inspirado por ideais liberais burgueses, o iluminismo. Apesar de as Revoluções Inglesas terem sido precursoras do liberalismo na Europa, suas influências ficaram mais restritas a Inglaterra, enquanto a partir do movimento iluminista os ideais burgueses se expandindo pelo mundo, influenciando importantes movimentos revolucionários.
Dentre os prIncipais nomes do iluminismo temos o Barão de Montesquieu, autor de “O Espírito das Leis, defensor da tripartição do poder em: Executivo, Legislativo e Judiciário; Voltaire, grande questionador não só do absolutismo, mas do controle ideológico da Igreja e por isso ficou conhecido pelo seu anticlericalismo; Jean Jacques Rousseau, autor do Contrato Social e um dos mais radicais filósofos iluministas, defendeu a democracia; e Adam Smith, principal nome do liberalismo econômico, defendia a teoria da “mão invisível”, ou seja, que a economia se regularia sozinha sem que fosse necessária a intervenção estatal.
Consequências do Liberalismo
O liberalismo trouxe inúmeras transformações para o mundo moderno, rompendo com a estruturas vigentes. Influenciou movimentos revolucionários, como a já mencionada Revolução Industrial Inglesa, que representou a ascensão da burguesia na Inglaterra; a Independência dos EUA, cujo movimento emancipatório foi inspirado na ideologia iluminista, assim como os outros movimentos de emancipação ocorridos na América durante o século XIX; a Revolução Francesa, movimento revolucionário que representou o fim do Antigo Regime na França e marcou a transição da Idade Moderna para a Contemporânea; e as revoluções liberais de 1820, 1830 e 1848.
EXERCÍCIOS
1. (Ufsj 2012) Analise as afirmativas abaixo.
I. As revoluções liberais do século XIX foram originadas a partir das Revoluções Americana (1776), Inglesa (1688) e Francesa (1789), bem como da Revolução Industrial Inglesa, que vinha acontecendo desde meados do século XVIII.
II. As revoluções liberais do século XIX atingiram seu ápice em 1848, trazendo, além do seu caráter liberal e burguês, um novo elemento: a participação da classe operária vinculada à indústria, com tendências socialistas.
III. As bases do liberalismo defendido pelos revolucionários liberais do século XIX eram: propriedade privada, individualismo econômico e liberdade de comércio, de produção e de contrato de trabalho sem controle do Estado.
IV. As revoluções liberais do século XIX tiveram caráter socialista e anarquista e defendiam uma sociedade livre, sem classes sociais, fim da propriedade privada e da livre concorrência.
Sobre as revoluções liberais do século XIX, estão CORRETAS apenas as afirmações:
a) l, II e lV
b) I, II e III
c) I, III e IV
d) II, III e lV
2. (ENEM, 2000) O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas características de uma determinada corrente de pensamento:
Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo o homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.
(Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991.)
Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justificar:
a) A existência do governo como um poder oriundo da natureza.
b) A origem do governo como uma propriedade do rei.
c) O absolutismo monárquico como uma imposição da natureza humana.
d) A origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos.
e) O poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da propriedade.
GABARITO
1. B
2. D