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Paulo Freire: biografia, método e citações

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Paulo Freire: biografia, método e citações

Patrono da educação brasileira, o recifense Paulo Freire foi um dos maiores educadores e filósofos mundiais, praticante e influenciador do movimento intitulado pedagogia crítica. Movimento este que tem como criadores e influenciadores nomes como Henry Giroux, Michel Foucalt, Pierre Bourdieu, Ira Shor, Michel Apple, Antonio Gramsci, entre outros.

A pedagogia crítica tem como principal objetivo apresentar e debater como manifestam-se as relações de poder e desigualdade econômica, política e social, nos espaços educacionais. Buscando as conexões entre a educação e o mundo real.

1 – Biografia

Biografia de Paulo Freire

Fruto do casamento de Joaquim Freire e Edeltrudes Neves, em 19 de setembro de 1921, Recife, nasce Paulo Reglus Neves Freire. Teve ainda três irmãos, Stela, Temístocles e Armando.

Paulo iniciou sua vida acadêmica no Colégio 14 de julho, passando depois ao Colégio Oswaldo Cruz, quando, aos 13 anos ficou órfão de pai. Sua mãe teve de sustentar os 4 filhos sozinha e sem dinheiro para continuar pagando a mensalidade do Colégio, conversou com o diretor que cedeu a Paulo uma bolsa integral.

Esse mesmo diretor fez de Paulo Freire auxiliar de disciplina de língua portuguesa, pela sua excelente performance. Tornou-se mais tarde professor titular, onde continuou mesmo após ingressar na faculdade.

Entrou para Faculdade de direito em 1943 na Universidade do Recife, onde dedicou-se também ao estudo de filosofia da linguagem, visto que era o seu ramo de atuação profissional e também uma de suas paixões.

Em 1944 casou-se com Elza Maia Costa de Oliveira, professora de primeiro segmento. O casamento durou 42 anos, e resultou em 5 filhos, quando em 1986 Elza veio a falecer. Dois anos depois casou pela segunda vez com Ana Maria Araújo, também professora – e cabe aqui mencionar que foi sua orientadora no mestrado na PUC-SP.

Paulo Freire faleceu em 2 de maio de 1997, aos 76 anos, no Hospital Albert Einstein, advindo de um ataque cardíaco. Realizou a cirurgia para desobstrução das artérias não obtendo sucesso.

2 – Carreira

Embora formado em Direito, Paulo Freire nunca chegou a exercer a profissão, pois ao longo de seu percurso, percebeu que a sua real vocação era para a educação. Esta que dedicou parte de sua vida. Em 1947 foi nomeado ao cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social da Indústria, onde começou seu trabalho com alfabetização de jovens e adultos, trabalho do qual se tornaria reconhecido mundialmente.

Em 1955 fundou o Instituto Capibaribe, juntamente com Raquel Crasto, onde queria romper com o academicismo da educação atual – que era composta somente das escolas públicas e religiosas – e trazer a criança para o mundo dela. Raquel seguiu com a coordenação da escola sem Freire, que estava envolvido em outros projetos. O Instituto funciona até os dias de hoje, sendo ainda referência na região.

Em 1959 começou a trabalhar na cátedra de História e Filosofia da Educação, da Escola de Belas Artes da Universidade do Recife, onde ingressou com sua tese Educação e Atualidade brasileira. Já em 1961 tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais, da mesma Universidade. Começou aqui suas primeiras experiências com a alfabetização popular e sobretudo de jovens e adultos, experiências que levariam a construção do Método Paulo Freire.

O grupo de pesquisa coordenado, em 1963, por Freire foi responsável por alfabetizar, em 45 dias, 300 trabalhadores dos canaviais do RN. Devido ao sucesso do método, o governo liderado então por João Goulart, aprovou o que chamamos de Plano Nacional de Alfabetização, que incentivou a expansão das experiências de Freire, pretendendo formar educadores em massa para a implantação de 20 mil núcleos de educação pelo país.

Infelizmente, em abril de 1964, meses depois do início do plano, o golpe militar acabou com a iniciativa, além de acusar Paulo Freire de comunismo e traidor da nação. Ficou preso durante 70 dias e depois sofreu exílio na Bolívia e Chile, onde trabalhou por cinco anos num projeto de alfabetização de adultos, no Instituto Chileno de Reforma Agrária, e também para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.

Durante o exílio publicou seu primeiro livro Educação como Prática da Liberdade, tendo como base a sua tese de 1959. O livro foi um sucesso e bem visto pelas academias, o que levou, em 1969, Paulo Freire a ser convidado a professor visitante da universidade de Harvard, onde permaneceu por um ano.

Foi por dez anos consultor espacial do Departamento de Educação do Conselho Municipal das igrejas na Suíça. Trabalhou como consultor em reformas educacionais também na África, principalmente em Guiné-Bissau, Cabo Verde, Zâmbia e Moçambique.

Em 1968, antes de trabalhar para Harvard, concluiu um dos seus mais famosos livros Pedagogia do Oprimido, que foi publicado no Brasil somente em 1974, mesmo tendo sido publicado em outros países antes dessa data. A versão em inglês foi publicada em 1970, por exemplo. A publicação tardia no Brasil foi decorrência da então e ainda ditadura militar.

