Karl Marx, conhecido como pai do comunismo pela sua obra Manifesto Comunista, escrito juntamente com seu amigo Friedrich Engels, foi um grande filósofo alemão.
Responsável por obras que estabeleceram diversos conceitos políticos e sociais, como a mais-valia, a alienação e o fetichismo da mercadoria. Marx passou por dificuldades financeiras e em sua carreira, sendo expulso de diversos países por seus artigos e as críticas aos governos.
Biografia de Karl Marx
Nascido em 05 de maio de 1818, na cidade de Tréveris, Alemanha, Karl Heinrich Marx, filho do casal judeu Henriette Pressburg e Herschel Marx, foi o terceiro do total de nove filhos do casal.
Sua família, constituída por rabinos, pertencia a classe média, seu pai era advogado e conselheiro de justiça, na época em que viveram a Alemanha ainda não era tomada pelo governo nazista (era governada pelo absolutista Guilherme III), porém, os judeus já tinham seus direitos reduzidos e não podiam exercer diversas profissões.
O que levou seu pai, Herschel, a se converter ao luteranismo, não por acreditar na religião, mas sim para exercer com direito e livremente sua profissão.
Marx teve uma adolescência privilegiada, se comparado às outras famílias da região, visto que sua família era sólida. Passou boa parte da infância na companhia dos filhos de Ludwig von Westphalen, amigo íntimo de seu pai, o que resultou mais tarde no seu casamento com uma das meninas, Jenny.
Embora seu pai fosse rígido e conservador, diz-se que estava sempre aberto para conversar sobre filosofia e literatura com os filhos, o que explicaria o cedo interesse de Marx pelos assuntos e pela política.
Educação e carreira
Em 1835, aos dezessete anos, entrou para a Universidade de Boon, Alemanha, para estudar direito e seguir os passos de seu pai, mas Marx, embora fosse um aluno aplicado, acabou por querer aproveitar a vida Universitária também de outro modo, participando de festas e bebedeiras, o que levou seu pai a forçar sua transferência para a Universidade de Berlim, logo no ano seguinte.
Em 1835, ao mudar-se para estudar também direito em Berlim, Marx ficou noivo de Jenny. Mas, ao ter contato maior com a filosofia, por conta do filosofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel – professor e reitor da Universidade – e do Clube dos Doutores do qual participou, se apaixonou.
Não queria frustrar seu pai e desistir do Direito, então em 1838, após o seu falecimento decidiu trocar de curso, dedicando-se integralmente a filosofia.
Marx não conseguiu seu diploma completo pela Universidade por ter ultrapassado o número de semestres máximo, obtendo somente o certificado das disciplinas cursadas. Embora não tenha conseguido o diploma pleno, no final da graduação Marx já tinha escrito sua tese de doutorado intitulada “A diferença entre a filosofia da natureza em Epicuro e Demócrito”, submeteu a tese na Universidade de Jena, também na Alemanha. E em 1841, com 23 anos, conseguiu o título de doutor em filosofia.
Embora quisesse, não conseguiu seguir carreira na academia por apoiar os ideais de Hegel, o que levou Marx a cruzar o caminho do jornalismo, começou escrevendo artigos para serem publicados no Anais Alemães, de Arnold Ruge – que foram censurados, mas consegui publicar outros artigos em diversos jornais.
E em 1842 mudou-se para Colônia, tornando-se redator-chefe do Gazeta Renana, um dos maiores jornais da região. Conheceu nesta época Friedrich Engels, o qual seria seu grande parceiro na vida profissional e acadêmica. Em 1843, o jornal foi censurado e fechado pelo regime prussiano por denunciar a ditadura e querer lutar pelo direito de democracia.
Por causa da censura, Marx mudou-se para Paris em 1849, mas antes, em 19 de junho de 1843, casou-se com Jenny. Chegando em Paris, fundou e assumiu junto com Ruge a revista Anais Franco-Alemães. Na revista, com mais liberdade publicou os artigos de Engels, além de seus dois ensaios “Introdução à crítica da filosofia do direito de Hegel” e “Sobre a questão judaica”.
Na França Marx começou a se aprofundar nos estudos sobre economia política, que resultaram no “Manuscritos Econômicos-Filosóficos”, antes conhecido como “Manuscritos de Paris”, foi então que Marx começou a interessar-se pelo socialismo. Ao final de 1844 Marx começou a escrever para o jornal Vorwärts! (traduzido para o português: Adiante! Foi considerado um dos mais radicais por questionar o regime político alemão da época).
Em 1845, por consequência dessas publicações, Marx e Engels foram expulsos da França a pedido de Frederico Guilherme V, imperador da Prússia. Mudou-se para a Bruxelas, na Bélgica, mas também foi expulso em 1848. Mudando-se novamente para Colônia, onde também foi expulso, logo em 1849, pelas ofensas às autoridades no jornal fundado por ele e o amigo Engels.
Ainda na Bélgica Marx começou a escrever teses sobre o socialismo. Juntamente a Engels entraram para a “Liga dos Justos” que seria conhecida posteriormente como “Liga dos Comunistas”, a Liga era uma sociedade secreta dos operários alemães com filiais em toda a Europa.
