Vamos falar sobre a 2ª geração do Romantismo, também conhecida como o Mal do Século?
O Mal do século é definido como pessimismo extremo, em face do passado e do futuro, sensação de perda de suporte, apatia moral, melancolia difusa, tristeza, culto do mistério, do sonho, da inquietude mórbida, tédio sem causa, sofrimento, ausência da alegria de viver, desencanto em face do cotidiano, desilusão amorosa, depressão profunda, resultando em males físicos, mentais ou imaginários que levam à morte precoce ou ao suicídio. Tais quais as músicas do Legião Urbana relacionadas abaixo:1. Pessimismo: “A Via Láctea”
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=FBFc3OggIzA[/embed]A música retrata toda a depressão e pessimismo que Renato Russo já vinha demonstrando alguns meses antes de morrer.
“Quando tudo está perdidoSempre existe um caminhoQuando tudo está perdidoSempre existe uma luzMas não me diga isso
Hoje a tristezaNão é passageiraHoje fiquei com febre a tarde inteiraE quando chegar a noiteCada estrelaParecerá uma lágrima
Queria ser como os outrosE rir das desgraças da vidaOu fingir estar sempre bemVer a leveza das coisas com humos
Mas não me diga isso
É só hoje e isso passaSó me deixe aqui quietoIsso passaAmanhã é outro diaNão é?
Eu nem sei porqueMe sinto assimVem de repente um anjoTriste perto de mim
E essa febre que não passaE meu sorriso sem graçaNão me dê atençãoMas obrigadoPor pensar em mim
Quando tudo está perdidoSempre existe uma luzQuando tudo está perdidoSempre existe um caminho
Quando tudo está perdidoEu me sinto tão sozinhoQuando tudo está perdidoNão quero mais serQuem eu sou
Mas não me diga issoNão me dê atençãoE obrigadoPor pensar em mim”.
2. Dor existencial: “Há Tempos”
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=8z-fxcdHmDE[/embed]Renato escreveu essa musica para os adultos. Ele quis compartilhar da falta de atenção aos jovens e adolescentes. Que sem a devida orientação se perdem pelos caminhos obscuros da vida e sofrem as consequências da tristeza, da solidão e da dor.
“Parece cocaínaMas é só tristezaTalvez tua cidadeMuitos temores nascemDo cansaço e da solidãoDescompasso, desperdícioHerdeiros são agoraDa virtude que perdemosHá tempos tive um sonhoNão me lembro, não me lembro
Tua tristeza é tão exataE hoje o dia é tão bonitoJá estamos acostumadosA não termos mais nem isso
Os sonhos vêm e os sonhos vãoE o resto é imperfeito
Dissestes que se tua vozTivesse força igualÀ imensa dor que sentesTeu grito acordariaNão só a tua casaMas a vizinhança inteira
E há temposNem os santos têm ao certoA medida da maldadeE há tempos são os jovensQue adoecemE há temposO encanto está ausenteE há ferrugem nos sorrisosSó o acaso estende os braçosA quem procuraAbrigo e proteção
Meu amor,Disciplina é liberdadeCompaixão e fortalezaTer bondade é ter coragemLá em casa tem um poçoMas a água é muito limpa."
3. Sofrimento: “Angra dos Reis”
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=khcbLyNStqo[/embed]A música fala de um relacionamento acabado, quando diz "agora todos os dias são iguais” remete a um relacionamento de conflito com alguns momentos bons, e não tendo mais a rotineira presença da pessoa amada ele sente falta. Na parte "se fosse só sentir saudades, mas tem sempre algo mais” ele foi o culpado do fim, por isso ele amarga a dor dessa separação. O que nos remete à idealização da mulher amada.
“Deixa, se fosse sempre assimQuente, deita aqui perto de mimTem dias que tudo está em pazE agora os dias são iguaisSe fosse só sentir saudadeMas tem sempre algo maisSeja como forÉ uma dor que dói no peitoPode rir agoraQue estou sozinhoMas não venha me roubar
Vamos brincar perto da usinaDeixa pra láA Angra dos ReisPor que se explicarSe não existe perigo?
Senti teu coração perfeitoBatendo à toa e isso dóiSeja como forÉ uma dor que dói no peitoPode rir agoraQue estou sozinhoMas não venha me roubar
Vai ver que não é nada dissoVai ver que já não sei quem souVai ver que nunca fui o mesmoA culpa é toda sua e nunca foi
Mesmo se as estrelasComeçassem a cairE a luz queimasse tudo ao redorE fosse o fim chegando cedoVocê visse o nosso corpoEm chamas!Deixa pra lá
Quando as estrelasComeçarem a cairMe diz, me dizPr’onde éQue a gente vai fugir?."
