Ao produzirmos o discurso, é muito normal que empreguemos figuras de linguagens. Essas figuras funcionam como recursos expressivos, que potencializam a nossa mensagem de acordo com o nosso objetivo.
Neste post, falaremos sobre uma das figuras de pensamento mais utilizadas pelos falantes: a hipérbole.
O que é hipérbole
A hipérbole é uma figura de linguagem enquadrada dentro das figuras de pensamento, pois ajuda o emissor a produzir maior efeito expressivo no seu texto. Mas, afinal, no que consiste essa figura?
A hipérbole nada mais é que um exagero proposital na construção de uma mensagem; ou seja, é quando o enunciador, de forma intencional, intensifica a forma como ele quer se comunicar. Por isso, brincamos que é a figura de linguagem preferida das pessoas dramáticas.
Vamos ver alguns exemplos?
Exemplos do emprego hiperbólico
a) “Eu nasci há dez mil anos atrás / E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais”. (Raul Seixas)
b) Nossa! Fazia séculos que não via a Maria! Como ela está diferente!
c) Vamos almoçar logo, pois estou morrendo de fome!
d) Onde você estava? Tentei te ligar milhões de vezes!
e) “Rios te correrão dos olhos, se chorares (…)”(Olavo Bilac)
f) “Por você eu dançaria tango no teto,
Eu limparia os trilhos do metrô,
Eu iria a pé do Rio a Salvador…” (“Por você”, Frejat)
g) Todos morreram de rir com a piada.
h) “Devia ter me importado menos com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier”. (“Epitáfio”,Titãs)
Conotação x denotação
Dentro do estudo das figuras de linguagem, é importante enfatizar a diferença entre dois conceitos muito relevantes dentro da semântica: conotação e denotação.
a) Conotação: sentido figurado de uma palavra ou expressão. Não corresponde à interpretação “ao pé da letra”.
b) Denotação: sentido literal do termo.
Visto isso, entendemos que, quando há hipérbole, trata-se de sentido figurado/conotativo.
Questão resolvida
(UERJ) Já dois anos se passaram longe da pátria. Dois anos! Diria dois séculos. E durante este tempo tenho contado os dias e as horas pelas bagas do pranto que tenho chorado. Tenha embora Lisboa os seus mil e um atrativos, ó eu quero a minha terra; quero respirar o ar natal (…). Nada há que valha a terra natal. Tirai o índio do seu ninho e apresentai-o d’improviso em Paris: será por um momento fascinado diante dessas ruas, desses templos, desses mármores; mas depois falam-lhe ao coração as lembranças da pátria, e trocará de bom grado ruas, praças, templos, mármores, pelos campos de sua terra, pela sua choupana na encosta do monte, pelos murmúrios das florestas, pelo correr dos seus rios. Arrancai a planta dos climas tropicais e plantai-a na Europa: ela tentará reverdecer, mas cedo pende e murcha, porque lhe falta o ar natal, o ar que lhe dá vida e vigor. Como o índio, prefiro a Portugal e ao mundo inteiro, o meu Brasil, rico, majestoso, poético, sublime. Como a planta dos trópicos, os climas da Europa enfezam-me a existência, que sinto fugir no meio dos tormentos da saudade.
(Abreu, Casimiro de. Obras de Casimiro de Abreu. Rio de Janeiro: MEC, 1955.)
A “hipérbole” é uma figura de linguagem empregada quando há intenção de engrandecer ou diminuir exageradamente a verdade das coisas, dos fatos.
A alternativa em que se usa a hipérbole como conotação do sofrimento do narrador do texto, pela duração de sua permanência fora do Brasil, é:
a) “Já dois anos se passaram longe da pátria.”
b) “Já dois anos se passaram longe da pátria. Dois anos!”
c) “Diria dois séculos.”
d) “E durante este tempo tenho contado os dias e as horas…”
Gabarito
Letra C. “Dois séculos” é um exagero proposital que demonstra o quanto o eu-lírico considera longo o tempo afastado de sua pátria.
Se precisar de ajuda com os estudos, conheça os planos da Descomplica para vestibular.
