A História das Constituições brasileiras
A Constituição do Império
Entendemos que o surgimento das Constituições como resultados de um projeto iluminista está relacionado aos séculos XVIII e XIX. Ainda que a antiguidade pese sobre nossas leis, John Locke, Montesquieu, Rousseau e Voltaire formaram a base da sociedade ocidental. Com esses filósofos, algumas ideias passaram a nortear a política ocidental, como:- Defesa das liberdades
- Direito à propriedade privada
- Igualdade jurídica
- Soberania do povo
Constituição da Proclamação da República ao Estado Novo
No dia 24 de fevereiro de 1891, uma nova Constituição foi aprovada, mas sem monarquia e parlamento. Vigorava então, desde 1889, o regime republicano, com o presidente Deodoro da Fonseca. Apesar da chamada República da Espada ter apresentado um caráter autoritário, a nova Constituição estabeleceu diversos marcos do liberalismo.Com ela:- O Estado se tornava laico
- Garantiu-se a divisão e o equilíbrio dos três poderes.
- Eliminou definitivamente o poder moderador
- Instituiu o habeascorpus
- Reafirmou a abolição da escravidão
- Manteve o voto censitário, mas com menos restrições e aberto.
[caption id="attachment_177881" align="alignnone" width="600"]
Presidente da Assembleia Constituinte assina a Carta Magna de 1934 - Fonte: Memorial da Democracia.[/caption]
- garantiu a prisão e exílio de opositores
- Dissolveu o Congresso
- Proibiu partidos políticos
- Censurou a imprensa.
A constituição no contexto da ditadura militar
Em 1945, a ditadura do Estado Novo já não se sustentava mais. Assim, a redemocratização teve início, levando Eurico Gaspar Dutra ao poder em 1946. No mesmo ano, uma nova constituição foi promulgada, estabelecendo, enfim, marcos liberais e democráticos.A nova Constituição retomou muitas características da de 1934, colocando-as, desta vez, em prática. Assim, garantiu o princípio federalista, com autonomia dos estados e municípios e o equilíbrio entre os três poderes. A mesma também manteve as conquistas trabalhistas de 1934, como a CLT, o direito à greve e a livre associação sindical. Quanto ao voto, a Constituição garantiu o sistema democrático, com voto direto e secreto para presidente e pluripartidarismo. Desta vez, a conquista do voto feminino foi posta em prática, como um direito de todas as mulheres. A Constituição de 1946 era, portanto, uma vitória para os direitos individuais e a defesa da liberdade e das igualdades jurídicas. Apesar de diversas ementas e tentativas de golpe entre 1946 e 1964, garantiu minimamente o funcionamento democrático e constitucional do Estado. Entretanto, para alguns grupos da elite e da classe média brasileira, a democracia e a liberdade se tornaram ideais indesejados. Assim, em março de 1964, o golpe civil-militar rompeu a estabilidade democrática e anulou direitos. A Constituição manteve o funcionamento do Congresso, mas com claro desequilíbrio entre os poderes. O executivo, agora, poderia interferir plenamente, adicionando Atos Institucionais (Ais) na própria Constituição. Com um projeto de Segurança Nacional e visando combater um “inimigo interno”, a ditadura desrespeitou os direitos e as liberdades individuais.- Opositores foram perseguidos
- partidos fechados
- pessoas presas, exiladas e torturadas.
A transição democrática em 1985
O caráter de estado de exceção vigorou durante os anos com os militares no poder, perseguindo, torturando e matando opositores. Durante 21 anos, suprimiu-se as liberdades individuais e os direitos conquistados com tantos esforços. Com a opressão e a violência, o Estado não podia ser investigado ou mesmo contestado. Casos de corrupção eram abafados, excessos não eram denunciados e torturadores, até hoje, permanecem impunes. Assim, ao final da década de 1970, com o desgaste do milagre econômico e do próprio autoritarismo militar, a Ditadura iniciou um processo de reabertura. Um processo, entretanto, que se caracterizou por ser “lento, gradual e seguro”, sem pôr em risco os interesses conquistados pela elite brasileira que apoiara a ditadura nos últimos anos. De fato, gradualmente a ditadura se tornava menos repressiva. Com a Lei de Anistia de 1979, o fim do bipartidarismo e as eleições para governadores, a participação política da população aumentava. Nomes como Leonel Brizola, Luís Inácio Lula da Silva e Ulysses Guimarães ganharam destaque no cenário político. Essas figuras interpretavam os anseios por maior liberdade e democracia da população.Nas ruas, a manifestação do povo era evidente, diversas passeatas, a partir dos anos 1980, passaram a exigir maiores direitos políticos. Além da insatisfação com os militares, gritava-se “Diretas Já”, demonstrando a vontade do povo de votar diretamente para presidente. No entanto, o projeto dos militares de uma redemocratização segura saiu vitorioso. Com a derrota da emenda Dante de Oliveira, as eleições de 1985 ocorreram de forma indireta mais uma vez. Porém, agora, com a vitória de um candidato civil, Tancredo Neves. Apesar do presidente eleito não assumir, por conta de seu falecimento, o governo continuou com um civil no poder, José Sarney. É neste contexto, portanto, que se iniciou a Assembleia Constituinte para pensar a nova Constituição.A Assembleia Constituinte de 1987
Com a democracia se restabelecendo, em 1986, eleições por todo o Brasil formaram uma Assembleia constituída por 559 parlamentares. Esse planejamento consistia em uma ideia de Congresso Constituinte, diferente do que havia sido feito em Constituições do passado. Enquanto em outros casos, membros específicos foram eleitos apenas para escrever a Constituição, em 1987, o próprio Congresso era o responsável.Estes juravam representar a população brasileira e atender aos anseios por maior democracia e liberdade. Os parlamentares pertenciam principalmente aos partidos PMDB, PFL, PTB, PSD e outros, sendo a Assembleia presidida por Ulysses Guimarães.No esquema abaixo podemos perceber a composição desse Congresso, dominado, sobretudo, pelo PMDB:
Apesar do domínio do PMDB, havia certa pluralidade política, se compararmos com o bipartidarismo da ditadura. Essa mínima pluralidade garantiu não apenas uma redemocratização conservadora, como também algumas medidas progressistas muito importantes. Vale destacar que essas conquistas foram alcançadas mesmo com uma baixa representatividade. Dentre os 559 parlamentares, apenas 25 deputadas eram mulheres, por exemplo. Assim, com esses representantes, os textos e novas leis foram debatidos durante 19 meses. Em 1988, a nova Constituição era, enfim, promulgada, com 245 artigos e o apelido de “Constituição Cidadã”.A Constituição Federal de 1988
Nascendo em um período de redemocratização e representando os anseios por maior liberdade, a nova Carta contrariava a de 1967. Afastando o autoritarismo dos últimos anos, a Constituição de 1988 retomava as garantias básicas de todos os cidadãos brasileiros.Através dela, garantia-se:- os direitos à liberdade, seja de expressão, de pensamento ou de manifestação
- o direito ao voto, sendo desta vez ampliado para todos os cidadãos e cidadãs maiores de 18 anos
- eleições diretas, universais e obrigatórias
- a questão dos Direitos Humanos
- o Habeas Corpus a todos os cidadãos
- a tortura como crime inafiançável.
Para se preparar para o ENEM e melhorar sua nota, continue lendo outros artigos sobre história!
Gostou do conteúdo? Conheça o cursinho pré-enem da Descomplica e mergulhe em um aprendizado dinâmico que vai te preparar para fazer a melhor prova da sua vida!
