Simbolismo e Parnasianismo são temas muito importantes para o seu vestibular! Descubra tudo sobre literatura aqui!
Simbolismo, subjetividade, espiritualismo, sugestão… Parnasianismo, objetividade, culto à natureza, descritivismo… Tudo muito bonito para escrever em uma prova, não é mesmo? Mas calma aí: você sabe reconhecer tudo isso em um texto? E se eu te disser que é preciso apontar tudo isso na prova do ENEM? Calma aí, cara, treme não! Vou te mostrar agora, através de três questões, como o ENEM já cobrou o Parnasianismo e o Simbolismo! Me dá a sua atenção e vem comigo!
1) (ENEM 2009)
Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura /Fundação Banco do Brasil, 1993.
Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são
a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.
b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.
c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais.
d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.
e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano.
Como a própria questão já entrega e você deve bem saber, o texto de Cruz e Sousa é simbolista. Por isso, não é surpresa encontrar nele a abordagem de um tema universal: a crise de consciência do ser humano e seu sofrimento. Dessa maneira, ao apresentar a alma humana como encarcerada em “prisões da Dor, fica em evidência uma das características desse movimento: a valorização do plano metafísico. Além disso, você pode perceber também que rimas sonoras e musicais.
2) (ENEM 2013)
Mal secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.
Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que
a) a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
b) o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
c) a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
d) o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
e) a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.
Desvinculando-se da razão e da objetividade que marcam o Parnasianismo, o soneto de Raimundo Correia apresenta um posicionamento mais reflexivo sobre os indivíduos e a dissimulação presente na sociedade. O eu lírico mostra que as pessoas se escondem sobre máscaras a fim de não revelarem sua essência e se enquadrarem em uma padronização de convivência, demonstrando a falsidade das relações. Parece algo tão atual, não?!
3) (ENEM 2014)
Vida obscura
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro
ó ser humilde entre os humildes seres,
embriagado, tonto de prazeres,
o mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
a vida presa a trágicos deveres
e chegaste ao saber de altos saberes
tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sofrimento inquieto,
magoado, oculto e aterrador, secreto,
que o coração te apunhalou no mundo,
Mas eu que sempre te segui os passos
sei que a cruz infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como foi profundo!
(SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961)
Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Souza transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em:
a) sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.
b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
c) extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
d) frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.
e) vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.
Na obra de Cruz e Souza, é importante perceber que o autor aborda sobre o sofrimento e a discriminação de sua condição humana, por ser negro e ter sofrido com o preconceito, visto que vivia-se um momento de pós-abolição, o que confirma a letra A. Assim, o sentimento expresso na obra, que dá suporte a uma denúncia social, relaciona-se com a realidade vivenciada, pois se refere à discriminação racial sofrida.
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