O Mito da caverna é a alegoria mais conhecida de Platão. Ela nos ajuda a pensar sobre a evolução do conhecimento e a relação do homem com seus sentidos e experiências
O “Mito da Caverna" ou “Alegoria da Caverna” é um dos textos mais lidos na história do pensamento ocidental. Presente no livro A República, de Platão, o texto descreve uma situação metafórica, onde a sociedade se encontra aprisionada.
A ideia trazida por Platão retrata uma realidade onde um certo grupo de homens era tido como prisioneiro em uma caverna durante toda vida, e por isso não conheciam outra realidade fora dali. Eles acreditavam como única realidade o que viam nas sombras das paredes das cavernas.
Mas, o que é uma alegoria?
Alegoria vem do grego "o outro" que significa "falar em público". É uma figura de linguagem com função de uso retórico. Isso quer dizer que ela em geral transmite mais de um sentido além do literalmente exposto, tendo objetivo de passar uma ideia de forma eficaz.
Não necessariamente, uma alegoria precisa ser expressa de forma escrita. Ela pode se manifestar através de pinturas, esculturas, entre outras formas de arte e de linguagem. Podendo assim ser comparada a metáfora, sátira, fábula, entre outras figuras.
Sobre os Pensamentos de Platão e Sócrates
Platão foi um dos mais importantes pensadores da história da filosofia. Nascido na Grécia e filho de uma família aristocrata ateniense, foi discípulo de Sócrates e ficou conhecido por dar prosseguimento a muitas discussões e ensinamentos filosóficos.
Sócrates considerava a filosofia um método de reflexão que levava o indivíduo para a compreensão de si e de suas experiências da realidade, através da transformação intelectual e da revisão de suas crenças e valores.
Platão via a filosofia essencialmente como uma teoria concreta onde a capacidade de ver através de um processo de abstração era uma forma de superação da experiência concreta, considerava o método de análise um elemento importante da reflexão filosófica. Para ele, onde residiria a real natureza das coisas, o conhecimento da verdade.
O Mito da Caverna
Um grupo de homens prisioneiros vivia amarrado desde a infância em uma escura caverna. Eles eram obrigados a ficar de costas para a luz, por isso constantemente viam nas paredes imagens de sombras que refletiam imagens do que se passava do lado de fora.
Passavam por ali todos os dias homens transportando coisa e as paredes ocultavam seus corpos. Os prisioneiros só viam pelas sombras o que os homens estavam transportando. Se saíssem da caverna em algum momento e vissem as coisas como elas realmente eram, talvez não as identificassem como reais, já que eram acostumados a ver somente suas projeções.
Certo dia um dos prisioneiros conseguiu escapar da caverna, sendo surpreendido por uma nova realidade. Do lado de fora ele se depara com uma luz que nunca tinha visto antes, que agride seus olhos. Ele precisa decidir se voltaria para a caverna ou ficaria do lado de fora, neste novo mundo.
Com o tempo, o homem, agora livre, acostuma-se com esta nova situação. Ele considera essa realidade como iluminada e fica maravilhado, não desejando mais retornar para a prisão.
Ele pensa também em seus companheiros e por isso decide revelar a realidade de fora da caverna para eles. No entanto, eles ainda presos as sombras, ridicularizam o companheiro que retornou.
Nesse momento da narrativa Platão faz uma clara alusão a Sócrates, que explica o conflito entre a sombra da caverna e a luz do exterior. A Tensão aumenta até o momento em que os prisioneiros castigam o homem livre com a sua morte.
Concepção dualista de realidade para Platão
A análise dialética de Platão em A república traz uma doutrina política que coloca os amantes da verdade como os únicos que teriam condições de libertar-se da caverna, ou seja, das ilusões e noções preconcebidas.
Platão imaginou uma sociedade ideal, governada por reis-filósofos. Ele acreditava que seriam eles as pessoas capazes de atingir o mais alto conhecimento do mundo das ideias, que consiste na ideia do bem, atingindo o mundo luminoso da realidade e da sabedoria.
Para Platão, enquanto o mundo da verdade era o mundo do conhecimento, das ideias e conceitos, o mundo sensível seria o mundo do senso comum e da opinião, tendo como base as experiências pautadas nas experiências dos sentidos humanos.
Mundo Sensível x Mundo Inteligível
O mundo sensível é, para Platão, a realidade descrita por Heráclito.
As coisas no mundo sensível são percebidas pelas nossas experiências física, através dos sentidos.
Nesse mundo tudo é mudança, transformação e impermanência.
Isso ocorre porque, na explicação platônica, as coisas no mundo sensível são inacabadas.
Platão atribui ao mundo sensível um caráter ilusório.
Apesar disso, experimentar as coisas no mundo sensível é o caminho para acessar as ideias do mundo inteligível
Para nós é possível acessar o mundo inteligível pela reminiscência.
A reminiscência é a lembrança que a alma tem das ideias que contemplou no mundo inteligível
Para Platão a alma é imortal e habita o mundo inteligível até se juntar ao corpo.
No mundo inteligível a alma vê todas as ideias, mas as esquece no processo de junção ao corpo.
Essas ideias são perfeitas, eternas e imutáveis, uma influência da concepção de Parmênides sobre a realidade.
Uma coisa só se define no mundo sensível na medida em que participa da coisa no mundo das ideias (um cavalo só é um cavalo se guardar características com a ideia de cavalo)
Daí a importância das experiências no mundo sensível, depurar as ilusões e estimular a reminiscência.
Interpretando o Mito da Caverna
É possível associar os homens presos, à sociedade, e o homem liberto a um filósofo, ou pensador. Os homens presos conhecem apenas o mundo sensível, já o liberto conhece a verdadeira essência das coisas através do mundo das ideias.
Platão coloca, em sua obra, a importância da educação e do conhecimento como instrumento de aproximação da verdade, por realçar o senso crítico.
No senso comum, o conhecimento se apresenta a partir das impressões aparentemente notáveis pelos homens, através das sombras. Já o conhecimento científico, representa a luz, pois é baseado em comprovações.
Desta forma, segundo Platão, assim como o prisioneiro, as pessoas deveriam confrontar suas experiências e verdades, através da luz, que é o conhecimento. Ele pode trazer o novo e com isso ser chocante, mas também libertador.
Para Platão, uma tendência social é a adequação, onde por meio de imposições, muitas vezes não conseguimos perceber a realidade. Seja por alienação ou comodismo, que nos aprisiona. Desta forma, O Mito da Caverna, assim como o pensamento filosófico, são um convite para à reflexão e estímulo ao conhecimento e libertação humana.
O conhecimento pode ser chocante, incômodo e confuso para aqueles que nunca entraram em contato com outras formas de pensar. O prisioneiro é morto por ser considerado louco e o senso comum volta a dominar. Desta forma, é possível identificar a ideia de que, a curiosidade leva ao conhecimento, que por sua vez é algo impossível de se manter indiferente.
A morte do prisioneiro, como dissemos, poderia ser considerada também, a morte de Sócrates, que buscava desestabilizar o senso comum, através do pensamento filosófico. Ele morre no mundo sensível, mas não no mundo inteligível.
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