Pokémon GO chegou e, com ele, trouxe uma febre enorme entre aqueles que tiveram sua infância marcada pelos monstrinhos. As idas à escola, ao trabalho ou à faculdade deixaram de ser caminhos monótonos e passaram a ser oportunidades de aumentar a coleção de animais virtuais e expandir a pokédex. O que você nunca parou pra pensar é que esse app, além de divertir, pode ajudar você a lembrar de várias coisas sobre Biologia!
É importante citar, previamente, que as informações sobre os pokémons aqui descritos foram retiradas direto da pokédex do aplicativo, onde você consegue informações extras sobre seus novos amigos, uma verdadeira enciclopédia. 🙂
1) Afinal, pokémons evoluem mesmo?
Um dos principais objetivos do jogo é capturar vários pokémons iguais, e assim evoluí-los, com as “candy” que recebemos no ato. Cada Pokémon vale 3 “candy”, e, caso você decida transferí-los ao professor, você ganha uma candy extra. Alguns são fáceis de evoluir, como o Pidgey, que exige 12 Candy, enquanto outros, como o Magikarp, exigem um exorbitante total de 400 candy!
Agora, vamos lá, o que é a Evolução? Nos pokémons, você vê a evolução como um processo linear. O Pokémon precisa ficar mais forte, então ele assume uma nova forma, mais madura e mais poderosa, muitas vezes de forma linear (No gif ilustrado, Machop vira Machoke, que vira Machamp). A evolução dos seres vivos, na natureza real, não funciona assim! A começar que ela não ocorre apenas em indivíduos, ela ocorre a níveis populacionais. Se formos definir a Evolução, pode-se dizer que ela se trata da mudança de características hereditárias de uma população a outra, fazendo com que esses organismos mudem ao longo do tempo. É muito mais que uma mera mudança de forma, na qual o organismo final terá prole idêntica ao seu estado inicial (Um ovo colocado por um Machamp originará um Machop). A mudança de formas dos Pokémons assemelha-se muito mais a um processo de metamorfose. A metamorfose designa uma mudança na morfologia e na estrutura corporal dos seres, diferenciando estágios juvenis da fase adulta. Concordam comigo que a “evolução” dos pokémons não é bem uma evolução? No entanto, visando facilitar, vamos seguir chamando a metamorfose dos pokémons de evolução, sim? Basta que você saiba que o nome está mal empregado!
2) Lamarckismo
Uma teoria evolutiva que já foi refutada, mas que tem importância para o vestibular, é o Lamarckismo, e muitos pokémons, se não todos, podem se encaixar neste processo.
No Lamarckismo, o meio é um agente modificador dos seres vivos. Se as condições pedirem, o organismo irá se adaptar ao ambiente. Essas modificações se darão através da Lei do Uso e Desuso, ou seja, no processo de adaptação, determinadas partes do corpo seriam desenvolvidas devido ao seu uso (nadadeiras em um ambiente aquático, por exemplo), e características indesejadas seriam perdidas (nadadeiras na passagem para o ambiente terrestre, por exemplo). É justamente isso que ocorre na evolução do Poliwag, ao se tornar Poliwhirl e por fim Poliwrath, ele perde a nadadeira caudal e ganha braços e pernas mais desenvolvidas.
Vamos voltar ao Poliwag posteriormente, tem mais coisa legal a respeito dele!
Um Pokémon que se encaixa perfeitamente nessa ideia do ambiente determinar as modificações é o Eevee, que, de acordo com a própria Pokédex, possui uma configuração genética muito instável, que se modifica de acordo com o ambiente em que é exposto. Quando um Eevee é exposto a condições especiais, como pedras elementais, ele assume uma nova forma, uma nova evolução.
Neste gif vemos mais evoluções que aquelas presentes no jogo, mas com o passar de novas atualizações, elas vão chegando!
Outro ponto de Lamarck era que os caracteres adquiridos passariam para a descendência, ponto esse que foi desmentido, e nem mesmo em Pokémon ele é válido. Eevees expostos a uma pedra do trovão se tornam Jolteons, mas se um casal de Jolteons acasalar e deixar um ovo, nascerá um Eevee, o primeiro estágio “evolutivo”.
Para mais informações sobre o Lamarckismo e as outras teorias evolutivas, como o Darwinismo e o Neodarwinismo, não deixe de assistir nosso módulo a respeito, bem aqui! 😀
3) Artrópodes (Ciclo de Vida e Biologia)
Há muito a ser explorado aqui nos Pokémons classificados como Bug Type, ou Tipo Inseto. Vamos começar pelo trio Caterpie > Metapod > Butterfree, sim?
