A região Nordeste é formada por nove estados: Bahia, Maranhão, Paraíba, Piauí, Alagoas, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.
É terceira maior região do país com cerca de 1.554.291,6 km² de área e aproximadamente 56,1 milhões de habitantes.
Sua população, segunda maior do país atrás apenas do Sudeste, está desigualmente distribuída e se concentra majoritariamente na faixa litorânea da região, onde estão localizadas as maiores capitais.
Cerca de 72% dos habitantes moram em áreas urbanas. Entretanto, em virtude de sua longa extensão, apresenta baixa densidade demográfica: cerca de 34,1 habitantes por quilômetros quadrados.
A ocupação desta região foi pioneira no Brasil no período colonial, o que evidencia sua importância política e econômica para o país.
Antes grande pólo econômico, e nas últimas décadas marcado por diversos problemas sociais, o Nordeste é o retrato de um Brasil repleto de desigualdades, marcado por condições naturais adversas, longos períodos de seca, belezas naturais, ricas manifestações culturais e cidades históricas.
As sub-regiões do Nordeste
O Nordeste pode ser dividido em quatro sub-regiões: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e Meio-Norte.
Elas apresentam características econômicas e naturais próprias.
Zona da mata do Nordeste
Compreende a faixa litorânea do Nordeste com 200 km para o interior e se estende desde o Rio Grande do Norte até o sul da Bahia.
Foi uma região próspera no início da colonização, ocupada por grandes propriedades de cana de açúcar até meados do século XIX.
A partir daí, a economia açucareira entrou em crise, devido a concorrência nas Antilhas.
Mais tarde, a região Sudeste, especialmente São Paulo, passou a produzir açúcar com uso de técnicas mais modernas, dando início a um longo processo de crise econômica no Nordeste.
Por sua intensa ocupação nos primeiros séculos do período colonial, a Zona da Mata é a área mais populosa e urbanizada da região.
Abarcar as maiores cidades do Nordeste e possui a melhor infraestrutura de transporte e telecomunicações em relação às outras sub-regiões.
Economia da zona da mata
Nas últimas décadas, a Zona da Mata apresentou significativo crescimento econômico devido ao desenvolvimento dos setores agrícolas, industrial e de serviços.
O recôncavo baiano, localizado na região metropolitana de Salvador, abriga diversas indústrias que se desenvolveram a partir da descoberta de reservas de petróleo: a indústria de automóveis, de borracha e do plástico, entre outras.
Nessa sub-região destaca-se também, ao sul da Bahia, a conhecida região cacaueira, grande produtora de cacau, que passou por intensa crise a partir dos anos 1990.
O alastramento da Vassoura de Bruxa, fungo que causa doença na produção, destruiu a produção local e gerou uma enorme crise para os produtores.
No últimos anos, com o desenvolvimento dos estudos acerca dessa praga, a produção cacaueira vem se recuperando.
Turismo na zona da mata
O turismo também é uma importante atividade econômica na Zona da Mata, que se desenvolveu sobretudo a partir dos ano 1990.
Esse extenso litoral apresenta bonitas praias que recebem turistas do Brasil e do mundo.
Além disso, grandes eventos como o carnaval movem essa atividade nas cidades, com destaque para Salvador e Recife.
Vegetação e clima da zona da mata
A vegetação originária da Zona da Mata era a Mata atlântica, já quase totalmente devastada em virtude da intensa ocupação nessa região desde as primeiras ocupações no período colonial, até os dias de hoje.
O clima predominante é o tropical úmido, e as temperaturas rondam em torno de 20 a 30 graus e apresenta chuvas regulares durante todo o ano.
Agreste
Está localizado entre as sub regiões da Zona da Mata e do Sertão em uma faixa paralela ao litoral que vai do Rio Grande do Norte até a Bahia.
Ao longo da história, predominaram no agreste as pequenas e médias propriedades, dedicadas à agricultura familiar.
A produção é principalmente voltada para a subsistência a para o abastecimento das cidades da Zona da Mata.
Economia do agreste
O agreste é responsável também pela produção de algodão, fundamental para o desenvolvimento da indústria têxtil e do sisal, produção de cordas, bolsas, tapetes e estofados, utilizados na indústria automobilística.
Nos centros urbanos, há uma importante mobilização em torno das feiras livres, acompanhadas por festas tradicionais, como a festa junina e o festival de inverno, que atraem vários turistas nesse período.
Vegetação e clima do agreste
Em relação aos aspectos físicos, essa sub região é uma zona de transição e por isso apresenta características tanto da Zona da Mata, de clima tropical úmido e áreas de maior umidade como também do Sertão, de clima semiárido, e predomínio da caatinga.
Sertão nordestino
É a maior sub região do nordeste, está presente em todos os estados com exceção do Maranhão.
