Veja aqui a coletânea de textos completa para este tema e faça já a sua redação: A relação do homem com a tecnologia em discussão no século XXI
Os dilemas da tecnologia: entre o progresso e a barbárie
Celulares, computadores, iPads, smartv’s, redes de internet cabeadas e em modelo wi-fi. Em nosso tempo, a tecnologia não é um mero componente da vida em sociedade, como tantos outros que há, mas, ao contrário, é o próprio ambiente, é a própria malha na qual as relações sociais se constituem. Vivemos em uma verdadeira era da técnica. Os efeitos desse fenômeno para a conduta humana, por sua vez, revestem-se de grande ambiguidade, sendo possível, aos olhos de uns, traçar uma lista enorme de suas consequências positivas, enquanto na perspectiva de outros, ao revés, a tecnocracia contemporânea enfraquece e despersonaliza as relações humanas. Diante de um e de outro pólos em luta, é necessário desenvolver aqui uma arguta reflexão.
Evidentemente, os defensores da sociedade tecnológica do século XXI têm ao seu dispor um arsenal de argumentos muito mais imediatos e intuitivos. Afinal de contas, o enorme sucesso material das inovações técnicas constantes, sua capacidade, em especial, de facilitar nossas vidas em seu aspecto mais pragmático e cotidiano é uma realidade que não se pode questionar. Quantos problemas do dia-a-dia, por exemplo, não se vêem rapidamente solucionados pela facilidade de comunicação proporcionada através das redes sociais? Para um amante da tecnologia, não há como pestanejar diante de um progresso tão evidente. Em seu ponto de vista, encontramo-nos hoje pura e simplesmente diante da concretização do sonho de Francis Bacon, o famoso filósofo moderno que identificava o aperfeiçoamento do homem com o domínio da natureza.
Sob outro aspecto, no entanto, se avaliamos a questão tecnológica a partir da qualidade das relações que os homens estabelecem entre si, as coisas podem nos soar bastante diferentes. De fato, ao facilitar imensamente nossas ações cotidianas, a tecnologia tende a reduzir tudo ao domínio do pragmático, do útil, da eficiência técnica. Em um ambiente online no qual tudo é tremendamente veloz e prático, tende a reinar, por consequência, a superficialidade e o pouco senso crítico, precisamente por que este exige esforço e reflexão. Em que medida, por exemplo, as mesmas redes sociais que nos aproximam virtualmente são capazes de nos introduzir em relações verdadeiramente humanas? No fim das contas, parece que o próprio elo entre as pessoas se torna mais pragmático, utilitário, superficial e – porque não dizer – fútil. Para usar o vocabulário do filósofo judeu Martin Buber, acabamos por substituir a relação eu-outro (própria do encontro entre pessoas) pela relação eu-isto (própria da posse de utensílios).
Nesse sentido, ficamos em um dilema final. Será a tecnologia um glorioso mecanismo de progresso para o homem, tal como ela é apresentada por seus defensores, ou não será que ela, ao contrário, não acaba precisamente por funcionalizar tudo, por reduzir as relações humanas ao ideal de eficiência e praticidade, tornando-as assim, paradoxalmente, bárbaras e desumana? Na verdade, sendo fruto do homem, ser dual e tão contraditório em si mesmo, a tecnologia traz consigo, inevitavelmente, a marca de uma ambiguidade insanável. Os efeitos que dela provirão em cada caso concreto, positivos ou negativos, dependem, em última análise, dos próprios agentes envolvidos na ação. Dessa questão, precisamente, que vem neste tema a importância da família, instituição social mais básica, célula-máter da sociedade, que tem a missão de formar adequadamente os seus membros, desde a mais tenra infância, para um uso equilibrado e sadio das inovações técnicas. No mundo tecnológico, entre o progresso e a barbárie, só o homem bem formado poderá decidir adequadamente que rumo tomar.