Saiba como ocorreu a Revolução Agrícola e quais as consequências do acontecimento para o país. Prepare-se para o Enem e vestibulares!
A revolução agrícola impulsionou o êxodo rural.
A revolução agrícola se iniciou no período da revolução industrial, século XVIII, tendo como razões a necessidade do aumento da produção agrícola devido à necessidade de abastecer o mercado consumidor inglês, por exemplo, e desde então ela passou por um processo de evolução, aprimoramento, de acordo com o avanço da tecnologia. Ela pode ser definida como a modernização do campo em que o objetivo é aumentar a produtividade através do uso de novas técnicas e processos de produção, tais como, a substituição do sistema de produção agrícola extensivo pelo intensivo, gerando assim maior produtividade no campo e a adoção do sistema de rotatividade de culturas, evitando o desgaste do solo, mantendo-o quase sempre fértil.
Neste primeiro momento em que a revolução agrícola teve início na Inglaterra, os grandes proprietários de terra aumentaram as suas propriedades através da compra, por valores baixos, ou expropriação através de ocupação sem pagamento. Devido à dificuldade de comprovação da posse da terra por alguns pequenos proprietários iniciou-se o êxodo rural, que somado ao desemprego em larga escala no campo elevou a população nos grandes centros urbanos.
Somado à isso, outro momento a se destacar é a Revolução Verde que ocorreu no pós-Segunda Guerra Mundial, na qual a utilização de fertilizantes, adubos, agrotóxicos e a implantação de novas técnicas produtivas ocorreram de forma bem acentuada. Essa revolução tinha como seu objetivo aumentar a produtividade dos países menos desenvolvidos com o intuito de acabar com a fome. O aumento da produtividade foi plenamente satisfatório; já o problema da fome ainda existe, demonstrando que, mais do que um problema de falta de alimento, a fome é um problema da sua desigual distribuição, ou seja, é um problema político-econômico, já que a produção de alimentos no mundo é mais do que suficiente para alimentar toda a população mundial.
Consequências da Revolução Agrícola e da Revolução Verde
A comparação entre o ano de 1980 e 2012 demonstra que a produtividade agrícola cresceu consideravelmente.
Os resultados desses investimentos em melhorias para alavancar a produção do campo podem ser vistos sob duas óticas distintas, pois geraram aumento da produtividade e possibilidade de safras cada vez maiores, e praticamente acabaram com qualquer medo de que o aumento populacional pudesse criar uma situação de escassez de alimentos, ideia disseminada por alguns, principalmente no século XVIII, através das proposições da teoria Malthusiana. Por outro lado entretanto, a modernização no campo alterou a estrutura agrária. Pequenos produtores que não conseguiram se adaptar às novas técnicas de produção não atingiram produtividade suficiente para competir com grandes empresas agrícolas e se endividaram com empréstimos bancários solicitados para o investimento na mecanização das atividades, tendo como única forma de pagamento a venda da propriedade para outros produtores.
Outras consequências podem ser destacadas, tais como:
- As plantations monocultoras utilizam grandes extensões de terra e acabam se expandindo para áreas de florestas nativas por pressão dos ruralistas. Isso reduz a biodiversidade e apresenta enormes riscos, já que uma praga ou a queda do preço do produto no mercado podem pôr a perder toda a cadeia produtiva regional. Além disso, há a possibilidade da falta de alimentos, que pode ocorrer devido a plantação de apenas um tipo de vegetal.
- Aumento dos latifúndios, devido à falta de competitividade dos pequenos agricultores, fazendo com que os mesmos tenham que vender as suas terras.
- Mecanização do campo e o aumento de tecnologia, que diminuíram drasticamente a utilização do trabalho humano, causando desemprego e o êxodo rural, obrigando o trabalhador a buscar emprego nas fábricas e serviços nos centros urbanos, aumentando a população nas periferias das grandes cidades, colocando essas pessoas em condições precárias e de praticamente exclusão social.
Os conflitos no campo
Alguns dados importantes sobre os conflitos no campo.
É preciso destacar que, ao mesmo tempo que a revolução agrícola gerou o aumento da produtividade, todas essas novidades implantadas na produção agrícola trouxeram à tona diversas consequências, tais como os conflitos no campo.
Grande parte dos conflitos no campo brasileiro decorrem da má distribuição de terras, em que poucos detém grandes extensões de terras enquanto muitos detém pouca terra. Os grandes monopólios agrícolas permitiram o crescimento da economia brasileira, sempre puxando a balança comercial para cima, principalmente através das plantações de soja, no entanto, são reflexo das grandes desigualdades expressas no campo, principalmente pela existência de grandes porções de terras nas mãos de poucos, com índices que apontam 2,3% dos proprietários concentrando 47,2% de toda área disponível à agricultura no País.
