Domingo agora, dia 17 de setembro, teremos a segunda prova de qualificação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O exame vai abordar algumas questões sobre o livro “A Hora da Estrela”, da Clarice Lispector. Lógico que o time do Descomplica não ia te deixar na mão nessa hora, né? Preparamos um resumo para você ficar ligado nos principais pontos do livro e mandar super bem neste domingo. Vamos nessa? 😉
Contexto
“A Hora da Estrela” é o último livro da Clarice. A obra foi publicada em 1977, mesmo ano em que a autora veio a falecer por conta de um câncer. Em entrevistas sobre seus próximos projetos, Clarice respondia que estava escrevendo sobre uma “inocência pisada e sobre uma miséria anônima”. “A Hora da Estrela” é uma novela bem curta que se encaixa na terceira geração do Modernismo, conhecida como a “Geração de 45”. Além disso, mesmo que o título oficial seja “A Hora da Estrela”, dentro do livro ainda nos deparamos com outros 12 títulos alternativos.
A história
O livro conta a história de Macabéa, uma migrante nordestina que sai de Alagoas para tentar uma nova vida no Rio de Janeiro. A moça é datilógrafa e consegue um emprego simples que a ajuda a se manter nos primeiros meses. Porém, “A Hora da Estrela” não se trata de uma narrativa feliz. A protagonista é uma jovem mulher sozinha no mundo. Ela não tem família, amigos, muito menos bens ou inteligência. Aos poucos, o leitor descobre que Macabéa é uma pessoa que apenas “existe” e passa pela vida.
Outro ponto importante é que a história é contada por Rodrigo S. M, um homem que não aparece na história. O narrador conta os dramas que Macabéa enfrenta ao se mudar para uma cidade grande. É bem fácil se identificar com as questões levantadas no livro porque são dramas reais e comuns. A protagonista lida com frustrações cotidianas, o primeiro amor e o relacionamento que tem com as outras moças com quem divide apartamento. São situações que todos nós já passamos, ou vamos passar, algum dia.
Denúncia social
A obra trata de uma denúncia social. Clarice aponta o aspecto da vida miserável que tantos migrantes brasileiros levam. Nordestinos mudam de estado em busca de melhores condições de vida e emprego nos principais cidades do país. Inclusive, este é um fluxo migratório muito forte até nos dias de hoje.
Porém, essa não é a única crítica presente na obra. Em relação ao narrador, Clarice faz uma crítica às pessoas que se apropriam do discurso das outras. Isso sem terem tido as mesmas vivências. Rodrigo S.M é intelectual, homem, de classe média que vai narrar a história de uma moça que tem uma situação de vida completamente oposta a dele. Esse posicionamento também não deixa de ser uma crítica a própria autora, que também já agiu da mesma forma que Rodrigo S.M em trabalhos anteriores.
Características modernistas
Podemos destacar em “A Hora da Estrela”:
- Metaficção: apesar da história não ser baseada em fatos reais, a narrativa é verossímil. Macabéa não é uma pessoa de verdade, mas sua história representa a trajetória de milhares de brasileiros. O Rodrigo S.M sabe disso tudo. Sabe também, inclusive, que ele próprio é “inventado”.
- Fluxo de consciência: representação não-linear do pensamento.
- Análise psicológica das personagens.
- Intimismo.