Uma das maiores dificuldades de quem prestará o ENEM é a elaboração da redação. Para ajudá-los nesse caminho que à primeira vista parece difícil, vamos ver alguns pontos importantes para que se produza um texto argumentativo de qualidade. Vamos nessa?
A redação
No texto dissertativo-argumentativo, você terá a tarefa de convencer o leitor sobre o seu ponto de vista frente a determinado tema, expondo argumentos coerentes e sólidos. Seu texto poderá ter quatro ou cinco parágrafos, em que dois ou três são o desenvolvimento dos seus argumentos. O primeiro consiste na introdução do tema e o último na conclusão, que também é o lugar para elaborar uma firme e bem desenvolvida proposta de intervenção. Vamos ver cada parte da redação para entender como devemos desenvolver sua estrutura.
A introdução
Este parágrafo inicial deve, por excelência, cativar o leitor, ou seja, ganhar sua total atenção, despertando sua curiosidade. Para que isso aconteça de forma eficaz, é necessário que você seja criativo na apresentação do tema. Para tal feito, poderão ser usadas citações, flashes, conceitos entre outros artifícios para que a contextualização temática seja eficiente. O importante aqui é não enrolar muito. Estabeleça a sua tese de forma clara e objetiva, permitindo que o leitor entenda de que forma o assunto será discutido ao longo do texto.
A argumentação
É neste momento que a sua tese será desenvolvida. Você apresentará fatos consistentes a fim de corroborar o seu ponto de vista. Evite o excesso de informações, para que não cause, no seu parágrafo, um empilhamento de ideias. Aprofunde seus argumentos e explore-os de maneira a levar o leitor à reflexão. As informações aqui dadas, os fatos, os exemplos precisam estar muito bem relacionados com o tema e justificando a sua defesa de opinião. É muito importante, também, que seus parágrafos argumentativos estabeleçam uma conexão entre eles, demonstrando uma cadeia lógica de raciocínio. O senso comum deve ser banido e a marca autoral deve ser primordial. O texto autêntico traz mais validade ao texto. Organize as ideias, utilize conectivos, abuse da norma culta! Fundamente bem a sua argumentação e tenha certeza do que está defendendo. Busque sempre informações verídicas e não paute seu texto em generalizações e achismos.
A conclusão
No último parágrafo do texto o espaço é dedicado à síntese do que foi discutido, ou seja, deve-se resumir em poucas palavras o que foi discutido, apresentando a sua opinião final, a sua conclusão sobre por que seus argumentos foram tão fundamentais. Após esse momento é a hora de apresentar soluções para o problema que foi abordado na sua argumentação. Apresente uma proposta sólida, que vise amenizar ou até mesmo resolver o problema levantado. Desenvolva as formas pelas quais serão executadas as propostas e utilize bons agentes sociais como meio de resolver a questão. Governo, ONG’s, mídia, a ação individual, a família, a escola e a sociedade são sempre opções de protagonismo na resolução dos problemas. Não esqueça dos conectivos e de fazer uma proposta cabível, executável e possível. A utopia não tem lugar aqui.
Dica
A dica mais valiosa para a construção de uma argumentação firme é a extensa leitura sore o tema. Ler jornais, revistas, artigos, assistir debates, conversar com pessoas são meios de entender melhor um tema e aprofundar o seu raciocínio. Discuta com pessoas diferentes, não se prendam a um só ponto de vista. Questionem as informações a todo momento. Leiam cada vez mais para que possam ter bastante informação e formular com categoria argumentos sólidos e convincentes.
Boa sorte e bom 1000! 😉
Exercícios
1. (FUVEST) “Além de parecer não ter rotação, a Terra parece também estar imóvel no meio dos céus. Ptolomeu dá argumentos astronômicos para tentar mostrar isso. Para entender esses argumentos, é necessário lembrar que, na Antigüidade, imagina-se que todas as estrelas (mas não os planetas) estavam distribuídas sobre uma superfície esférica, cujo raio não parece ser muito superior à distância da Terra aos planetas. Suponhamos agora que a Terra esteja no centro da esfera das estrelas. Neste caso, o céu visível à noite deve abranger, de cada vez, exatamente a metade da esfera das estrelas. E assim parece realmente ocorrer: em qualquer noite, de horizonte a horizonte, é possível contemplar, a cada instante, a metade do zodíaco. Se, no entanto, a Terra estivesse longe do centro da esfera estelar, então o campo de visão à
noite não seria, em geral, a metade da esfera: algumas vezes poderíamos ver mais da metade, outras vezes poderíamos ver menos da metade do zodíaco, de horizonte a horizonte. Portanto, a evidência astronômica parece indicar que a Terra está no centro da esfera de estrelas. E se ela está sempre nesse centro, ela não se move em relação às estrelas.”
(Roberto de A. Martins, Introdução geral ao Commentarius de Nicolau Copérnico)
Os termos além de, no entanto, então, portanto estabelecem no texto relações, respectivamente de:
a) distanciamento – objeção – tempo – efeito
b) adição – objeção – tempo – conclusão
c) distanciamento – conseqüência – conclusão – efeito
d) distanciamento – oposição – tempo – conseqüência
e) adição – oposição – conseqüência – conclusão
2. (MACKENZIE) “É comum, no Brasil, a prática de tortura contra presos. A tortura é imoral e constitui crime. Embora não exista ainda na leis penais a definição do ‘crime de tortura’, torturar um preso ou detido é abuso de autoridade somado à agressão e lesões corporais, podendo qualificar-se como homicídio, quando a vítima da tortura vem a morrer. Como tem sido denunciado com grande freqüência, policiais incompetentes, incapazes de realizar uma investigação séria, usam a tortura para obrigar o preso a confessar um crime. Além de ser um procedimento covarde, que ofende a dignidade humana, essa prática é legalmente condenada. A confissão obtida mediante tortura não tem valor legal e o torturador comete crime, ficando sujeito a severas punições.”
(Dalmo de Abreu Dallan)
Pode-se afirmar que esse trecho é uma dissertação:
a) que apresenta, em todos os períodos, personagens individualizadas, movimentando-se num espaço e num tempo terríveis, denunciados pelo narrador, bem como a predominância de orações
subordinadas, que expressam seqüência dos acontecimentos;
b) que apresenta, em todos os períodos, substantivos abstratos, que representam as idéias discutidas, bem como a predominância de orações subordinadas, que expressam o encadeamento lógico da denúncia;
c) que apresenta uma organização temporal em função do pretérito, jogando os acontecimentos
denunciados para longe do momento em que fala, bem como a predominância de orações subordinadas, que expressam o prolongamento da idéias repudiadas;
d) que consegue fazer uma denúncia contundente, usando, entre outros recursos, a ênfase, por meio da repetição de um substantivo abstrato em todos os períodos, bem como a predominância de orações coordenadas sindéticas, que expressam o prolongamento das idéias repudiadas;
e) que consegue construir um protesto persuasivo com uma linguagem conotativa, construída sobre
metáforas e metonímias esparsas, bem como com a predominância de orações subordinadas, próprias de uma linguagem formal, natural para esse contexto.
Gabarito
1. E
2. B