Outro aspecto a se destacar é que boa parte das terras são inutilizadas, 175,9 milhões, de um total de 400 milhões de hectares, são improdutivos no Brasil. Em relação a outras propriedades, percebe-se que nos últimos anos os minifúndios caíram de 8,2% para 7,8% da área total de imóveis; as pequenas propriedades, de 15,6% para 14,7%; e as médias, de 20% para 17,9%. As grandes propriedades foram de 56,1% para 59,6% da área total.
Essas disparidades geram revolta nos trabalhadores pela diminuição da oferta de trabalho, possibilitando a formação de grupos articulados como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que reivindica a reforma agrária através da ocupação de latifúndios como forma de pressionar o governo a distribuir melhor as terras. O que ocorre em muitos casos é que as ocupações empreendidas pelo MST nem sempre são solucionadas pacificamente pelo Estado brasileiro, desencadeando assim conflitos no campo.
Como visto, ao mesmo tempo que a revolução agrária possibilitou um aumento na produção agrícola e impactou significativamente na economia, se tornando um pilar econômico de muitos países, percebemos que o uso de novas tecnologias acarretaram em consequências sociais graves, acentuando as disparidades e conflitos no campo.
Exercícios
1. (UFF-RJ) A “Revolução Verde”, implementada em países latino-americanos e asiáticos nos anos 1960 e 1970, tinha como objetivo suprimir a fome e reduzir a pobreza de amplas parcelas da população. Entretanto, as promessas de modernização tecnológica da agricultura não foram cumpridas inteiramente, contribuindo para a geração de novos problemas e aprofundando velhas desigualdades.
Assinale a opção que faz referência a efeitos da “Revolução Verde”.
a) Coletivização das terras, implemento da agroecologia e expansão do crédito para os agricultores.
b) Distribuição equitativa de terras, difusão da policultura e uso de defensivos biodegradáveis.
c) Expansão de monoculturas, uso de técnicas tradicionais de plantio e fertilização natural dos solos.
d) Reconcentração de terras, crescimento do uso de insumos industriais e agravamento da erosão dos solos.
2. (UFRN) Leia a charge a seguir.
A charge coloca em evidência um conflito que está presente no espaço rural brasileiro. Esse conflito envolve duas lógicas: a preservação da floresta e a expansão do agronegócio. No Brasil, o desenvolvimento do agronegócio
a) requer grandes extensões de terra para o cultivo de monoculturas, degradando áreas de floresta nativa.
b) baseia-se no uso intensivo do solo para a prática da policultura, provocando desmatamento em reservas florestais.
c) favorece a desconcentração de terras para a produção agrícola, provocando a erosão de solos em áreas de floresta.
d) fundamenta-se na diversificação do uso do solo para fins agrícolas, degradando o ecossistema florestal.
3. (UEL) O espaço geográfico é resultante e condicionante da organização social, o que pode ser exemplificado pela apropriação histórica da posse da terra no Brasil e suas implicações socioespaciais.
Com base nesse processo, assinale a alternativa correta.
a) A atual estrutura fundiária norte-paranense reproduz as características do processo de colonização iniciado no século XVI.
b) A concentração da posse da terra no Brasil foi reduzida com a Lei de Terras de 1850, que regulamentou a propriedade da terra.
c) A manutenção da elevada concentração da posse da terra e a mecanização agrícola no país intensificaram o processo de urbanização a partir de 1950.
d) As transformações fundiárias no nordeste brasileiro pós 1950 caracterizam-se pela ampliação do número de pequenas propriedades.
4. (IFBA)
No que se refere à relação campo-cidade no espaço geográfico brasileiro, é incorreto considerar que
a) a concentração fundiária no campo brasileiro tem como marco histórico a Lei de Terras de 1850 a partir da qual a terra se transformou em mercadoria, passando a ser um bem oligárquico.
b) a reflexão sobre a realidade do espaço brasileiro impõe a necessidade da compreensão histórica dos processos sociais articulando espacialmente o campo e a cidade.
c) a expansão do agronegócio vem contribuindo para a redução do êxodo rural pelo aumento do emprego direto de mão de obra assalariada nas áreas de fronteiras agrícolas.
d) o agravamento da problemática da mobilidade urbana nas metrópoles brasileiras está diretamente relacionado à política de incentivo a aquisição individual de automóveis pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Gabarito
1. D
2. A
3. C
4. C