Paulo Freire retornou ao Brasil somente em 1980, um ano após a anistia e filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT), tornando-se do partido o supervisor para o programa de alfabetização de adultos. Passou a lecionar após seu retorno na PUC-SP e na Unicamp. Foi nomeado em 1989, por Erundina, secretário de Educação de São Paulo, exercendo o cargo até 1991.

Ainda em 1991, fundou-se em São Paulo o Instituto Paulo Freire, com o intuito de entender, estender e elaborar as ideias do educador. O Instituto também funciona até os dias atuais, onde mantém todo o acervo de Freire.

O educador carregou em vida e post mortem 48 títulos honoríficos, além de cerca de 350 escolas e instituições carregarem seu nome como homenagem.

Em 2005, a mesma que lhe fez secretário, Erundina, então deputada, criou m projeto de lei para reconhecer Freire como Patrono da Educação Brasileira. O projeto foi sancionado no governo Dilma, em 2012.

3 – Método

Paulo Freire era contra o que chamamos de “educação bancária”, método que consistia em colocar o professor como detentor do conhecimento e o aluno como refratário, ou seja, a educação era dada de forma unilateral, onde o aluno sentava e apenas ouvia e “absorvia” o que lhe era passado pelo professor.

De acordo com Freire, ensinar não era tão simples e o método não era eficaz. Para ele, era preciso que o professor partisse da experiência do aluno e do ele conhecia e trazia – ou seja, a sua bagagem. Foi com esse método que ele e sua equipe alfabetizaram um grupo de 300 pessoas, como já mencionamos aqui, ensinando os fonemas através de palavras que já faziam parte do cotidiano desses trabalhadores, como tijolo e barro, por exemplo. Provando e reforçando que o método era eficaz e melhor que o que era praticado.

A pesquisa e experiência de Freire foi financiada em seus anos iniciais pela Aliança para o Progresso, dos Estados Unidos. Um projeto que acreditava que a alfabetização era o caminho para combater o avanço do comunismo no Brasil. Entretanto, o governo militar viu um problema que poderia ser um grande perigo: a revolta dos não favorecidos, visto que naquela época só poderia votar as pessoas alfabetizadas (homens). Com a ascensão desse povo e sua alfabetização, o governo poderia então sofrer uma quebra. Já que Freire acreditava que a educação é uma ferramenta de transformação social capaz de reconhecer e reivindicar direitos.

Para Freire, a leitura e a escrita só farão sentido se acompanhadas de uma capacidade de ler o mundo. Ou seja, “a pedagogia crítica de Freire pauta-se na capacitação dos estudantes e professores a desenvolverem uma compreensão crítica consciente de sua relação com o mundo” (Vicentini e Verástegui, 2015, p. 38). A pedagogia freiriana desenvolve a conscientização do individuo, auxiliando na capacitação de professores e alunos a serem seres humanos cada vez mais conscientes do contexto em que vivem. Ou seja, a ideia de seu método era de uma educação emancipadora.

As mais importantes obras para compreender o método de Paulo Freire são: Pedagogia do Oprimido (1968), Educação como prática da liberdade (1967), Cartas à Guiné-Bissau (1975), Pedagogia da autonomia (1997), Pedagogia da Esperança (1992), Prática e Educação (1985), e Professora Sim, Tia Não: Carta a quem ousa ensinar (1993).

4 – Citações de Paulo Freire

Paulo Freire como célebre educador e filósofo, é dono de grandes citações, mencionamos dez delas – e claro, elas podem te ajudar na hora da redação do vestibular.

  • “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”

  • “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza da alegria.”

  • “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignorados alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.”

  • “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”

  • “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, dai que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.”

  • “A educação qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimento posta em prática.”

  • “Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”

  • “Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos.”

  • “Não se pode falar de educação sem amor.”

  • “O que me surpreende na aplicação e uma educação realmente libertadora é o medo da liberdade”.

5 – Curiosidades sobre Paulo Freire

No carnaval de 2020, a escola de São Paulo, Águia de Ouro, foi campeã do carnaval – depois de 43 anos – com o enredo “A evolução do conhecimento humano, da Idade da Pedra à esperança nos robôs”. O desfile da campeã foi considerado um dos mais politizados do carnaval.

A quarta ala da escola retratava a importância da educação e o carro alegórico trazia uma gigantesca representação de Paulo Freire segurando um livro em que dizia na capa “não se pode falar de educação sem amor, frase atribuída ao educador.

Boneco de Paulo Freire em carro da Águia de Ouro — Foto: TV Globo/reprodução

O livro Pedagogia do Oprimido é a terceira obra com mais menções em trabalhos acadêmicos, aglomerando quase 73 mil menções, de acordo com a pesquisa realizada pela Escola de Economia e Ciência política de Londres, em 2016. Ficando atrás somente de Thomas Kuhn e Everett Rogers – dois pensadores americanos, filósofo e sociólogo, respectivamente. Freire fica a frente em célebres como Foucault e Marx, o que apenas reafirma a importância do educador brasileiro para a academia e para a educação.

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Bibliografia

VICENTINI, Dayanne; VERÁSTEGUI, Rosa. A pedagogia crítica no Brasil: a perspectiva de Paulo Freire. Anais XVI Semana da educação. VI Simpósio de Pesquisa e pós-graduação em educação. UEL, 2015.

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