O Nordeste Brasileiro e suas características
A região nordeste apresenta aspectos fundamentais na formação do território brasileiro
Seca no sertão nordestino.
A região nordeste é uma porção do espaço geográfico brasileiro muito controversa, pois, ao mesmo tempo em que apresenta aspectos fundamentais na formação do nosso território, também está ligada ao ideário de ser uma região que apresenta grandes problemas estruturais. Associada historicamente à ideia de pobreza, e com características naturais distintas, o nordeste tem mudado o panorama econômico, apresentando crescimento acima das demais regiões; tudo fruto do processo de descentralização industrial, que vem ocorrendo desde o início dos anos 90. Não podemos deixar de destacar que o aspecto físico é muito importante na região, principalmente pela questão da seca no sertão. Podemos citar a grande e polêmica obra de transposição do rio São Francisco como um exemplo de estratégia para solucionar este problema.
Sub-regiões nordestinas
O nordeste é dividido em quatro sub-regiões: Meio Norte, Agreste, Zona da Mata e Sertão.
MEIO NORTE
O Meio Norte é encontrado no território dos estados do Maranhão e parte do Piauí. Esta sub-região é uma faixa de transição entre o semiárido nordestino e a região amazônica. Apresenta clima tropical com muitas chuvas no verão, e índices pluviométricos maiores a oeste, principalmente por estar mais próximo a região amazônica. A vegetação natural dessa área é a mata de cocais, carnaúbas e babaçus, em sua maioria.
AGRESTE
O Agreste é uma faixa de transição entre a Zona da Mata e o Sertão nordestino. Apesar do domínio climático ser também o do semiárido, como no Sertão, o Agreste apresenta índices de chuva maiores que os sertanejos. Sua principal atividade econômica é a pecuária extensiva, apesar de que, nas partes mais úmidas, podem ser encontradas práticas como a agricultura de subsistência, que desenvolve uma policultura que serve de abastecimento para a Zona da Mata, e a pecuária leiteira.
ZONA DA MATA
Encontra-se no litoral continental da região nordeste, compreendendo uma faixa de 200 quilômetros, desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Norte. Esta área apresenta estações climáticas bem definidas, com um verão seco e inverno chuvoso, e é nela que se encontram as maiores aglomerações urbanas da região nordeste, além das cidades mais desenvolvidas e das principais capitais nordestinas.
Na época colonial, instalou-se nesta área o empreendimento açucareiro escravista. As condições ecológicas são ideais para o cultivo da cana: os solos, férteis e escuros, conhecidos como massapê, cobrem os vales dos rios, que foram apelidados de “rios do açúcar”; além disso, podemos destacar que esta região apresenta um grande índice de desenvolvimento industrial.
SERTÃO
Esta é a sub-região que domina o espaço geográfico da região nordeste, presente em mais da metade de seu território. Com um clima semi-árido e índices pluviométricos baixíssimos em relação ao restante do país, o sertão é sinônimo de seca, pobreza e fome no imaginário popular. A característica vegetal dessa região é a presença quase exclusiva da Caatinga, e a pecuária extensiva representa, até hoje, a principal atividade das grandes propriedades. A bacia do rio São Francisco é a maior da região e a única fonte de água perene para as populações que habitam suas margens, além de ser também aproveitado para irrigação e fonte de energia através de hidrelétricas como a de Sobradinho (BA).
Em relação à seca, podemos destacar que a escassez de chuva é responsável pela fome e pela pobreza no sertão nordestino. Isso ocorre por diversas causas, como os fatores oceânicos, isto é, o fato de que a temperatura do mar nos litorais do Ceará e Rio Grande do Norte é mais baixa do que as áreas do entorno, causando baixa evaporação e umidade. Também podemos citar as frentes polares, que, quando chegam ao nordeste, apresentam pouca força, dificultando a formação das chuvas. Por último, o nordeste é uma região de alta pressão, com correntes de ar que transferem calor para latitudes maiores, favorecendo a estabilidade do tempo e a ausência de chuvas.
A economia do nordeste
A primeira atividade econômica que levou desenvolvimento à região nordeste se deu ainda no período colonial e foi responsável pelos primeiros povoamentos. A região nordestina sempre esteve ligada a uma imagem de atraso econômico em relação as demais regiões, principalmente ao chamado Centro-Sul brasileiro; no entanto, os últimos anos apresentaram uma nova configuração, propiciando um forte movimento de retorno dos nordestinos para sua região de origem, motivados pelo crescimento econômico. Diversos fatores justificam esta nova realidade; entre eles, podemos mencionar o recente processo de crescimento industrial.
