Antes mesmo de falarmos sobre o que é cultura, é preciso entender que este termo é extremamente amplo e por isso é preciso avaliá-lo sob vários aspectos. Tema de vestibulares do Brasil inteiro, o conceito se mostra um dos mais básicos e relevantes da sociologia. Sem ele, nossa análise social pode não ser capaz de observar as raízes dos fenômenos, o que nos faz perder, consideravelmente, a eficácia e assim perder consideravelmente sua eficácia.
Entenda o que é cultura e quais os tipos existentes
O filósofo francês Félix Guattari (grande companheiro de Deleuze), agrupou os mais diversos significados da terminologia cultura em três esferas, em cada uma delas o conceito recebe uma abordagem completamente diferente, como podemos ver abaixo.
Além da tipificação cultural feita por Guattari, a sociologia analisa esse conceito sob outros prismas, como os casos da antropologia cultural, das culturas híbridas e do etnocentrismo. Só assim, poderemos responder com mais clareza o que é cultura e como defini-la.
Antropologia cultural
Quando explicamos o que é cultura, nem sempre a associamos a Antropologia cultural, campo da sociologia que estuda o ser humano. Para essa área, o homem deve ter sua história e desenvolvimento entendidos através de sua evolução cultural. Nesse caso, a linguagem, arte, hábitos e costumes devem ser levados em consideração sem nenhum tipo de hierarquia.
Essa ciência tenta por fim à oposição entre cultura e natureza, um hiato que surgiu por causa da clássica definição de cultura como tudo aquilo que foi criado pelo homem. A antropologia acredita que a cultura, na verdade, é um traço da natureza humana. Todos nós tendemos à comunicação, à interação social e à vida em comunidade. Portanto, somos naturalmente culturais.
Culturas híbridas
A evolução dos meios de transporte, comunicação e a globalização em geral favoreceu o surgimento das trocas culturais e das culturas híbridas. Com isso, comumente, vemos pessoas que adotam costumes de outros povos. Os brasileiros, por exemplo, usam palavras em inglês, perfumes importados, consomem comidas estadunidenses e japonesa diariamente, incorporando, assim, esses elementos à sua cultura.
A incorporação de elementos através da troca cultural é o que chamamos de cultura híbrida. Os traços culturais regionais não são dissolvidos por causa desse processo, mas coexistem. Esse é o efeito da evolução tecnológica sobre as sociedades.
Cultura e etnocentrismo
Cada grupo social desenvolve seus próprios hábitos, mas quando esse grupo pertence a minoria, precisamos de um pouco mais de atenção. Vale lembrar que minorias são todos aqueles conjuntos sociais que não gozam de prestígio, representação política e social. Um exemplo significativo é o caso da comunidade negra.
Ninguém pode negar que os negros representam uma grande parcela da sociedade brasileira, mas porque ainda assim são chamados de minorias? Justamente pela opressão histórica a que foram submetidos no País, chegando aqui como escravos e tendo seus direitos civis, e até humanos, negados por uma maioria rica. Com isso, até hoje a comunidade negra enfrenta dificuldades em superar o peso da desigualdade histórica. Ainda podemos pensar nos homossexuais, mulheres, indígenas, deficientes físicos como minorias a serem observadas.
O etnocentrismo acontece sempre que um grupo social considera seus hábitos mais importantes e superiores aos dos demais. Esse é um problema muito mais sério do que parece, já que pode causar a dizimação de sociedades inteiras. O sentimento de desprezo faz com que a alteridade perca completamente seu valor e que vidas sejam sacrificadas em nome da superioridade cultural.
Exercícios para entender o que é cultura
1. (Enem 2014) Parecer CNE/CP nº 3/2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Procura-se oferecer uma resposta, entre outras, na área da educação, à demanda da população afrodescendente, no sentido de políticas de ações afirmativas. Propõe a divulgação e a produção de conhecimentos, a formação de atitudes, posturas que eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial — descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, de asiáticos — para interagirem na construção de uma nação democrática, em que todos igualmente tenham seus direitos garantidos.
(BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Disponível em: www.semesp.org.br. Acesso em: 21 nov. 2013).
A orientação adotada por esse parecer fundamenta uma política pública e associa o princípio da inclusão social a
a) práticas de valorização identitária.
b) medidas de compensação econômica.
c) dispositivos de liberdade de expressão.
d) estratégias de qualificação profissional.
e) instrumentos de modernização jurídica.
2. (Enem 2013) Tenho 44 anos e presenciei uma transformação impressionante na condição de homens e mulheres gays nos Estados Unidos. Quando nasci, relações homossexuais eram ilegais em todos os Estados Unidos, menos Illinois. Gays e lésbicas não podiam trabalhar no governo federal. Não havia nenhum político abertamente gay. Alguns homossexuais não assumidos ocupavam posições de poder, mas a tendência era eles tornarem as coisas ainda piores para seus semelhantes.
(ROSS, A. “Na máquina do tempo”. Época, ed. 766, 28 jan. 2013.)
A dimensão política da transformação sugerida no texto teve como condição necessária a:
a) ampliação da noção de cidadania.
b) reformulação de concepções religiosas.
c) manutenção de ideologias conservadoras.
d) implantação de cotas nas listas partidárias.
e) alteração da composição étnica da população.
3. (Enem 2014) No Brasil, a origem do funk e do hip-hop remonta aos anos 1970, quando da proliferação dos chamados “bailes black” nas periferias dos grandes centros urbanos. Embalados pela black music americana, milhares de jovens encontravam nos bailes de final de semana uma alternativa de lazer antes inexistente. Em cidades como o Rio de Janeiro ou São Paulo, formavam-se equipes de som que promoviam bailes onde foi se disseminando um estilo que buscava a valorização da cultura negra, tanto na música como nas roupas e nos penteados. No Rio de Janeiro ficou conhecido como “Black Rio”. A indústria fonográfica descobriu o filão e, lançando discos de “equipe” com as músicas de sucesso nos bailes, difundia a moda pelo restante do país.
(DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. Belo Horizonte: UFMG, 2005).
A presença da cultura hip-hop no Brasil caracteriza-se como uma forma de
a) lazer gerada pela diversidade de práticas artísticas nas periferias urbanas.
b) entretenimento inventada pela indústria fonográfica nacional.
c) subversão de sua proposta original já nos primeiros bailes.
d) afirmação de identidade dos jovens que a praticam.
e) reprodução da cultura musical norte-americana.
Gabarito
1. A
2. A
3. D
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