Você sabia que o Modernismo é um tema recorrente no ENEM? O Modernismo foi um movimento literárioe artístico que teve início no século XX com o objetivo de romper com o tradicionalismo, com as vanguardas europeias. Os artistas buscavam a libertação estética, a experimentação constante e, acima de tudo, a independência cultural do país. Na literatura, esse movimento foi marcado pela criação de uma forma de linguagem, que rompe com o tradicional, transformando a forma como até então se escrevia. Algumas dessas mudanças são, por exemplo, a liberdade formal (utilização do verso livre, quase abandono das formas fixas – como o soneto, a fala coloquial, ausência de pontuação, etc.) e a valorização do cotidiano.
Vamos ver agora quais são os artistas modernistas que mais caem no ENEM?
1- O queridinho do ENEM: Carlos Drummond de Andrade
O autor que aparece disparado no ENEM é Carlos Drummnond de Andrade. Embora a primeira fase do Modernismo seja bastante abordada nessa prova, esse autor pertencente à segunda fase é muito badalado no ENEM. Um de seus poemas mais famosos é, sem dúvidas, esse aqui embaixo e fazia parte de uma das questões da prova cancelada de 2009:
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
2. O antropófago do Modernismo: Oswald de Andrade
Oswald de Andrade é um autor que aparece frequentemente nessa prova. É importante ter em mente que esse autor defendia a valorização de nossas origens, de nosso passado histórico e cultural, mas de forma crítica. Além disso, é frequente também o uso da ironia e da piada em seus textos, como no poema “brasil”, que descreve o país pela perspectiva histórica, étnica e cultural. Sabiam que esse poema caiu na prova do ENEM de 2004? Já faz dez anos… vamos recordá-lo?
brasil
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani de mata virgem
-Sois cristão?
-Não, Sou bravo, sou forte sou filho da morte
Tetetê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá de longe a onça resmungava Uu! Ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
-Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o carnaval.
3- Manuel Bandeira
Manuel Bandeira busca uma escrita direta e simples, apesar de conhecer e utilizar muitas vezes as formas clássicas de estruturação de poemas. Diante da realidade por vezes opressora, dois temas se destacam como válvulas de escape: Pasárgada, o “país de delícias”, e a infância. Vamos ver agora um dos poemas mais famosos do autor que trata de um desses temas? Fica de olho porque esse não apareceu ainda na prova mais esperada do ano, hein?!
Vou-me embora para Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar histórias
Que no tempo de menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
4. Mario de Andrade
Mario de Andrade está entre os artistas modernistas que mais aparecem no ENEM. Vale lembrar que a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Como exemplo dessa sua marca poética, trouxemos aqui o poema O trovador, que caiu na prova de 2012.
O trovador
Sentimentos em mim do asperamente
dos homens das primeiras eras
As primaveras de sarcasmo
intermitentemente no meu coração arlequinal…
Intermitentemente…
Outras vezes é um doente, um frio
na minha alma doente como um longo som redondo…
Cantabona! Cantabona!
Dlorom…
Sou um tupi tangendo um alaúde!
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