Em meio a um processo que começou na década de 90 e se intensificou após 2009, o nordeste tem atraído muitos investimentos de diversos setores, como fábricas de carros e motos, refinarias, estaleiros e siderúrgicas. Somente nos três maiores polos de desenvolvimento da região – Suape (PE), Pecém (CE) e Camaçari (BA) –, os investimentos captados nos últimos cinco anos e projetados até 2015 somam cerca de R$ 98 bilhões.
O grau de industrialização de 26%, embora ainda baixo, ilustra o fato de que a região já não é mais a economia predominantemente agrícola de até meados do século passado. O PIB per capita (PPC) do nordeste, de US$ 4,3 mil (2005), corresponde a 47% do brasileiro (US$ 9,2 mil PPC). Seu crescimento mais elevado se deu entre os anos de 1970 e 2005, com 2,6% ao ano, confrontados com os 2,1% para o país, revelando atenuação dos desequilíbrios regionais. Entre 2002 e 2010, o número de trabalhadores formais na indústria da região duplicou, saltando de 800 mil para 1,7 milhão. As exportações nordestinas também tiveram altas significativas, de US$ 4,6 bilhões, em 2000, para US$ 18,8 bilhões, em 2011.
Todos esses dados revelam uma nova condição em meio a um fraco crescimento econômico, e, mesmo em meio a grave crise econômica que o país enfrenta, a região nordeste apresenta números bem menos assustadores. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,1% em 2014, o nordeste destoa, com uma elevação de 3,7% segundo prévia do PIB. O resultado, calculado pelo Índice de Atividade Econômica Regional do Banco Central (IBCR), foi influenciado principalmente pelos setores de serviços e pelo varejo. Por fim, podemos perceber que o espaço geográfico nordestino, antes ligado a atividades rurais, apresenta uma transformação significativa, com a inserção de novas atividades industriais, crescimento urbano e diminuição das disparidades históricas pelas quais a região se tornou tão conhecida.
Exercícios
1. (Mackenzie) Problemas econômicos e sociais são responsáveis por deslocamentos populacionais na região Nordeste. Os mais comuns podem ser designados como:
a) pendulares.
b) sertanejos.
c) sazonais.
d) paroaras.
e) bóias-frias.
2. O litoral nordestino foi economicamente explorado desde a chegada dos primeiros portugueses ao Brasil. Durante o período colonial a principal atividade econômica nordestina foi:
a) a policultura da cana-de-açúcar e do algodão que se estenderam do Rio Grande do Norte até a Bahia.
b) a monocultura da cana-de-açúcar que se estendeu do Rio Grande do Norte até a Bahia.
c) a indústria artesanal e os moinhos de café que se estenderam do Ceará até Sergipe.
d) a criação de gado leiteiro que se estendeu do Piauí até a Bahia.
3. (UnB – com adaptações) Leia o texto a seguir e assinale a alternativa INCORRETA sobre o Nordeste semiárido brasileiro:
“Existem na América do Sul três grandes áreas semiáridas – a região Guajira, na Venezuela e Colômbia; a diagonal seca do Cone Sul que envolve muitas nuances de aridez ao longo da Argentina, Chile e Equador; e, por fim, o Nordeste Seco do Brasil. Das velhas e repetitivas noções do ensino médio herdadas um pouco por todos nós restaram observações pontuais e desconexas sobre o universo físico e ecológico do Nordeste Seco.”
(Aziz Nacib Ab Saber, “Ciência Hoje”, Volume Especial – Eco Brasil, mai. 1992.)
a) O semiárido nordestino caracteriza-se por baixos níveis de umidade, escassez de chuvas anuais e irregularidades no ritmo das precipitações ao longo dos anos.
b) Um dos fatores marcantes da região é a inexistência de rios perenes e caudalosos. Essa drenagem intermitente inviabiliza projetos de irrigação na área.
c) Apesar de predominantemente seco, no semiárido, encontram-se algumas áreas de mata úmida, alimentadas por chuvas orográficas. Essas áreas são conhecidas, regionalmente, como “brejos”.
d) Ao contrário do que se imagina, o Nordeste seco não é o “império” das chapadas. Em 85% do seu território predominam depressões interplanálticas, situadas entre maciços antigos e chapadas localizadas.
GABARITO
1. C
2. B
3. B