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República do Café com Leite

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pessoa escrevendo em um caderno com um notebook na frente para ilustrar o texto sobre república do café com leite

Hummm, pingado e pão na chapa? Nada disso, a República do café com leite não é uma das delícias da culinária brasileira. Apesar de estar diretamente relacionada aos dois principais produtos consumidos no nosso café da manhã.

O Brasil tem uma história própria relativamente recente, porém, cheia de disputas políticas e plot twists mirabolantes. 

Mas, pra você não fazer feio no vestibular, nós produzimos esse artigo que vai dar aquela força na hora entender o que aconteceu nesse período da República Velha. Bora que a chapa está esquentando!

O que foi a República do café com leite?

Na verdade, essa expressão é o nome que usamos pra identificar um período da República Velha em que os presidentes brasileiros eram escolhidos de forma alternada entre os estados de São Paulo e Minas Gerais.

Essa fase da história, começou em 1898 com a nomeação de Manuel Ferraz de Campo Sales como Presidente da República. Durante os 30 anos de duração do acordo, foram onze presidentes, sendo que apenas dois não pertenciam a esses estados.

Por que o período recebeu o nome de República do café com leite?

Este período é chamado de República do café com leite, porque os dois estados em questão eram os maiores produtores desses itens. Sendo que, em São Paulo predominava o cultivo do café e, em Minas Gerais, a criação de gado leiteiro.

Dessa forma, o poder econômico e a grande concentração demográfica dos dois estados levaram à uma forte influência política que alcançou o Governo Federal e, inegavelmente, favoreceu as outras oligarquias estaduais.

pessoa escrevendo em um caderno e ao lado uma xícara e um notebook para ilustrar o conteúdo sobre república do café com leite

Quais as características da República do café com leite?

Você deve estar se perguntando: mas, porque os outros estados aceitavam essa predominância? Isso foi possível porque, na verdade, era uma troca de favores. 

O presidente apoiava os candidatos oficiais nas eleições estaduais, em contrapartida, os governadores corroboravam a indicação do governo pra presidente.

Além disso, as lideranças locais recebiam autonomia pra tratar de seus assuntos sem interferência do governo federal no que dizia respeito às questões da província.  

Essa troca de favores, ficou conhecida como a Política dos Governadores. É nesse contexto que surgem figuras e práticas características do período.

Coronelismo

Os coronéis, como eram chamados os grandes produtores rurais, usavam de sua influência — e métodos, no mínimo questionáveis — pra garantir os votos em seus “currais eleitorais”. Possibilitando, dessa forma, que os candidatos escolhidos ganhassem a eleição.

Voto de cabresto

A expressão é o reflexo de uma realidade em que os coronéis utilizavam a violência, ameaças, documentos fraudados e compra de votos pra forçar seus “protegidos” a votar no candidato de seu interesse.

Tenentismo

Apesar do aparente sucesso da república do café com leite, houveram muitas insatisfações, conflitos e mudanças econômicas. 

O Tenentismo foi um dos movimentos de destaque nesse cenário. Seus integrantes estavam dispostos a pegar em armas pra defender seu ponto de vista.

De caráter militar, era constituído por jovens oficiais do Exército insatisfeitos com o processo eleitoral corrupto. 

Eles eram a favor do voto secreto, pediam o combate à corrupção e pleiteavam um governo central forte. Contavam com o apoio da crescente classe média e oligarquias dissidentes.

Industrialização no Brasil

Esse foi o início de uma grande mudança no eixo de poder econômico e, consequentemente, político. Com o apoio do governo, os produtores de café investiram parte dos lucros na incipiente indústria nacional que começou a crescer.

Em decorrência disso, houve grande crescimento da densidade populacional em regiões urbanas, devido à chegada de mão de obra, principalmente de imigrantes italianos. Com eles, desembarcaram ideologias que ajudariam a pôr fim na República do café com leite.

Exercícios

Confira dois exercícios em que é possível entender melhor a república do café com leite e seus desdobramentos:

1. (Enem) — Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande desacerto final. (FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004 [adaptado]).
A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de envolvimento no comércio exterior.

(TOPIK, S. A presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 [adaptado]).

Pra caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva sobre a sua utilização:

a) A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a prerrogativa de indicar os candidatos à presidência, sem necessidade de alianças.
b) As divisões políticas internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados pra esse período.
c) As disputas políticas do período contradiziam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas.
d) A centralização do poder no executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias.
e) A diversificação da produção e a preocupação com o mercado interno unificaram os interesses das oligarquias.

2. (Enem) — A Revolta da Vacina (1904) mostrou claramente o aspecto defensivo, desorganizado, fragmentado da ação popular. Não se negava o Estado, não se reivindicava participação nas decisões políticas; defendiam-se valores e direitos considerados acima da intervenção do Estado.

CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Cia. das Letras, 1987 (adaptado).

A mobilização analisada representou um alerta, na medida em que a ação popular questionava
a) a alta de preços.
b) a política clientelista.
c) as reformas urbanas.
d) o arbítrio governamental.
e) as práticas eleitorais.

GABARITO
1. C
2. D

E aí pessoal? Já deu pra entender melhor o que foi a República do café com leite? Que tal se aprofundar no assunto estudando com gente? Confira o cursinho preparatório da Descomplica.

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