Os textos literários são uma forma de expressão artística que utiliza a linguagem escrita para transmitir ideias, emoções e sentimentos. Eles se se diferenciam do texto referencial, sobretudo, por sua carga estética. Esse tipo textual exerce uma linguagem ficcional, além de fazer referência à função poética da linguagem e são classificados em diversos gêneros, como poesia, prosa, teatro, entre outros.
Neste texto, explicaremos os principais pontos da matéria sobre textos literários, para que você possa compreender melhor como eles funcionam e como utilizá-los de forma eficiente. Além disso, ao final do texto, disponibilizamos uma lista de exercícios para que você possa praticar e fixar o conteúdo.
Quais são as principais características do texto literários?
O texto literário se diferencia do texto referencial, sobretudo, por sua carga estética. Esse tipo textual exerce uma linguagem ficcional, além de fazer referência à função poética da linguagem.
Há uma constante discussão sobre a função e a estrutura do texto literário, ou ainda, a sobre a dificuldade de se entenderem os enigmas, as ambiguidades, as metáforas da literatura. Contudo, são esses elementos que constituem o atrativo do texto literário: a escrita diferenciada, o trabalho com a palavra, seu aspecto conotativo, seus enigmas.
Sem dúvida, a literatura apresenta-se como o instrumento artístico de análise de mundo e de compreensão do homem. Sófocles, Camões, Shakespeare, Rousseau, Dostoievski, Machado de Assis, Eça de Queiroz, Kafka, Clarice Lispector… todos esses autores, preocupados com o grande mistério: entender a alma humana.
Cada época conceituou a literatura e suas funções de acordo com a realidade, o contexto histórico e cultural e, também, os anseios dos indivíduos daquele momento. Veja os principais conceitos de literatura:
I) “Arte é imitação (mimesis em grego)”. “O imitar é congênito no homem (e nisso difere dos outros viventes, pois, de todos, é ele o mais imitador e, por imitação, apreende as primeiras lições), e os homens se comprazem no imitado”. (Aristóteles)
II) “Uma coisa é escrever como poeta, outra coisa como historiador: o poeta pode contar ou cantar coisas não como foram, mas como deveriam ter sido, enquanto o historiador deve relatá-las não como deveriam ter sido, mas como foram, sem acrescentar ou subtrair da verdade o que quer que seja”. (Miguel de Cervantes)
III) “Literatura é arte e só pode ser encarada como arte. É a arte pela arte.” (Leconte de Lisle)
IV) “Literatura é a linguagem carregada de significado. Grande literatura é a linguagem carregada de significado até o máximo grau possível.” (Ezra Pound)
V)“A arte, e portanto a literatura, é uma transposição do real para o ilusório por meio de uma estilização formal da linguagem, que propõe um tipo arbitrário de ordem para as coisas, os seres, os sentimentos.” (Antonio Candido)
VI) “A literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros e, com os quais, ela toma corpo e nova realidade.” (Afrânio Coutinho)
Características do Texto Literário
- Plurissignificação: as palavras, no texto literário, assumem vários significados. Valoriza Texto -se a linguagem conotativa, ou seja, o sentido figurado.
- Ficcionalidade: os textos baseiam-se no real, transfigurando-o, recriando-o. Em outras palavras, o alcance da escrita ultrapassa para além do real.
- Aspecto subjetivo: o texto apresenta, normalmente, o olhar pessoal do artista, suas experiências e emoções.
- Ênfase na função poética da linguagem: o texto literário manipula a palavra, revestindo-a de caráter artístico. O artista apresenta na obra literária a sua visão perante seus anseios e exerce uma postura diante do mundo e das pretensões humanas.
Veja também o vídeo do nosso canal sobre texto não literário e texto literário
Exercícios
1. (ENEM) Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência significativa em sua carreira de escritor.
Lembro-me de que certa noite, eu teria uns quatorze anos, quando muito, encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam carneado. (…) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (…)
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto.
(VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I. Porto Alegre: Editora Globo, 1978.)
Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura,
a) criar a fantasia.
b) permitir o sonho.
c) denunciar o real.
d) criar o belo.
e) fugir da náusea.
2. (ENEM)
Do pedacinho de papel ao livro impresso vai uma longa distância. Mas o que o escritor quer, mesmo, é isso: ver o seu texto em letra de forma. A gaveta é ótima para aplacar a fúria criativa; ela faz amadurecer o texto da mesma forma que a adega faz amadurecer o vinho. Em certos casos, a cesta de papel é melhor ainda.
O período de maturação na gaveta é necessário, mas não deve se prolongar muito. ‘Textos guardados acabam cheirando mal’, disse Silvia Plath, (…) que, com esta frase, deu testemunho das dúvidas que atormentam o escritor: publicar ou não publicar? guardar ou jogar fora?
(Moacyr Scliar. O escritor e seus desafios.)
Nesse texto, o escritor Moacyr Scliar usa imagens para refletir sobre uma etapa da criação literária. A ideia de que o processo de maturação do texto nem sempre é o que garante bons resultados está sugerida na seguinte frase:
a) “a gaveta é ótima para aplacar a fúria criativa.”
b) “em certos casos, a cesta de papel é melhor ainda.”
c) “o período de maturação na gaveta é necessário, (…).”
d) “mas o que o escritor quer, mesmo, é isso: ver o seu texto em letra de forma.”
e) “ela (a gaveta) faz amadurecer o texto da mesma forma que a adega faz amadurecer o vinho.”
3. (UERJ) Texto para as questões 3 e 4.
