Você sabe usar o verbo haver direitinho? A confusão é frequente, não só na hora de escrever, mas também na hora de falar. Separamos quatro casos para você aprender a usá-lo corretamente na hora da prova! Confere aqui!
1 – Haver com o sentido de “existir”
É importante entender que o verbo “haver”, no sentido de “existir” ou “ocorrer”, é impessoal, ou seja, não admite sujeito. O que explica o fato deste verbo não sofrer flexão de número (ir para o plural). Sendo assim, podemos formular uma frase como “Houve baixa audiência”, mas não faz sentido dizer que “O programa houve baixa audiência” porque a palavra “programa” funcionaria como sujeito do verbo “haver” e como já dissemos acima, o verbo “haver” é impessoal, não admite sujeito.
O verbo “haver” com este sentido fica claro na primeira estrofe da música “Bem que se quis”, de Marisa Monte.
“Bem que se quis
Depois de tudo ainda ser feliz
Mas já não há caminhos pra voltar.
E o que é que a vida fez da nossa vida?
O que é que a gente não faz por amor?
[…]”
(Perdoem o erro de quem colocou o trecho da letra no gif acima!)
2 – Nem sempre o verbo haver pode ser trocado por “ter”.
Vale lembrar que, apesar dos verbos “haver” e “ter” serem sinônimos em alguns casos, não é permitida a troca de “haver” por “ter” na norma culta. Como é mais corriqueiro utilizarmos o verbo “ter” do que o “haver”, essa substituição, quando ocorrer, deve ficar na conta da linguagem coloquial (popular).
Esta troca é clara na música “Roda Viva”, de Chico Buarque, logo no primeiro verso.
“Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu.
A gente estancou de repente,
Ou foi o mundo então que cresceu?
[…]
Roda mundo, roda gigante
Rodamoinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração.
[…]”
3 – Como o verbo haver e “ter” aparecem nas locuções verbais?
Como você já deve saber, o processo verbal pode ser indicado por mais de uma palavra, ao que chamamos de locução verbal. Quando os verbos “haver” e “ter” fazem parte de uma locução verbal, são chamados de verbos auxiliares e recebem as flexões de tempo, modo, número e pessoa, enquanto o outro verbo, chamado de principal, sempre estará em uma das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio). Na música “Quase sem querer”, da Legião Urbana, temos um exemplo desse tipo de locução logo no primeiro verso.
“Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranquilo e tão contente.
[…]”
Cabe uma observação aqui para deixar seus professores “de cara” com a sua explicação: Sempre, mas sempre mesmo, toda vez, eternamente, quando você utilizar uma locução verbal de particípio com os verbos “haver” ou “ter”, será utilizado o particípio regular caso este exista.
Por exemplo, não existe “eu tinha pago” nem “eu havia pego”, o correto é “eu tinha pagado” e “eu havia pegado”.
Basta verificar alguns outros verbos que possuem os dois particípios (regulares e irregulares) como “morto/morrido”, com outros verbos auxiliares, entrará o particípio irregular: “Ele foi morto”, “Meu cachorro está morto”. Porém, se utilizarmos “ter” ou “haver” o verbo principal vai para o particípio regular: “Ele tinha morrido”, “Meu cachorro havia morrido”.
Sei que nem preciso dizer isso, mas não custa deixar claro. Obviamente, você não vai dizer “Eu tinha fazido”! O verbo “fazer” não possui particípio regular, apenas o irregular: “feito”, logo, tendo apenas esta forma, é esta que vai entrar: “Eu tinha feito”!
4 – O verbo haver pode indicar tempo
Nesse caso, usa-se a forma do presente do indicativo “há” para indicar tempo transcorrido, que equivale a “faz”. Na música “Como uma onda”, do Lulu Santos, o verbo “haver” indica tempo no terceiro verso do trecho abaixo.
“[…]
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
[…]”
Nunca, jamais, sob hipótese alguma, diga coisas como “Deixei de ir lá há muito tempo atrás”. Galera, o verbo “haver” já indica tempo passado. Colocar a palavra “atrás” no final da oração é tão redundante quanto “subir para cima” ou “descer para baixo”! O correto é “Deixei de ir lá há muito tempo” e só, basta, já é suficiente para saber que foi no passado!