O conhecimento sobre uma das maiores obras da literatura portuguesa, Os Lusíadas, é muito importante não só para o enriquecimento da nossa cultura, como também para as questões de alguns vestibulares. Vamos saber um pouco sobre ela?Para revelar a história do povo português e suas conquistas, Luís Vaz de Camões buscou na antiguidade clássica a forma adequada: o poema épico, desenvolvido pelos poetas da antiguidade para contar a história de um povo. Tem como assunto principal a descoberta da rota marítima para Índias de Vasco da Gama, em 1497/99.Publicado em 1572 com o apoio do Rei D. Sebastião, é considerada a maior poema épico de língua portuguesa. A narrativa é dividida em dez cantos que são organizados em 1102 estrofes, cada uma com oito versos decassílabos heroicos, com rima ABABABCC.Seguindo os ideais do Renascimento, o poema conta histórias sobre as viagens marítimas e as conquistas de novas terras, povos, culturas, exaltando o homem (característica antropocentrista) como herói, bravo, destemido e aventureiro, em busca dos seus objetivos. Além dos ideais renascentistas, encontramos, na obra, ideais imperialistas, cristãos e pagãos, épicos e líricos, ufanistas e críticos, clássicos e barrocos.A obra apresenta um ecletismo religioso bastante curioso, pois mescla a mitologia greco-romana a um catolicismo fervoroso. Envolve lutas entre deuses do Olimpo, o erotismo pagão, ao mesmo tempo em que prega a fé cristã e utiliza as metáforas da bíblia.A narração de Os Lusíadas inicia-se “In Media Res”, ou seja, em plena ação. Vasco da Gama e sua frota se dirigem para o Cabo da Boa Esperança, com o intuito de alcançarem a Índia pelo mar. Auxiliados pelos deuses Vênus e Marte, perseguidos por Baco e Netuno, os heróis passam por aventuras, sempre fazendo prevalecer a fé cristã. Ao pararem em Melinde, ao atingirem Calicute, ou mesmo durante a viagem, os portugueses vão contando a história dos feitos heroicos de seu povo. Completada a viagem, são recompensados por Vênus com um momento de descanso e prazer na Ilha dos Amores, verdadeiro paraíso natural que em muito lembra a imagem que então se fazia do recém-descoberto Brasil.A estrutura narrativa de Os Lusíadas é composta por três narrativas remetendo à história de Portugal, interligadas pela narração da viagem de Vasco da Gama.DIVISÃO DA OBRAOs Lusíadas se organiza tradicionalmente em cinco partes:
- Proposição (Canto I, Estrofes 1 a 3) Apresentação da matéria a ser cantada: os feitos dos navegadores portugueses, em especial os da esquadra de Vasco da Gama e a história do povo português.
- Invocação (Canto I, Estrofes 4 e 5) O poeta invoca o auxílio das musas do rio Tejo, as Tágides, que irão inspirá-lo na composição da obra.
- Dedicatória (Canto I, Estrofes 6 a 18) O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião, visto como a esperança de propagação da fé católica e continuação das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo.
- Narração (Canto I, Estrofe 19 a Canto X, Estrofe 144) A matéria do poema em si. A viagem de Vasco da Gama e as glórias da história heróica portuguesa.
- Epílogo (Canto X, Estrofes 145 a 156) Grande lamento do poeta, que reclama o fato de sua “voz rouca” não ser ouvida com mais atenção.
(CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. 4a. ed. Porto: Editorial Domingos Barreira, s.d. p. 332.)
Há, na passagem selecionada, o registro de mudança no cenário. Trata-se do prenúncio de agouros a serem efetivados:a) Pelo velho do Restelo, encolerizado frente à excessiva vaidade do povo português.b) Pelos mouros, inconformados com as sucessivas conquistas dos portugueses.c) Pelo velho do Restelo, irritado diante de tantas glórias relatadas por Vasco da Gama.