4. Isolamento: “Esperando por mim”
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=IJ8W3E5P3q4[/embed]Através das estrofes "o mal-do-século é a solidão/Cada um de nós imerso em sua própria arrogância/esperando por um pouco de atenção" fica evidente o sofrimento decorrente do isolamento.
“Acho que você não percebeuQue o meu sorriso era sinceroSou tão cínico as vezesO tempo todoEstou tentando me defenderDigam o que disseremO mal do século é a solidãoCada um de nós imerso em sua própria arrogânciaEsperando por um pouco de afeiçãoHoje não estava nada bemMas a tempestade me distraiGosto dos pingos de chuvaDos relâmpagos e dos trovõesHoje à tarde foi um dia bomSaí pra caminhar com meu paiConversamos sobre coisas da vidaE tivemos um momento de pazÉ de noite que tudo faz sentidoNo silêncio eu não ouço meus gritosE o que disseremMeu pai sempre esteve esperando por mimE o que disseremMinha mãe sempre esteve esperando por mimE o que disseremMeus verdadeiros amigos sempre esperaram por mim
E o que disseremAgora meu filho espera por mimEstamos vivendoE o que disseremOs nossos dias serão para sempre"
A terceira fase do Romantismo questiona a ideologia da primeira geração, que tem como pano de fundo a Independência do Brasil. Os escritores da primeira geração, como José de Alencar, representam o povo brasileiro como resultado da união de duas etnias: o branco europeu e o índio – mas deixa o negro de fora desse projeto nacionalista-literário. Afinal, numa sociedade escravocrata, transformar o negro em heróis seria uma grande contradição.
5. Perfeição – Legião Urbana
[embed]https://www.youtube.com/watch?v=UueCjRrQLM4[/embed]Analisando já o primeiro parágrafo desta música irônica, percebemos que a banda se refere à covardia das pessoas que roubam e que entram em guerras, assim como na época da escravidão retratada no condoreirismo.
“Vamos celebrarA estupidez humanaA estupidez de todas as naçõesO meu país e sua corjaDe assassinos covardesEstupradores e ladrõesVamos celebrarA estupidez do povoNossa polícia e televisãoVamos celebrar nosso governoE nosso estado que não é nação
Celebrar a juventude sem escolasAs crianças mortasCelebrar nossa desunião
Vamos celebrar Eros e ThanatosPersephone e HadesVamos celebrar nossa tristezaVamos celebrar nossa vaidade
Vamos comemorar como idiotasA cada fevereiro e feriadoTodos os mortos nas estradasOs mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiçaA ganância e a difamaçãoVamos celebrar os preconceitosO voto dos analfabetosComemorar a água podreE todos os impostosQueimadas, mentirasE sequestros
Nosso casteloDe cartas marcadasO trabalho escravoNosso pequeno universoToda a hipocrisiaE toda a afetaçãoTodo rouba e toda indiferençaVamos celebrar epidemiasÉ a festa da torcida campeã
Vamos celebrar a fomeNão ter a quem ouvirNão se ter a quem amarVamos alimentar o que é maldadeVamos machucar o coração
Vamos celebrar nossa bandeiraNosso passadoDe absurdos gloriososTudo que é gratuito e feioTudo o que é normalVamos cantar juntosO hino nacionalA lágrima é verdadeiraVamos celebrar nossa saudadeE comemorar a nossa solidão
Vamos festejar a invejaA intolerânciaA incompreensãoVamos festejar a violênciaE esquecer a nossa genteQue trabalhou honestamenteA vida inteiraE agora não tem maisDireito a nada
Vamos celebrar a aberraçãoDe toda a nossa falta de bom sensoNosso descaso por educaçãoVamos celebrar o horrorDe tudo istoCom festa, velório e caixãoTá tudo morto e enterrado agoraJá que também podemos celebrarA estupidez de quem cantouEssa canção
Venha!Meu coração está com pressaQuando a esperança está dispersaSó a verdade me libertaChega de maldade e ilusão
Venha!O amor tem sempre a porta abertaE vem chegando a primaveraNosso futuro recomeçaVenha!Que o que vem é Perfeição!"
E aí, curtiu aprender mais sobre o Romantismo com a banda Legião Urbana? Para se aprofundar no assunto, não deixe de ler o resumo sobre a matéria :)