Marx passou por diversas crises financeiras e por conta de uma “vaquinha” criada por Ferdinand Lassalle e apoiada pelos seus amigos e admiradores, na Alemanha, conseguiu mudar-se com sua família para Londres, Reino Unido, onde passou boa parte de sua vida. Nesse período começou a trabalhar como correspondente do jornal New York Tribune.
Família e morte
Marx e Jenny tiveram sete filhos (Jenny Caroline, Jenny Laura, Edgar, Henry Edward, Jenny Eveline, Jenny Julia e um bebê que faleceu antes mesmo de ter sido nomeado), dos seis filhos, dois faleceram ainda na infância, decorrente das condições em que a família vivia (na época em que Marx e sua família viviam em situações precárias, sem saneamento e praticamente sem dinheiro para comida), duas outras cometeram suicídio muitos anos depois do falecimento do pai.
Marx teve ainda um filho, Frederick Demuth, com a empregada da família, Helena Demuth, mas não assumiu a paternidade, sendo assim assumida pelo amigo Engels, que entregou Frederick a uma família em Londres, continuando pagando sua pensão.
Marx sofreu muito com o falecimento de sua esposa em 1881, desenvolvendo bronquite e pleurisia, o que ocasionou sua morte em 1883. Por não ter uma nacionalidade – visto que foi expulso do seu país e teve sua nacionalidade cassada – foi enterrado como apatriado, no cemitério de Highgate, em Londres, onde em 1954 foi colocado um busto dele sobre seu jazigo e em sua lápide escrito o final do Manifesto Comunista em que diz “proletários de todos os países, uni-vos!”
Obras e teorias de Marx
Em 21 de fevereiro de 1848, após o segundo congresso da Liga dos Justos e próximo as revoluções de 48, Marx e Engels lançam o Manifesto Comunista, a sua obra mais famosa. Ela foi escrita baseada no trabalho de Engels (Os princípios do comunismo).
No Manifesto Comunista, Marx e Engels criticam o capitalismo, declarando um sistema não justo, por os meios de trabalho e seus frutos não serem divididos de modo igualitário. Defendem a ideia de luta de classes e clama pela união da classe trabalhadora.
Visto que a classe considerada superior (detentora de capital) explorava a classe considerada inferior (trabalhadora/operária), ou seja, para uns era dado poder – mesmo sem o mérito – e para outros somente submissão, sem ter ao menos acesso ao que produziram.
Enquanto a burguesia detém os meios de produção, o proletariado somente detém sua força de trabalho. O que gera muito lucro a burguesia e quase nada ao proletário, que somente tem acesso ao seu pequeno salário em detrimento da sua mão de obra. Por esses motivos, para Marx, o mecanismo capaz de mudar a história era a luta de classes.
Nas palavras de Marx: “a sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da sociedade feudal, não suplantou os velhos antagonismos de classe. Ela colocou no lugar novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta. […] A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado” (MARX, K. ENGELS, F. p. 8, 1848).
O Manifesto é encerrado por um aclame a essa sociedade “os comunistas não se rebaixam a dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à ideia de uma revolução comunista! Os proletários nada têm a perder nela a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos” (MARX, K. ENGELS, F. p. 65, 1848).
Marx continuou a escrever suas teorias sobre política. Em 1867 publicou uma das suas obras mais importantes, O capital, que demorou 16 anos para ser finalizada e é constituída por um conjunto de quatro livros. A obra é considerada uma das maiores obras do marxismo e dos estudos das relações econômicas.
A grande obra é dividida em:
- O processo de produção do capital
- O processo de circulação do capital
- O processo global da produção capitalista
- Teoria da mais-valia
Nessa divisão são abordados conceitos que são de suma importância, utilizados e estudados até hoje, como o conceito e o estudo de mercadoria, da força do trabalho e da sua produtividade, tempo de produção e valorização do produto e fetichismo de mercadoria.
Alguns dos principais conceitos para Marx: o materialismo histórico é o ponto central que rege toda a obra de Marx. Para ele, o materialismo histórico consiste em todos os elementos da vida de uma sociedade para reduzir as suas condições materiais.
Ou seja, toda a humanidade se explica por sua estrutura econômica e pelo modo em que o seu sistema produtivo é organizado. O trabalho, como mencionado, seria a atividade fundamental para o homem, pois é ligada a sua sobrevivência e a economia. Visto isso, Marx defende a luta de classes como o principal meio de reestruturação.
Para o pensador, o modelo de trabalho adotado (assalariado) é totalmente injusto, além de intensificar a exploração, já que na prática os burgueses não realizam o trabalho, quem faz todo o esforço é o proletariado, mas praticamente todo o lucro é levado aos burgueses que retiram uma parte dessa riqueza para si.
Todo esse dinheiro que o burguês retira do lucro para si, ou seja, dinheiro pelo qual não trabalhou, é denominado por Marx como mais-valia. E esse processo para Marx era um roubo, pois o burguês está se apropriando de algo que pertenceria aos trabalhadores.