O processo de ocupação do sertão ocorreu entre os séculos XVI e XVII, fruto de um deslocamento populacional proveniente do litoral.
Nesse momento, predominava a pecuária extensiva, e a produção de carne era voltada para a Zona da Mata.
Com o tempo, passou a ser ocupado por coronéis e seus grandes latifúndios, tensionando as relações de poder ali presentes.
A partir do século XIX, o cultivo de algodão se tornou uma das principais atividades dessa região, devido à crise decorrente da Guerra de Secessão nos Estado Unidos, que abriu espaço para outros mercados.
Vegetação e clima do sertão nordestino
O sertão apresenta o menor índice pluviométrico do Brasil. Essa escassez de água está relacionada à dinâmica das massas de ar, podendo passar por longos períodos de estiagem.
Nesse sentido, a caatinga é a vegetação predominante na região, já que essa vegetação resiste às condições climáticas do sertão.
Meio-Norte do nordeste
É a sub-região localizada na transição entre o Sertão semiárido e a Amazônia equatorial, na porção oeste do Nordeste, abrangendo o Estado do Maranhão e parte do Piauí.
Economia do meio-norte
Por um longo tempo, foi uma área marginal no contexto da economia nordestina. Hoje, sua economia se baseia na pecuária extensiva e no extrativismo de palmeiras do babaçu e carnaúba.
Em relação à produção agrícola, predomina o cultivo de algodão, milho, arroz e cana de açúcar.
Durante a ditadura militar, especificamente a partir dos anos 1970, se desenvolveu o Projeto Grande Carajás no Pará de exploração mineral pela Vale.
Esse grande empreendimento envolveu o Maranhão, pois foi criado um corredor de exportação até o porto de Itaqui em São Luís.
Assim, o projeto desenvolveu uma base de infraestrutura ferroviária e propiciou a instalação de indústrias no Meio-Norte.
Entretanto, esse tipo de atividade é acompanhada de um grande prejuízo ambiental, como o desmatamento e a poluição de rios.
Turismo no meio-norte
O turismo também é uma importante atividade econômica do Meio-Norte, que apresenta notáveis belezas naturais como a Chapada da Mesas, os Lençóis Maranhenses e o Delta do Parnaíba, além de atrativos históricos como o Centro Histórico de São Luís.
Vegetação e clima no meio-norte do nordeste
O Meio-Norte é uma faixa de transição entre o cerrado, a Floresta Amazônica e a Caatinga onde prevalece a Mata dos Cocais, repleta de palmeiras como o babaçu e a carnaúba, fundamentais para a economia local.
A parte litorânea do Maranhão apresenta um grande manguezal, o maior do país.
Economia do Nordeste: entenda todo o contexto
O Nordeste foi a primeira região ocupada e explorada no período colonial brasileiro. Até meados do século XVIII, foi a região mais rica do país, onde se desenvolvia a extração do Pau-brasil e da cana de açúcar, base da economia na época.
Esse início próspero da economia nordestina aos poucos foi entrando em declínio, tanto pelo aumento da concorrência externa quanto pelo início da mineração no Centro-Sul.
A exploração mineral encareceu e atraiu a mão de obra escravizada, base do cultivo de cana para esse novo ciclo econômico.
Outras atividades econômicas desenvolvidas no Nordeste como a produção de algodão, fumo, café e o cacau também foram perdendo espaço para os produtos de outras regiões do país, o que dificultou a inserção econômica e a acumulação de capitais pela região.
Dessa maneira, o Nordeste perdeu o protagonismo que tinha na economia nacional principalmente pelo deslocamento do centro econômico para o Sudeste.
Até 1930, os mercados regionais eram pouco interligados e sua integração em um mercado nacional passou a ocorrer de forma desigual, evidenciando também a desigualdade de renda entre as regiões.
A partir desse período, com o crescimento do investimento na indústria nacional em substituição a produção cafeeira, houve uma tendência de concentração de capital no eixo Centro-Sul, principalmente no sudeste.
Nas décadas seguinte, o Nordeste perdeu ainda mais espaço na economia brasileira.
Segundo o relatório do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (1950), a renda da população nordestina correspondia a menos de um terço da renda dos habitantes do Centro-Sul.
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
Com o agravamento da crise econômica no Nordeste e diante da pressão de movimentos sociais, o presidente à época, Juscelino Kubitscheck, criou o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste que, por sua vez, gerou a SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste).
Seu principal objetivo era fomentar o desenvolvimento do Nordeste e promover sua maior integração na economia nacional.
Com a criação da SUDENE, o processo de industrialização do Nordeste passou a ser entendido como fundamentação para o crescimento econômico da região.
