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Exercício Resolvido: Sociologia Brasileira

Teste seus conhecimentos para o ENEM: resolva um exercício sobre Sociologia Brasileira e, depois, confira a resposta comentada por nossos monitores!

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Veja questões de provas anteriores em GABARITO ENEM.

1. (ENEM 2009) “Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índio – e mais tarde de negro – na composição. Sociedade que se desenvolveria defendida menos pela consciência de raça, do que pelo exclusivismo religioso desdobrado em sistema de profilaxia social e política. Menos pela ação oficial do que pelo braço e pela espada do particular. Mas tudo isso subordinado ao espírito político e de realismo econômico e jurídico que aqui, como em Portugal, foi desde o primeiro século elemento decisivo de formação nacional; sendo que entre nós através das grandes famílias proprietárias e autônomas; senhores de engenho com altar e capelão dentro de casa e índios de arco e flecha ou negros armados de arcabuzes às suas ordens”.
De acordo com a abordagem de Gilberto Freyre sobre a formação da sociedade brasileira, é correto afirmar que

a) a colonização na América tropical era obra, sobretudo, da iniciativa particular.
b) o caráter da colonização portuguesa no Brasil era exclusivamente mercantil.
c) a constituição da população brasileira esteve isenta de mestiçagem racial e cultural.
d) a Metrópole ditava as regras e governava as terras brasileiras com punhos de ferro
e) os engenhos constituíam um sistema econômico e político, mas sem implicações sociais.

 

 

 

GABARITO:

  1. A

E aí, galera, tudo na paz? Espero que vocês estejam bem animados, pois hoje trataremos de um tema muito importante para o ENEM, mas, sobretudo, para nossa reflexão pessoal: a formação social do Brasil. É isso mesmo: hoje nós vamos falar sobre nosso país – e ainda vamos fazer questão do Enem sobre o assunto. É, mas para que o nosso papo seja rigoroso e não descambe para a conversa de bar, precisamos pôr alguns pingos nos is.

A discussão sobre a formação social do Brasil se confunde com o próprio surgimento da sociologia brasileira. Quando, ainda na década de 30, surgiram entre nós os primeiros sociólogos, todos eles tinham uma preocupação central em comum: afinal, quem somos nós? O que significa ser brasileiro? Qual é a identidade nacional do Brasil? Naturalmente, as respostas formuladas pelos pensadores do período foram as mais variadas, no entanto, todos eles procuraram encontrar na história brasileira, na formação de nossa sociedade, as raízes de sua identidade. Assim, é dos anos 30 e desse debate sobre a brasilidade que nos vêm as obras magnas do pensamento social brasileiro, tais como Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (isso mesmo, o pai do Chico Buarque) e Evolução Política do Brasil, do intelectual comunista Caio Prado Júnior.

Dentre todos os sociólogos nacionais, porém, nenhum deles se compara a Gilberto Freyre. Defendido ou amaldiçoado, compreendido ou não, mas nunca ignorado, Freyre é certamente o maior pensador de nossas terras. Como seria natural, a sua obra máxima, Casa-Grande e Senzala, versa justamente sobre a formação social do Brasil e sobre a identidade de nossa pátria. Aliás, o que tornou o autor tão significativo, foi  justamente a maneira inovadora pela qual ele interpretou o Brasil. Até então era comum, sobretudo por influência do darwinismo social, considerar-se que a miscigenação, isto é a mistura de etnias, é um mal que enfraquece nações. Freyre, por sua vez, via na mistura de raças e povos que compõe o Brasil, a grande riqueza de nossa nação. Para ele, o elemento fundante da identidade nacional é o fato de que somos diversos, que a brasilidade foi constituída pela síntese entre a cultura portuguesa dos colonizadores, as matrizes originárias indígenas e as influências trazidas pelos africanos. Para Freyre, mais do que uma mera justaposição de elementos culturais diversos, o que o nosso país realizou foi a construção de uma pátria capaz de lidar com as diferenças. Nosso país não tem um grande histórico militar e a colonização aqui jamais se impôs por um conflito aberto, tal como foi no México ou no Peru.

Diante de tudo isso, é fácil de entender o texto do enunciado e marcar como correta a letra A. Ela ressalta justamente o quanto nossa colonização não se deu de maneira violenta, mas sim com pouca força do Estado. A letra B está incorreta, pois como o texto mostra, os portugueses trouxeram antes sua fé do que o comércio. A letra C é a contradição frontal de tudo o que Freyre pensava. A letra D erradamente acentua o papel do Estado, como se a colonização fosse violenta. Por fim, é evidente que, ao contrário do que diz a E, os engenhos tinham papel social importante na colonização.

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