Para Marx ainda, o trabalho era alienado, “o que constitui a alienação do trabalho? Primeiramente, ser o trabalho externo ao trabalhador, não fazer parte de sua natureza e, por conseguinte, ele não se realizar em seu trabalho mas negar a si mesmo, ter um sentimento de sofrimento em vez de bem-estar, não desenvolver livremente suas energias mentais e físicas mas ficar fisicamente exausto e mentalmente deprimido.
[…] Por fim, o caráter exteriorizado do trabalho para o trabalhador é demonstrado por não ser o trabalho dele mesmo, mas trabalho para outrem, por no trabalho ele não se pertencer a si mesmo, mas sim a outra pessoa.” (MARX, K. 1844, p. 93).
Ou seja, a produção dos produtos não tem como objetivo as pessoas em si, mas sim a própria produção, além da rotina alienada do trabalhador, que é focado somente em uma parte da produção – não sabendo produzir o produto final como um todo, ele ainda é excluído quanto a aquisição, pois na maioria das vezes não tem dinheiro suficiente para adquirir aquele bem.
Tendo em vista o trabalho alienado, surge ainda o conceito de reificação. O proletariado, atingido pela alienação, perde o contato com o real significado de ser, com a sua individualidade e características. O trabalhador torna-se e sente-se como uma “coisa”, tendo ainda a obrigatoriedade de alcançar o sucesso pleno – no âmbito social, profissional, financeiro, intelectual, etc.
Ele não mais sabe quem é como indivíduo, importando apenas o sucesso visível e não mais o seu sucesso pessoal. Para Marx as pessoas se veem segundo os critérios e valores estabelecidos pelo mercado, passando assim os seres humanos a se verem como mercadorias/objetos.
Toda a mercadoria, de acordo com Marx, acabava ganhando uma luz da qual não tinha, ou seja, os objetos ganhavam – na cabeça dos seres – poderes divinos, que eram atribuídos aos próprios homens. Por exemplo, um carro passava de algo capaz de conduzir com velocidade os passageiros para algo capaz de conquistar coisas e utilizado como objeto de poder.
Alerta que, na modernidade, o individuo trata as mercadorias como objetos de adoração. Esse processo de encantamento era denominado fetiche.
A ideologia de Marx era caracterizada como um conjunto de ideias pelas quais uma pessoa é levada a pensar da forma que é conveniente a classe que detém o poder. Diferente da música do Cazuza, em que ele quer uma ideologia para viver e isso tem uma carga boa, para Marx, nem sempre essas ideologias são positivas.
Elas distorcem a realidade e escondem os conflitos das sociedades. Para ele, o conceito de ideologia tem cinco características: naturalização, universalização, abstração, lacuna e inversão.
O primeiro ligado a aceitação de situações como se fossem naturais; o segundo a imposição dos valores das classes superiores as classes dominadas; o terceiro, ligado aos valores e ideias das classes superiores que se tornam universais na medida em que há uma abstração das outras realidades; o quarto é o esvaziamento deixado pela ideologia, ou seja, se determinada situação for explicada, pode revelar as ilusões da ideologia; e o quinto, é a realidade invertida em que a ideologia coloca o indivíduo.
Para quebrar com todos esses meios impostos pelo capitalismo, como já mencionado aqui anteriormente, o único modo seria através da revolução do proletariado (o socialismo), que destruiria o sistema capitalista e faria das empresas e do sistema propriedade de todos, ou seja, não existiria diferença entre trabalhadores e burguesia, todos trabalhariam e todos teriam direitos ao lucro. Ou seja, se o trabalhador tudo produz, a tudo ele pertence.
Citações de Marx
Veja aqui algumas citações de Marx, quem sabe você pode utilizá-las na sua redação do vestibular?!
“A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas”
“Aos oprimidos é permitido uma vez a cada poucos anos decidir quais representantes específicos da classe opressora devem representá-los e reprimi-los”
“Não é a consciência dos homens que determina seu ser, mas, ao contrário, seu ser social que determina sua consciência”
“As revoluções são a locomotiva da história”
“O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem; a essência domina-o e ele adora-a”
“Uma ideia torna-se uma força material quando ganha as massas organizadas”
“Mais importante do que interpretar o mundo, é contribuir para transformá-lo”
Resumo
- Karl Heinrich Marx
- Nascido em Tréveris, em 5 de maio de 1818
- Veio de uma família de rabinos de classe média alemã
- Estudou direito, mas abandonou para estudar Filosofia ambos na Universidade de Berlim
- Tese de doutorado aprovada na Universidade de Jena aos 23 anos
- Escreveu para vários jornais depois de ter a carreira acadêmica frustrada
- Casou-se com sua amiga de infância, Jenny von Westphalen e teve 7 filhos
- Estabeleceu parceria com Friedrich Engels, filósofo alemão
- Escreveu diversas obras, dentre as mais famosas, O Manifesto Comunista e O Capital
- Seus conceitos norteiam estudos de economia e política até hoje
- Faleceu em 1883, aos 64 anos, decorrente de bronquite e pleurisia.
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