Estamos, como você sabe, no 4º eixo temático, o de cultura e comportamento. Dentro desse eixo, estamos estudando, de um modo geral, o que é cultura (definição e exemplos), além de analisar criticamente assuntos que permeiam essa temática. Se você não viu todas essas aulas, pode ver (e rever) no site.
Vamos falar, hoje, mais especificamente, sobre a cultura brasileira, que é um tema que tem grandes chances de ser abordado na redação do Enem. Além disso, nas provas de ciências humanas e de linguagens, algumas questões podem tratar dessa temática tão importante para nós, brasileiros, como tantas vezes já aconteceu. Partiu pensar sobre a cultura nacional?
Primeiramente, vamos relembrar o conceito de cultura? Cultura, segundo o dicionário Michaelis, é um “Sistema de ideias, conhecimentos, técnicas e artefatos, de padrões de comportamento e atitudes que caracteriza uma determinada sociedade.” (Link de referência: http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/definicao/cultura%20_937655.html). Você pode ter acesso a uma definição um pouco mais ampla aqui (http://desconversa.com.br/redacao/resumo-cultura-comportamento-enem/) e aqui (http://desconversa.com.br/sociologia/resumo-cultura/).
Nós, brasileiros, somos parte de um enorme grupo que compartilha uma determinada cultura e, dentro desse grupo, há outros grupos, menores, que compartilham outras culturas. Ou seja, há certas características comuns a todos os brasileiros, porém, cada povo dentro do Brasil compartilha outras características particulares. Descomplicando isso tudo, o que se quer dizer é que paulistas, baianos, cearenses, gaúchos, cariocas, todos nós somos brasileiros e compartilhamos costumes e valores comuns como, por exemplo, a nossa receptividade. No entanto, há características particulares dentro de cada um desses grupos. Por exemplo: o funk, apesar de ser escutado e dançado em muitas partes do país, é uma particularidade dos imaginários culturais do Rio de Janeiro e de São Paulo. Ainda assim, o mesmo funk, por vezes, tem características diferentes em cada um desses estados. Indo direto ao ponto: o Brasil, como o grande país que é, tem uma diversidade cultural tão extensa quanto seu tamanho.
É importante, ou melhor, é imprescindível sabermos a razão dessa diversidade toda. A razão está na formação da nossa cultura, que se divide em quatro momentos. São eles: o período da colonização, o período da independência política do Brasil para com a sua metrópole, o período da república e o período que vivemos atualmente, o da globalização.
Durante a colonização, nossa nação começa a dar os primeiros passos, pelo menos em termos de formação cultural. Foi nesse momento que houve o primeiro contato de três povos muito diferentes, responsáveis pelo nosso hibridismo cultural: os europeus, os indígenas e os africanos. É importante lembrar que esses termos são uma generalização e que eles englobam diversos povos africanos e indígenas e, por isso, quando os usamos, não estamos falando de uma unidade cultural oriunda da áfrica e das tribos que aqui havia, mas de uma pluralidade imensa. Além disso, quando mencionamos os europeus, estamos falando não só dos portugueses, mas também de outras nacionalidades que aqui estiveram por tanto tempo, como os holandeses. O que isso tudo significa? A nossa cultura já começa sendo formada pela mistura de váaaarias outras. Por isso, hoje, somos um país cheio de religiões, estilos musicais, danças… Você não pode deixar de levar isso em consideração caso o tema da redação esteja relacionado a isso.
O segundo momento que mencionamos, junto ao terceiro, também é de extrema importância. Na independência do Brasil começamos, timidamente, a buscar a nossa independência cultural da Europa, já que, desde o século XVI, éramos reprodutores de tudo o que a nossa metrópole criava. Foi nesse momento que o romantismo começou a ser patrocinado aqui no Brasil, como uma tentativa de produção nacional, se tornando o primeiro passo da nossa emancipação cultural. O terceiro momento, a república, foi um grito de liberdade ainda maior. Na época, com tudo o que acontecia dentro e fora do país, a tendência era, cada vez mais, produzir coisas nossas. Nesse período, surgiu o modernismo, que veio pra mostrar como é o Brasil e pra provar que o povo brasileiro podia ser tema da nossa própria arte. (Vale lembrar que, nesse momento, os Estados Unidos da América já tinham virado o jogo e, assim como a Europa, também exportava novidades artísticas, sendo outro foco do nosso desejo de emancipação.).
O quarto momento que temos de analisar é um pouco mais simples de entendermos, já que está tão próximo de nós: a globalização. Através do avanço dos meios de comunicação, da ampla utilização da internet, de computadores, e a facilidade com que a informação circula no mundo todo, temos a sensação de que o mundo está mais dinâmico e próximo. Por conta de toda essa facilidade, é comum que haja um diálogo maior entre as culturas. Por isso temos a sensação de que nossos valores e costumes são cada vez mais iguais. Porém, as coisas não são assim como imaginamos. Esse diálogo não ocorre de forma homogênea, sendo assim, não podemos considerar que a mistura de culturas que a globalização possibilitou foi igualitária. O que queremos dizer com isso? Na verdade, com a globalização, o imperialismo cultural que sofríamos da Europa não se findou, mas passou a ser um imperialismo oriundo dos EUA. Trocamos, apenas, de metrópole. O mundo todo passou pelo mesmo processo, é claro, mas o assunto hoje é Brasil. Podemos pensar que, com a facilidade de trocar informação, nós também temos a chance de difundir nossa cultura, certo? Mas será que é isso mesmo que acontece? Ou será que nós acabamos sendo engolidos pelo American Way of Life (Jeito americano de viver)?
Que tal, agora, fazermos algumas questões sobre tudo isso que acabamos de debater?
- (ENEM 2013)
“A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio do processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O que se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente.”
MINAS GERAIS: Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em
Minas Gerais. Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988.
Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira ou o candomblé, deve considerar que elas
A) permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos.
B) perderam a relação com o seu passado histórico.
C) derivam da interação entre valores africanos e a experiência histórica brasileira.
D) contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual.
E) demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus.
- (ENEM 2009)
“Os melhores críticos da cultura brasileira trataram- na sempre no plural, isto é, enfatizando a coexistência no Brasil de diversas culturas. Arthur Ramos distingue as culturas não europeias (indígenas, negras) das europeias (portuguesa, italiana, alemã etc.), e Darcy Ribeiro fala de diversos Brasis: crioulo, caboclo, sertanejo, caipira e de Brasis sulinos, a cada um deles correspondendo uma cultura específica.”
MORAIS, F. O Brasil na visão do artista: o país e sua cultura. São Paulo: Sudameris, 2003.
Considerando a hipótese de Darcy Ribeiro de que há vários Brasis, a opção em que a obra mostrada representa a arte brasileira de origem negro-africana é:
3) (UERJ)
No final da década de 1950, a sociedade brasileira passava por transformações marcantes em diferentes áreas.
A letra da canção “Chiclete com banana” enfoca o seguinte elemento da conjuntura desse momento:
A) difusão da cultura estrangeira
B) diversificação da identidade étnica
C) valorização da pluralidade artística
D) expansão da dependência econômica