Primeiramente, eles obedecem ao modelo de metamorfose que todo mundo aprende já na pré-escola, não é mesmo? Lagarta > Casulo > Borboleta. Essa metamorfose é conhecida como metamorfose completa, ou holometabolismo. Nesse tipo de desenvolvimento, pode-se observar um estágio larval, após a saída do ovo (Caterpie), que irá se transformar em pupa, o dito “casulo” (Metapod), onde o inseto praticamente se liquefaz internamente, preparando o corpo para um novo estágio completamente diferente da primeira forma, e desta pupa emerge o imago, ou adulto (Butterfree), pronto para reproduzir com outro Butterfree!
Outro Pokémon inseto que segue esse padrão evolutivo é o trio Weedle > Kakuna > Beedrill, baseados em abelhas. Já vamos voltar a eles, ok?
O que eu vou comentar agora é um bônus, apenas a título de curiosidade: O Caterpie existe. Conheçam a larva da Papilio troilus.
O Caterpie apresenta características semelhantes a diversas larvas do Gênero Papilio, e essa “anteninha” na verdade é uma estrutura de defesa, e nem sai da cabeça do animal, sai do tórax (lembrando que insetos são divididos em cabeça, tórax e abdômen, e isso vale até para as larvas!), e o nome dessa estrutura é osmetério. Na própria Pokédex é dito que o Caterpie “de sua antena, emite um odor terrivelmente forte”. As lagartas da família Papillionidae são capazes de emitir de seu tórax um filamento conhecido como osmetério, que emite fortes odores como mecanismo de defesa, afugentando até os predadores mais vorazes, como o louva-deus.
Eu havia mencionado que retornaríamos ao trio Weedle > Kakuna > Beedrill, e o melhor momento a fazê-lo é agora.
Prestem bem atenção!
Em Pokémon, elas se reproduzem normalmente, como os demais, acasalando entre si e deixando ovos que originarão Weedles, mas não é assim que a Natureza funciona. Vamos ver um exemplo um pouco mais realista, usando a partenogênese?
Vamos lá. Imaginem que, ao invés de todas as Beedrill sendo capazes de reproduzirem-se, apenas uma fosse fértil, a abelha-rainha, e as demais fossem meramente operárias da colmeia.
A rainha, quando chegado o momento reprodutivo, voaria em campos reprodutivos em busca de zangões.
A rainha libera feromônios atraindo zangões de outras colmeias, e começa a receber esperma de diversos zangões, esperma este que estará armazenado em uma cápsula conhecida como espermateca. A rainha guarda internamente a espermateca, e quando é chegado o momento de sua ovulação, ela rompe essa espermateca, permitindo o contato dos espermatozoides com o ovócito, produzindo a célula-ovo diploide, que originará uma fêmea. Essa fêmea poderá se desenvolver em uma operária ou em uma rainha, de acordo com sua alimentação na fase larval (Weedle) e de acordo com a necessidade. Após certo período de tempo, ela “evolui” e assume o estágio de pupa (Kakuna), originando por fim o adulto, seja uma Beedrill operária ou uma Beedrill rainha. Mas o Beedrill macho? Pois bem, ele é originado a partir de partenogênese, ou seja, a rainha libera um ovócito que não será fecundado, formando um macho haploide (com metade da carga de cromossomos), que se desenvolve rapidamente em um zangão.
Por fim, o último Pokémon que vamos observar aqui entre os insetos é o Pinsir.
O Pinsir é um Pokémon besouro extremamente forte. Considerando que os besouros são os animais mais fortes do mundo, sendo alguns deles capazes de levantar até 1100 vezes o seu peso, não é de se surpreender a força bruta deste Pokémon. É citado na Pokédex que “seus movimentos se tornam lentos em locais frios”, mas isso não se aplica apenas ao Pinsir, mas sim a todos os Pokémon insetos, teoricamente. Vejam bem, insetos são animais pecilotérmicos, ou seja, sua temperatura corporal é fortemente influenciada pelo meio. Em ambientes frios, seu metabolismo fica mais lento, e isso afeta sua movimentação. Se você colocar um inseto em uma geladeira, por exemplo, ele fica anestesiado e entra em um estágio de dormência, e os Pokémons, aparentemente, não fogem desta regra!
4) Adaptações ao Vôo
“Pidgeot possui uma impressionante plumagem de lindas penas brilhosas. Treinadores são cativados pela marcante beleza das penas em sua cabeça, compelindo-os a escolher Pidgeot como seu Pokémon.”
