Imagine que você sai de casa a caminho do trabalho. Se despede dos seus pais, pega o ônibus mas a viagem demora mais do que o esperado: tem uma blitz rolando alguns metros à frente. Com resignação, você decide comprar uma bala do vendedor que acabou de passar ao seu lado enquanto acessa sua série favorita pelo celular.
Apenas nesse último parágrafo podemos apontar, no mínimo, quatro instituições sociais que aparecem nas primeiras horas de um dia bastante comum para muitas pessoas. Consegue identificá-las? Se ficou difícil, o artigo de hoje é para você. Vamos apresentar o que são instituições sociais e como podemos compreendê-las através da Sociologia.
Como surgem as Instituições Sociais?
Quando nascemos encontramos um mundo inteiro já organizado, independentemente da nossa vontade. Nos adequamos a regras, valores, costumes e até mesmo a sistemas econômicos que seguem padrões muito difíceis de modificar.
Esses padrões são mantidos através das instituições sociais, estruturas que organizam a vida em sociedade. Elas orientam nossas condutas a partir de um conjunto de regras e valores preestabelecidos. Nenhuma instituição social “surge do nada’, cada uma atende a alguma demanda que a sociedade possui, ou seja, supre a necessidades sociais específicas.
As instituições sociais podem surgir de forma espontânea, como a família, ou podem ser criadas, como as religiões. Cada uma desempenhando uma função.
A família por exemplo é responsável pela nossa socialização primária, enquanto a religião confere sentido e explicação a vida a partir de uma experiência com o sagrado, compondo a socialização secundária.
- Socialização primária: É onde aprendemos a linguagem e todas as regras básicas da sociedade, como a moral e os modelos de comportamento do grupo ao qual pertencemos.
- Socialização secundária: É onde aprendemos os processos de socializado em novos setores, além do ambiente familiar. É onde passamos a conhecer a sociedade e as diferenças sociais em nível maior. Na escola, na igreja, no trabalho, nos grupos de amigos, etc.
Principais pensadores
Émile Durkheim (1858 – 1917)
Durkheim é uma das principais referências nessa discussão. Sua ênfase na influência da sociedade sobre os indivíduos produziu uma concepção muito rica acerca das instituições sociais e seu papel na formação dos indivíduos.
As instituições sociais são, para ele, o principal objeto de estudo da Sociologia. Pois permitem observar a relação entre o que é individual (de cada um) e o que é coletivo (comum a todos nós). Afinal, existe uma relação não só de oposição mas de intensa aproximação entre essas duas esferas.
Para Durkheim, a sociedade sempre se sobressai sobre o indivíduo a partir de regras, normas e costumes que se perpetuam ao longo do tempo. Concepções individuais, portanto, não seriam capazes de modificar esta ordem socialmente instituída, pois a base da sociedade estaria no que ele chama de consciência coletiva. Conceito que veremos a seguir.
Max Weber (1864 – 1920)
Weber, outro sociólogo clássico muito importante, parte de um princípio oposto ao de Durkheim. Para ele, a sociedade existe como uma realidade concreta, mas não se define como algo exterior aos indivíduos. Weber concebe a sociedade portanto como o conjunto das ações recíprocas dos indivíduos.
Conceitos chaves
Para compreendermos a contribuição desses autores na discussão sociológica sobre as instituições sociais, é preciso retomar e compreender dois conceitos-chave importantes na construção de suas respectivas obras. São eles os conceitos de consciência coletiva e de ação social.
Consciência coletiva:
É o conjunto de regras, normas e costumes que existem independente dos indivíduos, contribuindo para a manutenção da sociedade. Durkheim considera as consciências individuais frutos da consciência coletiva, que se consolida nas instituições sociais.
As instituições sociais portanto são fundamentais na composição da sociedade, pois nos ensinam a fazer parte dela. Elas seriam o “elo” de ligação entre os indivíduos e as concepções sociais exteriores à ele. Não por acaso Durkheim elegeu as instituições sociais como o principal objeto de estudo da Sociologia.
Ação Social:
Toda ação realizada mediante a expectativa ou sentido compartilhado em relação a ação de outro (indivíduo ou grupo de indivíduos).
Ao invés de uma permanência que se impõe às consciências individuais, a sociedade em Max Weber se mantém na probabilidade de que as pessoas ajam socialmente a partir de determinado sentido comum. Essa concepção também se estende para as instituições sociais.
As instituições sociais para este sociólogo portanto são organizações que possuem autoridade legal sobre indivíduos ou sobre a sociedade. Essa autoridade contudo depende de legitimação e adesão individual.
As instituições ajudam a sociedade a ser coesa na medida em que congrega os indivíduos através de sentidos comuns compartilhados por eles.
Como estudar as Instituições Sociais?
Para estudar as as Instituições Sociais é preciso levar em consideração as funções desempenhadas por cada uma, assim como sua estrutura (forma de organização) assumida. As instituições sociais também podem ser agrupadas a partir do seu tipo formação e atuação.
Principais Características das Instituições Sociais
As instituições sociais podem surgir espontaneamente em decorrência das relações entre as pessoas ou serem criadas em consequência dos desdobramentos das relações sociais.
Quando elas servem para controlar as ações do interior da sociedade, elas são conhecidas como reguladoras. Quando seu objetivo é servir de apoio para as relações, elas são operacionais.
- Permanência: As instituições sociais existem antes de nós e continuarão existindo depois de nós, pois tendem à permanência. Sendo assim, mesmo com a queda de governos, ou com estados entrando em crise, a função social desempenhada pela política se mantém durante séculos.
- Historicidade: As instituições sociais apresentam uma historicidade. Isso significa que, ao se relacionarem a estruturas sociais estabelecidas, elas podem apresentar diferentes formas ao longo do tempo.
- Funções bem definidas: As instituições sociais, como vimos, desempenham funções específicas dentro da sociedade. Por mais que elas se complementem e influenciem umas às outras, essas funções são muito bem definidas. A função da religião não é a mesma desempenhada pelo Estado por exemplo.
- Superação dos indivíduos: Toda instituição social é formada por pessoas, ou seja, elas dependem da adesão dos indivíduos de uma sociedade para continuar existindo. Isso significa que as instituições sociais se mantém apesar das vontades individuais, mas também por causa delas.
Contudo, a vontade coletiva (conforme visto com Durkheim)supera a vontade de apenas um indivíduo ou grupo de indivíduos e garante a influência exercida pelas instituições sociais.
- Poder Coercitivo: A coerção se refere ao controle que as instituições sociais exercem em relação ao nosso comportamento. Quando agimos diferente dos padrões sociais preestabelecidos, sofremos algum tipo de retaliação, que varia desde uma simples discriminação ou forma de punição mais severa, como o encarceramento. Este poder coercitivo também se manifesta quando agimos de acordo com as regras. Sem que percebamos, quando seguimos as regras como se elas fossem algo natural e não uma construção, estamos obedecendo à forças coercitivas que são construídas e instituídas socialmente.
- Poder moral: As instituições sociais não são apenas coercitivas, ou seja, as pessoas não são apenas “forçadas” a agir de acordo com as convenções sociais. Elas também são convencidas a isso, através de valores morais compartilhados socialmente. Ou seja, a sensação de culpa e vergonha são comuns quando agimos fora dos padrões preestabelecidos assim como a sensação de satisfação ou dever cumprido nos invade quando seguimos as regras convencionais.
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