Fechando a semana com chave de ouro, hoje, sexta-feira, iremos aprender tudo sobre Arcadismo com o professor Diogo Mendes! :)Confira o horário da aula nesse post e baixe o material de apoio ;)
Literatura: ArcadismoTurma da Manhã: 10h15 às 11h15, com o professor Diogo
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MATERIAL DE AULA AO VIVO
Texto 1Torno a ver-vos, ó montes: o destinoAqui me torna a pôr nesses outeiros,Onde um tempo os gabões deixei grosseirosPelo traje da Corte, rico e fino.Aqui estou entre Almendro, entre Corino,Os meus fiéis, meus doces companheiros,Vendo correr os míseros vaqueirosAtrás de seu cansado desatino.Se o bem desta choupana pode tanto,Que chega a ter mais preço, e mais valiaQue, da Cidade, o lisonjeiro encanto,Aqui descanse a louca fantasia,E o que até agora se tornava em prantoSe converta em afetos de alegria.(Claudio Manuel da Costa)
Texto 2Enquanto pasta alegre o manso gado,Minha bela Marília, nos sentemosÀ sombra deste cedro levantado.Um pouco meditemosNa regular beleza,Que em tudo quanto vive, nos descobreA sábia natureza.Atende, como aquela vaca pretaO novilhinho seu dos mais separa,E o lambe, enquanto chupa a lisa teta.Atende mais, ó cara,Como a ruiva cadelaSuporta que lhe morda o filho o corpo,E salte em cima dela.Repara, como cheia de ternuraEntre as asas ao filho essa ave aquenta,Como aquela esgravata a terra dura,E os seus assim sustenta;Como se encoleriza,E salta sem receio a todo o vulto,Que junto deles pisa.Que gosto não terá a esposa amante,Quando der ao filhinho o peito brando,E refletir então no seu semblante!Quando, Marília, quandoDisser consigo: "É esta"De teu querido pai a mesma barba,"A mesma boca, e testa."Que gosto não terá a mãe, que toca,Quando o tem nos seus braços, c'o dedinhoNas faces graciosas, e na bocaDo inocente filhinho!Quando, Marília bela,O tenro infante já com risos mudosComeça a conhecê-la!Que prazer não terão os pais ao veremCom as mães um dos filhos abraçados;Jogar outros luta, outros correremNos cordeiros montados!Que estado de ventura!Que até naquilo, que de peso serve,Inspira Amor, doçura.(Tomás Antônio Gonzaga)
Texto 3Quando cheios de gosto, e de alegriaEstes campos diviso florescentes,Então me vêm as lágrimas ardentesCom mais ânsia, mais dor, mais agonia.Aquele mesmo objeto, que desviaDo humano peito as mágoas inclementes,Esse mesmo em imagens diferentesToda a minha tristeza desafia.Se das flores a bela contexturaEsmalta o campo na melhor fragrância,Para dar uma ideia da ventura;Como, ó Céus, para os ver terei constância,Se cada flor me lembra a formosuraDa bela causadora de minha ânsia?(Claudio Manuel da Costa)
1.Torno a ver-vos, ó montes; o destinoAqui me torna a pôr nestes outeiros,Onde um tempo os gabões deixei grosseirosPelo traje da Corte, rico e fino.Aqui estou entre Almendro, entre Corino,Os meus fiéis, meus doces companheiros,Vendo correr os míseros vaqueirosAtrás de seu cansado desatino.Se o bem desta choupana pode tanto,Que chega a ter mais preço, e mais valiaQue, da Cidade, o lisonjeiro encanto,Aqui descanse a louca fantasia,E o que até agora se tornava em prantoSe converta em afetos de alegria.Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.
Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção.a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”.b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia.c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional.d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria.LISTA DE EXERCÍCIOS
1. Lira XIVMinha bela Marília, tudo passa;A sorte deste mundo é mal segura;Se vem depois dos males a ventura,Vem depois dos prazeres a desgraça.Estão os mesmos DeusesSujeitos ao poder do impio Fado:Apolo já fugiu do Céu brilhante,Já foi Pastor de gado.A devorante mão da negra MorteAcaba de roubar o bem, que temos;Até na triste campa não podemosZombar do braço da inconstante sorte.Qual fica no sepulcro,Que seus avós ergueram, descansado;Qual no campo, e lhe arranca os brancos ossosFerro do torto arado.Ah! enquanto os Destinos impiedososNão voltam contra nós a face irada,Façamos, sim façamos, doce amada,Os nossos breves dias mais ditosos.Um coração, que frouxoA grata posse de seu bem difere,A si, Marília, a si próprio rouba,E a si próprio fere.Ornemos nossas testas com as flores;E façamos de feno um brando leito,Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,Gozemos do prazer de sãos Amores.Sobre as nossas cabeças,Sem que o possam deter, o tempo corre;E para nós o tempo, que se passa,Também, Marília, morre.Com os anos, Marília, o gosto falta,E se entorpece o corpo já cansado;Triste o velho cordeiro está deitado,E o leve filho sempre alegre salta.A mesma formosuraÉ dote, que só goza a mocidade:Rugam-se as faces, o cabelo alveja,Mal chega a longa idade.Que havemos de esperar, Marília bela?Que vão passando os florescentes dias?As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;E pode enfim mudar-se a nossa estrela.Ah! não, minha Marília,Aproveite-se o tempo, antes que façaO estrago de roubar ao corpo as forçasE ao semblante a graça.(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s/d, p.56-8.)
“Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga, é considerada uma das obras mais representativas da literatura do século XVIII no Brasil. Destaque duas características da estética árcade presentes no poema, justificando a sua resposta com versos retirados do texto.2. Romanceiro da Inconfidência(Romance XXI ou Das Ideias)Doces invenções da Arcádia!Delicada primavera;pastoras, sonetos, liras,- entre as ameaças austerasde mais impostos e taxasque uns protelam e outros negamCasamentos impossíveis.Calúnias. Sátiras. Essapaixão da mediocridadeque na sombra se exaspera. E os versos de asas douradas,que amor trazem e amor levam...Anarda. Nise. Marília...As verdades e as quimeras.Outras leis, outras pessoas.Novo mundo que começaNova raça. Outro destinoPlanos de melhores eras.E os inimigos atentos,que, de olhos sinistros, velam.E os aleives. E as denúncias.E as ideia.O poema modernista de Cecília Meireles recria uma ambiência típica do estilo de época literário conhecido por Arcadismo. Comprove essa afirmativa.3. Lira VIIIMarília, de que te queixas?De que te roubou DirceuO sincero coração?Não te deu também o seu?E tu, Marília, primeiroNão lhe lançaste o grilhão?Todos amam: só MaríliaDesta Lei da NaturezaQueria ter isenção?Em torno das castas pombas,Não rulam ternos pombinhos?E rulam, Marília, em vão?Não se afagam c’os biquinhos?E a prova de mais ternuraNão os arrasta a paixão?Todos amam: só MaríliaDesta Lei da NaturezaQueria ter isenção?Já viste, minha Marília,Avezinhas, que não façamOs seus ninhos no verão?Aquelas, com quem se enlaçam,Não vão cantar-lhes defronteDo mole pouso, em que estão?Todos amam: só MaríliaDesta Lei da NaturezaQueria ter isenção?Se os peixes, Marília, geramNos bravos mares, e rios,Tudo efeitos de Amor são.Amam os brutos impios,A serpente venenosa,A onça, o tigre, o leão.Todos amam: só MaríliaDesta Lei da NaturezaQueria ter isenção?As grandes Deusas do CéuSentem a seta tiranaDa amorosa inclinação.Diana, com ser Diana,Não se abrasa, não suspiraPelo amor de Endimião?Todos amam: só MaríliaDesta Lei da NaturezaQueria ter isenção?Desiste, Marília bela,De uma queixa sustentadaSó na altiva opinião.Esta chama é inspiradaPelo Céu; pois nela assentaA nossa conservação.Todos amam: só MaríliaDesta Lei da NaturezaQueria ter isenção?(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.)
Poemas da negra (1929)Você é tão suave,Vossos lábios suavesVagam no meu rosto,Fecham meu olhar.Sol-posto.É a escureza suaveQue vem de você,Que se dissolve em mim.Que sono...Eu imaginavaDuros vossos lábios,Mas você me ensinaA volta ao bem.(ANDRADE, Mário de. Poesias completas. São Paulo: Livraria Martins, 1980.)
a) Na interlocução com as mulheres amadas, os poetas utilizam elementos da natureza de modos distintos. Caracterize a presença da natureza em cada um dos poemas.b) Indique dois traços da tradição clássica presentes no primeiro poema e não utilizados no segundo. Gabarito1. Dentre as inúmeras características árcades presentes no poema, destacam-se: a valorização da mitologia e do paganismo (“Estão os mesmos Deuses/Sujeitos ao poder do impio Fado” / “Apolo já fugiu do Céu brilhante”); a presença de referências pastoris (“Já foi Pastor do gado”); a utilização de elementos da natureza (“Ornemos nossas testas com as flores / E façamos do feno um brando leito”); a defesa do carpe diem (“Façamos, sim façamos, doce amada, / Os nossos breves dias mais ditosos”, “Aproveite-se o tempo, antes que faça / O estrago de roubar ao corpo as forças / E ao semblante a graça”); A valorização de aspectos formais (métrica, rima, etc).2. No poema de Tomás Antônio Gonzaga, a ordem da natureza é utilizada como argumento de sedução. (ou) Tomás Antônio Gonzaga serve-se da natureza para enfatizar a preservação das espécies como efeito do amor. (ou) No poema de Tomás Antônio Gonzaga, os elementos da natureza servem para exemplificar as leis que regem o mundo e às quais Marília deveria se submeter. No poema de Mário de Andrade, a natureza se mistura à mulher amada ou se apresenta metaforicamente, pois o poeta associa a negra ao sol-posto.3. a) Dois dentre os traços: • uso da métrica • presença de refrão • referência à mitologia • uso da rima em esquemas rígidos.b) Durante o século XVIII, a capital cultural brasileira muda-se de Salvador para Vila Rica. O Arcadismo está ligado historicamente ao movimento de Conjuração Mineira.