As penas formam um topete incrível, podemos concordar com isso, mas a função das penas muitas vezes não é apenas enfeitar. Elas podem ser utilizadas para atrair parceiros, é verdade (só pensar nos pavões machos, desfilando suas penas para provar às fêmeas que são parceiros melhores que seus rivais), ou mesmo para intimidar possíveis ameaças (é dito na Pokédex que abrem suas largas asas para intimidar inimigos, uma estratégia comum para parecer maior), mas elas também são fundamentais ao vôo, sendo leves e flexíveis, permitindo proteção contra o frio, impermeabilidade e maior aerodinâmica. Também é visível que o Pidgeot não apresenta dentes em seu bico, e é seguro acreditar que ele não possui bexiga, preferindo despejar ácido úrico (a excreta nitrogenada das aves) direto no trato digestivo, para ser eliminado junto as fezes, uma estratégia relacionada a diminuição do peso da ave. Além disso, a musculatura peitoral do Pidgeot é claramente bem desenvolvida, com músculos peitorais poderosos, permitindo a sustentação do vôo. A inserção destes músculos no osso esterno é possível devido a uma dilatação óssea, que forma uma estrutura conhecida como quilha, ou carena (daí o nome das aves dotadas desta dilatação, carenatas).
5) Polinização
Esta é a família Oddish > Gloom > Vileplume.
Na Pokédex, é dito que Gloom “libera uma fragrância nojenta de sua flor”, e isso é condizente com a planta na qual sua evolução, Vileplume, foi baseada.
Conheçam a Rafflesia arnoldii, a “flor-cadáver”. Ela emite um fedor extremamente poderoso. Você pode pensar que isso é uma desvantagem, já que nada chegaria perto de uma flor gigante que fede a carniça, mas você estaria errado. Essa flor atrai muitos insetos prontos para se alimentarem de néctar, e esses insetos carregarão o pólen dessa flor, facilitando assim a sua dispersão. É uma situação onde todos saem ganhando.
6) Relações Ecológicas
Voltando rapidamente aos Bug Types, vamos falar do Paras.
O Paras apresenta, em suas costas, cogumelos parasitas, chamados tochukaso. Esses cogumelos (fungos, e, por consequência, heterotróficos) absorvem nutrientes do Paras hospedeiro. Então vamos analisar essa relação ecológica: ocorre entre membros de espécies diferentes, ou seja, é uma relação interespecífica. O Paras tem nutrientes sugados e os cogumelos, por sua vez, não lhe oferecem nada em troca, portanto, os cogumelos são beneficiados e o Paras é prejudicado, caracterizando uma relação desarmônica.
Por fim, observa-se que os cogumelos visam dominar o Paras (tanto que sua forma evoluída, o Parasect, é coberto por um cogumelo gigante), mas não mata-lo, afinal, não seria vantagem perder sua fonte de nutrição, portanto, trata-se de um parasitismo.
Este foi só um exemplo. As relações ecológicas permeiam Pokémon, como por exemplo diversos Parasect parasitando uma mesma árvore, competindo (lembram-se que a competição é uma relação inter ou intraespecífica desarmônica?) pelo mesmo recurso alimentar, como dito na pokédex de Pokémon GO, ou Pidgeots se alimentando de Magikarps, processo que já foi descrito em outros jogos de Pokémon.
Indo para um exemplo harmônico, os Dugtrio são trigêmeos oriundos do mesmo corpo, evoluídos de um Digglet, e compartilham os mesmos pensamentos.
É dito que eles trabalham cooperativamente para cavar incessantemente, ou seja, eles estabelecem uma relação de colônia, na qual os indivíduos apresentam união anatômica e trabalham juntos para a sobrevivência de todos, sem haver possibilidade de dissocia-los e permitir que sobrevivam.
7) Anfíbios
Voltamos ao Poliwag!
O Poliwag é baseado em um girino. Já repararam aquela espiral em sua barriga?
São as entranhas dele.
A própria Pokédex nos dá informações valiosas a respeito deste grupo de animais. Vejamos: “Poliwag possui uma pele muito fina”.
Em sua evolução, Poliwhirl, é dito que “a superfície do corpo de Poliwhirl está sempre molhada e grudenta com um fluido gosmento”.