(…) Não resguardei os apontamentos obtidos em largos dias e meses de observação: num momento de aperto fui obrigado a atirá-los na água. Certamente me irão fazer falta, mas terá sido uma perda irreparável?
Quase me inclino a supor que foi bom privar-me desse material. Se ele existisse, ver-me-ia propenso a consultá-lo a cada instante, mortificar-me-ia por dizer com rigor a hora exata de uma partida, quantas demoradas tristezas se aqueciam ao sol pálido, em manhã de bruma, a cor das folhas que tombavam das árvores, num pátio branco, a forma dos montes verdes, tintos de luz, frases autênticas, gestos, gritos, gemidos. Mas que significa isso?
Essas coisas verdadeiras não ser verossímeis. E se esmoreceram, deixá-las no esquecimento: valiam pouco, pelo menos imagino que valiam pouco. Outras, porém, conservaram-se, cresceram, associaram-se, e é inevitável mencioná-las. Afirmarei que sejam absolutamente exatas? Leviandade.
(…) Nesta reconstituição de fatos velhos, neste esmiuçamento, exponho o que notei, o que julgo ter notado. Outros devem possuir lembranças diversas. Não as contesto, mas espero que não recusem as minhas: conjugam-se, completam-se e me dão hoje impressão de realidade (…)
(RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. Rio, São Paulo: Record, 1984.)
O fragmento transcrito expressa uma reflexão do autor-narrador quanto à escrita de seu livro contando a experiência que viveu como preso político, durante o Estado Novo. No que diz respeito às relações entre escrita literária e realidade, é possível depreender, da leitura do texto, a seguinte característica da literatura:
a) revela ao leitor vivências humanas concretas e reais.
b) representa uma conscientização do artista sobre a realidade.
c) dispensa elementos da realidade social exterior à arte literária.
d) constitui uma interpretação de dados da realidade conhecida.
4. (UERJ) Por causa da perda das anotações, relatada pelo narrador, o texto é impregnado de dúvidas acerca da exatidão do que será levantado no livro. O trecho que melhor representa um exemplo dessas dúvidas é:
a) “Quase me inclino a supor que foi bom privar-me desse material”.
b) “Outras, porém, conservaram-se, cresceram, associaram-se, e é inevitável mencioná-las”.
c) “neste esmiuçamento, exponho o que notei, o que julgo ter notado”.
d) “Não as contesto, mas espero que não recusem as minhas”.
5. (UERJ) A relação entre autor e narrador pode assumir feições diversas na literatura. Pode-se dizer que tal relação tem papel fundamental na caracterização de textos que, a exemplo do livro de Graciliano Ramos, constituem uma autobiografia – gênero literário definido como relato da vida de um indivíduo feito por ele mesmo.
A partir dessa definição, é possível afirmar que o caráter autobiográfico de uma obra é reconhecido pelo leitor em virtude de:
a) conteúdo verídico das experiências pessoais e coletivas relatadas;
b) identidade de nome entre autor, narrador e personagem principal;
c) possibilidade de comprovação histórica de contextos e fatos narrados;
d) notoriedade do autor e de sua história junto ao público e à sociedade.
6 (UERJ-Adaptada) Observe atentamente o trecho transcrito abaixo.
(…) o objetivo da poesia (e da arte literária em geral) não é o real concreto, o verdadeiro, aquilo que de fato aconteceu, mas sim o verossímil, o que pode acontecer, considerado na sua universalidade.
(SILVA, Vítor M. de A. Teoria da Literatura. Coimbra: Almedina, 1982.)
A partir da leitura do fragmento, pode-se deduzir que a obra literária tem o seguinte objetivo:
a) opor-se ao real para afirmar a imaginação criadora;
b) anular a realidade concreta para superar contradições aparentes;
c) construir uma aparência de realidade para expressar dado sentido;
d) buscar uma parcela representativa do real para contestar sua validade.
7) (ENEM)Óbitodoautor
(…) expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia – peneirava – uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova:
– ”Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isto é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.” (….)
(Adaptado. Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Ilustrado por Cândido Portinari. Rio de Janeiro: Cem Bibliófilos do Brasil, 1943. p.1.)
(Portinari)
Compare o texto de Machado de Assis com a ilustração de Portinari. É correto afirmar que a ilustração do pintor:
a) apresenta detalhes ausentes na cena descrita no texto verbal.
b) retrata fielmente a cena descrita por Machado de Assis.
c) distorce a cena descrita no romance.
d) expressa um sentimento inadequado à situação.
e) contraria o que descreve Machado de Assis.
8. (ENEM)
Esta manhã acordo e
não a encontro.
Britada em bilhões de lascas
deslizando em correia transportadora
entupindo 150 vagões
no trem-monstro de 5 locomotivas
– trem maior do mundo, tomem nota –
foge minha serra, vai
deixando no meu corpo a paisagem
misero pó de ferro, e este não passa.
(Carlos Drummond de Andrade. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 2000)
A situação poeticamente descrita acima sinaliza, do ponto de vista ambiental, para a necessidade de:
I- manter-se rigoroso controle sobre os processos de instalação de novas mineradoras.
II- criarem-se estratégias para reduzir o impacto ambiental no ambiente degradado.
III- reaproveitarem-se materiais, reduzindo-se a necessidade de extração de minérios.
É correto o que se afirma em:
a) apenas em I.
b) apenas em II.
c) apenas em I e II.
d) apenas em II e III.
e) em I, II e III.
GABARITO
1. C
2. B
3. D
4. C
5. B
6. C
7. A
8. E
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