Olá!
Hoje trouxe pra vocês uma redação que obteve nota 10 no vestibular 2005 da UFRJ, cujo tema foi “A valorização do corpo humano”. Achei importante trazer esse tema porque assuntos como valorização da beleza, culto do eu, e etc, são sempre pedidos, e é bom ficar de olho neles!
INFINITO ENQUANTO DURAR
No contexto atual, é muito evidente a valorização do corpo humano. Formas físicas perfeitas e descobertas na medicina são constantemente divulgadas pelos meios de comunicação, que bombardeiam a população com essas informações. Ao contrário do que gostam de afirmar aqueles que têm posicionamentos radicais, essa estima não é negativa. Pode ser muito positivo valorizar o corpo, desde que isso venha atrelado ao apreço, também, pelo intelecto e pelo espiritual, pois essas noções se complementam. O problema é que muitos tendem ao exagero, e optam por somente um dos meios, como se fossem, então, excludentes. E a adoração somente ao corpo humano pode, enfim, ser perigosa.
Vive-se a realidade ocidental da cultura de massa, na qual a mídia divulga modelos a serem seguidos de acordo com a ilusão de plenitude proposta pelo consumismo desenfreado. Considerando que o belo é, constantemente, ligado ao caráter positivo da vida e à felicidade, sendo essa idéia vendida por celebridades sempre estonteantes e bem sucedidas, o homem comum busca o mesmo. Entretanto, a valorização do corpo em direção à perfeição física acarreta constantes frustrações com modelos e ideais inatingíveis pela maioria das pessoas. O que deveria trazer felicidade, assim, traz angústia e insatisfação.
Além disso, é importante apontar como esse processo é interessante para o capitalismo. A quantidade de dinheiro gasta com exames e procedimentos cirúrgicos e estéticos é enorme, o que movimenta a economia e gera capital. É notável, no entanto, que em um mundo com profundas desigualdades sociais, somente uma minoria tem acesso a essas possibilidades. Dessa forma, perpetua-se a idéia de que a riqueza está diretamente relacionada à plenitude, pois ela pode bancar a busca e obtenção do corpo perfeito, assim como artifícios caros e valorizados, como roupas, bolsas e acessórios, para enfeitá-lo.
Por fim, é vital perceber que a valorização do corpo humano não se liga somente à idéia de beleza. Vive-se uma era de constantes e profundos avanços em medicina e tecnologia. A busca incessante pela vida longa, e a estimada idéia da eterna juventude, acarretam cada vez mais pesquisas em torno da manutenção do corpo sempre jovem. Isso é importante, também, para que cada cidadão dê conta de viver em um mundo competitivo e atribulado, onde o mercado de trabalho é tão acirrado e falta tempo para o cumprimento de todas as atribuições. É necessário um corpo saudável para que se possa sobreviver ao dia a dia, e a busca da saúde maximiza o apreço pelo corpo humano.
Dessa forma, faz-se imprescindível uma reflexão maior sobre os benefícios e malefícios da valorização do corpo humano. Ao mesmo tempo em que é louvável a procura pelo bem estar, pois uma pessoa saudável é mais feliz, disposta, e pode trazer benefícios à sociedade, é preciso tomar cuidado com o fortalecimento da superficialidade, pois ao valorizar a perfeição do físico em detrimento do espiritual e do mental, incentiva-se a efemeridade leviana. Cabe aos meios educacionais priorizarem a conscientização em direção ao equilíbrio de valores. Não é necessário recriminar a busca da perfeição física, mas é preciso entender a transitoriedade da vida, para aproveitá-la em sua plenitude, juntando estética e saúde, bem estar físico e mental, sem exageros e em prol de um bem maior. O corpo não será imortal, posto que é matéria, mas pode ser infinito enquanto durar.