Ambas as características são muito evidentes de anfíbios. Anfíbios apresentam uma fase juvenil extremamente dependente de água, dotada de características como nadadeiras, brânquias e excreção de amônia. Conforme eles passam pela metamorfose, ou, no caso do Poliwag, conforme eles evoluem, essas características são deixadas de lado e surgem características mais voltadas ao meio terrestre, como a possibilidade de respirar por pulmões rudimentares, apêndices (braços e pernas, no caso do Poliwhirl e do Poliwrath, e pernas anteriores e posteriores, no caso dos sapos), e a excreção de ureia. No entanto, vocês podem perceber que as evoluções do Poliwag ainda são Water Type, ou Tipo Água. Isso reflete na característica natural dos anfíbios de manter uma forte dependência do meio aquático ainda na fase adulta. Sua reprodução depende diretamente do meio aquático, afinal, sua fase larval vive neste meio. Além disso, seus pulmões rudimentares não dão conta de suas necessidades metabólicas, sendo necessário que haja respiração cutânea para suprir a demanda (e aí entra aquela observação sobre pele fina e constantemente úmida, ambos os fatores facilitam muito a respiração cutânea).
Me adiantando um pouco aqui, sei que a segunda geração de Pokémon ainda não chegou ao Pokémon GO, mas não quero desperdiçar a oportunidade de encaixar isso aqui.
Conheçam o Axolotl. Ele é um anfíbio, uma espécie de salamandra, e apresenta uma condição muito interessante chamada neotenia, na qual animais em fase adulta retém características da fase larval, ainda que seu sistema reprodutor seja maduro e capaz de realizar a reprodução do animal. Como podem ver, o axolotl permanece no ambiente aquático, mantendo a nadadeira caudal (perdida pelos anfíbios ao sair do ambiente aquático, e o mesmo ocorre com o Poliwag, cuja cauda está ausente em Poliwhirl e Poliwrath) e as brânquias, localizadas ali perto da cabeça.
Sabe quem se assemelha muito a um axolotl? O Wooper, até porque ele é baseado em um!
Se você não conhece esta coisinha simpática, não se preocupe, no ano que vem o app atualizará os pokémons e você vai conhecer este e vários outros!
É possível, em casos de estresse hídrico, que o axolotl deixe o ambiente aquático e adquira características terrestres, perdendo nadadeiras e brânquias, mantenho apenas o rabo e as pernas. Sabe quem compartilha essas características, mantenho a cauda e apresentando quatro apêndices, sem ter brânquias? O Quagsire, a evolução do Wooper.
8) No Pain, No Gain (Sem dor, sem ganhos!)
Machop é um Pokémon do tipo Lutador, e, convenhamos, ele não é nenhum bodybuilder, ainda que suas evoluções sejam estilo Gregor “Montanha” Clegane de Game of Thrones. É dito na Pokédex que “seus músculos são especiais – eles nunca ficam doloridos, não importa o quanto sejam exercitados”, e aí vamos explorar essa questão: A dor pós-exercícios.
Sabemos que há três tipos de tecido muscular: Tecido Muscular Estriado Cardíaco, Tecido Muscular Liso e Tecido Muscular Estriado Esquelético.
Vamos nos concentrar aqui nos músculos estriados esqueléticos, ok? Exemplos: Bíceps, Tríceps, Quadríceps, Deltoide, TRAPÉZIO DESCENDENTE, que seja, músculos que apresentem contração voluntária!
Quando você exercita um músculo, em especial no treino de musculação, seu objetivo é contrair esse músculo, causando microlesões nas fibras musculares, ou seja, nas células musculares. Essas fibras não irão se dividir através de mitoses (que dirá meioses!), mas irão aumentar de volume durante a regeneração dessas microlesões causadas durante o treino. Claro, isso irá depender de diversos fatores, como se o treino teve intensidade o bastante para causar essas microlesões e se a sua dieta é apropriada o bastante para permitir uma regeneração e um aumento das fibras musculares, mas isso não vem ao caso. O importante é que esse processo de regeneração, que depende também de um período de descanso, pode causar certo desconforto e um pouco de dor, mas isso é natural. O Machop não sofre isso, seus músculos são especiais. É possível que esse Pokémon seja tão forte que esforços físicos dignos de Hércules, como “arremessar uma centena de humanos adultos”, não sejam capazes de lesionar suas fibras musculares, ou proporcionar hipertrofia. Apenas sua evolução para Machoke será capaz de alterar sua morfologia, e aumentar ainda mais sua força, sendo dito pela Pokédex que o Machoke é capaz de levantar um lutador de sumô com apenas um dedo!
9) Plantas Carnívoras
Se eu perguntar a você se plantas são autotróficas ou heterotróficas, você me responderia que são autotróficas, já que realizam fotossíntese. Mas é uma planta carnívora, como Bellsprout > Weepinbell > Victreebel?
