Com a consolidação de diversas conquistas que aumentaram a expectativa de vida das populações, diversos teóricos debruçaram-se sobre os principais problemas, métodos e possibilidades do fenômeno demográfico. O maior estudo sobre população desembocou em diversas teorias, que são bastante influenciadas por seu contexto histórico e pelo pesquisador. Vamos a elas!
Teoria Malthusiana
Com o crescimento populacional inglês, Thomas Malthus desenvolve estudos sobre a população e alerta para uma crise grave de alimentos, apontando para a existência de excedente populacional. Segundo os estudos de Malthus, a população estaria crescendo em um ritmo mais acelerado que a oferta de alimentos: a primeira cresceria em uma progressão geométrica e a segunda em uma progressão aritmética. Apesar de, por sua natureza religiosa, ser contra métodos contraceptivos, Malthus defendia uma grande retidão moral e que o governo não deveria ajudar as pessoas mais pobres, estas não deveriam ter filhos e deveriam trabalhar para não serem um peso social. Para Malthus, somente poderia ter filhos quem provasse a capacidade financeira de sustentar a si mesmo e a prole. Sua teoria é extremamente polêmica e é criticada por colocar a culpa dos problemas sociais no setor mais pobre da própria sociedade e também por não considerar os avanços técnicos do meio agrícola, que possibilitaram maior oferta de alimentos.
Teoria Neomalthusiana
No pós-2ª guerra mundial, o número de nascimentos deu um salto, conhecido como baby boom. Nesse momento, esta teoria foi elaborada, bastante popular nos países subdesenvolvidos. A teoria foi desenvolvida através de uma reciclagem de muitos pontos pensados por Malthus. Porém, contraditoriamente com o que preconizava o pastor inglês, existem métodos contraceptivos, inclusive ofertados pelo próprio governo entre as pessoas mais pobres, como distribuição gratuita de camisinhas, vasectomia em postos de saúde e anticoncepcionais. A excessiva culpabilização dos setores mais frágeis da sociedade pelos problemas da mesma é uma das maiores criticas ao modelo, além do desprezo teórico pela teoria demográfica que considerava as transições e a posterior estabilidade populacional com a modernização da sociedade
Teoria Reformista
É uma teoria de origem marxista e não vê na produção de alimentos o principal problema da fome, mas sim no modelo produtivo que cria desigualdade econômica. A desigualdade econômica que gera padrões de pobreza ao redor do globo seria a responsável pela pobreza e a fome, por isso seria necessário lutar contra a desigualdade ao invés de atacar os problemas gerados por ela. Criticava duramente as teorias de viés Malthusiano, alertando que poderiam legitimar controles populacionais.
Exercícios
1. (UFRRJ) O envelhecimento da população está mudando radicalmente as características da população da Europa, onde o número de pessoas com mais de 60 anos deverá chegar nas próximas décadas a 30% da população total. Graças aos avanços da medicina e da ciência, a população está cada vez mais velha.
Isso ocorre em função do:
a) Declínio da taxa de natalidade e aumento da longevidade.
b) Aumento da natalidade e diminuição da longevidade.
c) Crescimento vegetativo e aumento da taxa de natalidade.
d) Aumento da longevidade e do crescimento vegetativo.
e) Declínio da taxa de mortalidade e diminuição da longevidade.
2. (FUVEST) As previsões catastrofistas dos “neomalthusianos” sobre o crescimento demográfico e sua pressão sobre os recursos naturais não se confirmaram, notadamente, porque:
a) o processo de globalização permitiu o acesso voluntário e universal a meios contraceptivos eficazes, impactando, sobretudo, os países em desenvolvimento. b) a nova onda de “revolução verde”, propiciada pela introdução dos transgênicos, afastou a ameaça de fome epidêmica nos países mais pobres.
c) as ações governamentais e a urbanização implicaram forte queda nas taxas de natalidade, exceto em países muçulmanos e da África Subsaariana, entre outros.
d) o estilo de vida consumista, maior responsável pela degradação dos recursos naturais, vem sendo superado desde a Conferência Rio-92.
e) os fluxos migratórios de países pobres para aqueles ricos que têm crescimento vegetativo negativo compensaram a pressão sobre os recursos naturais.
3. (UNIFAL 2008) “O crescimento demográfico não é causa primeira do subdesenvolvimento, mas ele contribui poderosamente para o desenvolvimento das contradições econômicas, sociais e políticas. O número de camponeses sem terra e dos desempregados não cessa de crescer, certamente para o maior lucro, a curto prazo, dos industriais e proprietários fundiários, mas as tensões sociais não param de se ampliar. O aumento da população não é excessivo senão em relação a um crescimento econômico restrito, e o impulso demográfico não teria tomado tal velocidade e engendrado tais dificuldades se a natalidade tivesse progressivamente sido reduzida pelos efeitos de um desenvolvimento econômico e social.”
Adaptado de Lacoste, Ives. Geografia do subdesenvolvimento. 7 ªed. São Paulo: Difel, 1985. p.119-126.
A partir desse fragmento e das teorias sobre esse assunto, considere as afirmativas abaixo.
I – O autor retrata as ideias da teoria neomalthusiana, que se caracteriza pela explícita oposição às ideias malthusianas.
II – O autor propõe a adoção de uma política antinatalista rigorosa sem a qual não seria possível o desenvolvimento socioeconômico.
III – A solução para os problemas sociais e econômicos não pode basear-se, unicamente, na limitação dos nascimentos e, sim, em uma melhor distribuição de renda, o que melhora a qualidade de vida da população.
Marque a alternativa correta.
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II está correta.
c) Apenas III está correta.
d) Apenas I e III estão corretas.
Gabarito
- A
- C
- C