Assim, a organização voltou seus esforços na pesquisa dos recursos minerais e investiu principalmente na infraestrutura de transportes e energia elétrica.
Nesse período foram criados incentivos fiscais para investimentos no Nordeste, houve um aumento da participação das estatais na região bem como investimentos públicos e privados para a criação de um parque industrial.
A economia do nordeste voltou a crescer
Todas essas medidas proporcionaram o crescimento econômico do Nordeste, principalmente a partir do início dos anos 1960.
Entretanto, o projeto econômico do período militar buscava o crescimento a qualquer custo social, além de favorecer as elites conservadoras.
Portanto, no Nordeste, a estrutura fundiária permaneceu concentrada e a pobreza e a desigualdade social se intensificaram.
A partir dos anos 1970, com uma conjuntura externa favorável, as exportações provenientes do Nordeste aumentaram significativamente o que gerou certo crescimento, ainda que concentrado em determinadas sub-regiões.
A redemocratização veio acompanhada de políticas neoliberais e os investimentos industriais voltam a se limitar às regiões mais lucrativas, iniciando-se um período de guerra fiscal entre os estados com o intuito de atrair os recursos privados.
Assim, a partir dos anos 1990, as políticas de integração nacional se enfraquecem, causando prejuízos para as indústrias localizadas nas áreas periféricas, inclusive no Nordeste, e mais uma vez ocorre um processo de concentração industrial no eixo centro-sul.
Indicadores sociais vem avançando no nordeste
Os anos 2000 foram marcados por uma série de investimentos sociais voltados para o Nordeste.
Nesse período, o desenvolvimento econômico da região foi acompanhado pelo aumento do limite de endividamento dos estados e municípios, aumento real do salário mínimo e grandes investimentos sociais.
Em 2008, 52% dos recursos do programa Bolsa Família foram destinados para a população do Nordeste.
Além disso, diversos indicadores sociais melhoraram: um maior número de pessoas obtiveram acesso à rede de água e esgoto, houve um aumento da esperança de vida ao nascer, bem como uma diminuição das taxas de analfabetismo entre pessoas com 10 anos ou mais.
Entretanto, mesmo com esses investimentos em políticas sociais e a melhoria na qualidade de vida da população nordestina, em termo econômicos a região não apresentou melhora significativa.
Assim, o crescimento econômico do Nordeste depende de políticas de desenvolvimento que encarem as desigualdades internas da região e combatam as elites agrárias a partir de mudanças estruturais.
O estigma da seca no Nordeste
A região Nordeste é muito associada à questão da seca.
Entretanto, esse fenômeno não está presente em toda a região.
Na verdade ele é característico da área conhecida como Polígono da Seca, principalmente no sertão nordestino e em parte do agreste.
O clima semi-árido dessas sub-regiões, apresenta elevadas temperaturas e baixo índice pluviométrico ao longo do ano, podendo gerar longos períodos de estiagem.
Esse fenômeno é causado majoritariamente por fatores naturais.
Em primeiro lugar, trata-se de uma região próxima a linha do equador, onde a incidência dos raios solares é mais forte, ocasionando altas temperaturas.
Além disso, as massas de ar que circulam pela região são quentes e secas, inibindo a ocorrência de chuvas.
Outro fator pertinente a ocorrência da seca é o fenômeno natural conhecido com El Niño.
Consiste no aquecimento das águas pacífico equatorial acima do normal, o que altera a dinâmica da circulação geral da atmosfera e os padrões de vento.
Assim, o El Niño impacta na ocorrência de chuvas no Nordeste, contribuindo para o agravamento da seca.
Apesar de ser um fenômeno relacionado principalmente a questões naturais, a ação antrópica também contribui para as secas na região.
A constante destruição da vegetação pelas queimadas, por exemplo, amplifica o fenômeno para outras áreas.
É importante destacar que a seca no Nordeste enquanto problema social, gerador de fome, miséria e êxodo rural, é na verdade resultado, principalmente, das desigualdades sociais e da má distribuição de água na região.
Como foi dito, o Nordeste possui uma estrutura fundiária concentrada, e essas elites agrárias foram historicamente beneficiada pelas políticas econômicas, resultando numa estrutura social profundamente injusta.
Além disso, esse fenômeno natural acabou por gerar uma questão política conhecida com a Indústria da Seca.
Os grupos dominantes, isto é, os latifundiários e as oligarquias locais em virtude de sua força e alianças políticas, se beneficiam individualmente ou desvirtuam investimentos públicos destinados ao combate à seca.
Não raro certos setores acabam por se beneficiar dessa questão e atuam no intuito de impedir a solução desse problema.
E então, entendeu melhor a dinâmica do Nordeste?
Confira o nosso vídeo abaixo caso queira saber mais:
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