Pois bem, esses Pokémons não vão literalmente comer ninguém. O que acontece é que essas plantas possuem adaptações que permitem que elas atraiam, capturem, aprisionem, matem e digiram as presas, geralmente animais de pequeno porte, como insetos, mas podendo chegar até pequenos mamíferos, no caso de plantas maiores. Elas permanecem fazendo fotossíntese como fonte de nutrição, mas podem absorver nutrientes como nitrogênio e sais minerais a partir da decomposição dos animais digeridos. É dito inclusive que o Bellsprout, de sua boca, é capaz de cuspir um fluido corrosivo que derrete até ferro!
10) Cnidários
Tentacool e Tentacruel são facilmente reconhecíveis como águas-vivas, animais do Filo Cnidaria, não é mesmo?
Eles são classificados como Pokémons do tipo Água e Veneno. Oras, mas por que veneno?
Porque águas-vivas são conhecidas por ter como principal arma (tanto para defesa quanto para captura de presas) os cnidócitos, ou cnidoblastos, células dotadas de uma estrutura conhecida como nematocisto, que libera substâncias tóxicas urticantes. Algumas toxinas encontradas nestes nematocistos são tão tóxicas que podem ser letais para seres humanos, como é o caso das Irukandji, uma água-viva Cubozoa minúscula encontrada na Austrália, capaz de matar aqueles que entram em contato com seu veneno (Outra possibilidade bem real é que os azarados entrem em choque e, como estão no meio do mar, se afoguem, mas isso torna o animal MAIS perigoso, não menos).
11) Equinodermos
Staryu e Starmie são claramente baseados em estrelas-do-mar, os membros mais conhecidos do Filo Equinodermata.
Sua característica mais marcante é, definitivamente, o sistema ambulacrário, representado nestes pokémons pela estrutura com uma joia encrustada no centro. Nos animais reais, ela fica no interior das estrelas-do-mar, e é responsável pela locomoção, circulação e respiração destes animais.
A água penetra por uma placa calcária e circula pelo interior do animal, passando por ampolas que acumulam líquido. Conforme a quantidade de líquido varia no interior do animal, isso determina a movimentação do animal, permitindo sua locomoção. Como a água circula por todo o corpo através deste sistema, a excreção e a respiração são muito facilitadas por este sistema.
12) Fósseis
Por fim, os Pokémon Fósseis! No gif, podemos ver Omanyte, Omastar e Kabuto, faltou a evolução dele, Kabutops, e o Aerodactyl.
Tirando o Aerodactyl, que vamos explorar depois, todos os 4 são Tipo Água. Isso é interessante porque nos permite analisar qual animal serviu de base para a criação deles.
O Omanyte e sua evolução, Omastar, claramente são baseados nos Ammonoidea, moluscos da Classe Cephalopoda, a mesma dos polvos, lulas e náutilos.
Seus primeiros registros datam do Devoniano, e foram extintos por volta do Cretáceo, no mesmo evento de extinção que os dinossauros.
O Kabuto, por sua vez, é meio que uma mistura entre um animal ainda vivo, o caranguejo-ferradura (Xiphosura) e o extinto trilobita.
Sobre os trilobitas, é interessante citar que viveram do Cambriano até o Permiano, ocupando o topo da cadeia alimentar durante o Cambriano, e pertenciam ao Filo Arthropoda, evidenciado pelo exoesqueleto de natureza quitinosa e pelo crescimento dado através de ecdises (mudas, na qual o animal abandona seu exoesqueleto, cresce e produz um novo).
Uma curiosidade sobre o Xiphosura é que seu sangue é extremamente valioso.
O sangue destes animais apresenta uma célula sanguínea chamada amebócito, que possui grânulos contendo um fator coagulante (coagulogênio) que é liberado ao meio extracelular quando endotoxinas bacterianas são encontradas. Isso permite que o animal possa conter infecções bacterianas, dando a ele enorme importância médica, como mecanismo antibiótico.
Por fim, o Aerodactyl, claramente baseado em pterosauros.
Pterosauros são répteis voadores que viveram da segunda metade do Triássico ao final do Cretáceo, e foram os primeiros vertebrados conhecidos a desenvolver a capacidade de voo. Suas asas eram formadas a partir de uma membrana de pele e músculos que partia dos dedos (alongadíssimos) aos tornozelos. Inclusive, o Aerodactyl deu nome a um Gênero de Pterosauros, o Gênero Aerodactylus! Seu design também é feito para lembrar um dragão, verdade seja dita. 😛
Ufa! Ficou longa, mas acho que deu pra cobrir bastante coisa, e com certeza vai dar pra cobrir muito mais quando saírem as novas gerações no Pokémon GO. Foi um prazer, espero que essa lista tenha te ensinado algumas coisas, e até a próxima!