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5 músicas do Legião Urbana para você entender melhor a 2ª e 3ª fase do Romantismo

Aprender sobre Romantismo com a banda Legião Urbana só é possível aqui no nosso blog! Venha se preparar para o vestibular e deixe os concorrentes para trás!

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 Vamos falar sobre a 2ª geração do Romantismo, também conhecida como o Mal do Século?

O Mal do século é definido como pessimismo extremo, em face do passado e do futuro, sensação de perda de suporte, apatia moral, melancolia difusa, tristeza, culto do mistério, do sonho, da inquietude mórbida, tédio sem causa, sofrimento, ausência da alegria de viver, desencanto em face do cotidiano, desilusão amorosa, depressão profunda, resultando em males físicos, mentais ou imaginários que levam à morte precoce ou ao suicídio. Tais quais as músicas do Legião Urbana relacionadas abaixo:

1. Pessimismo: “A Via Láctea”

A música retrata toda a depressão e pessimismo que Renato Russo já vinha demonstrando alguns meses antes de morrer.

“Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz

Mas não me diga isso

Hoje a tristeza
Não é passageira
Hoje fiquei com febre a tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela
Parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humos

Mas não me diga isso

É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é outro dia
Não é?

Eu nem sei porque
Me sinto assim
Vem de repente um anjo
Triste perto de mim

E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado
Por pensar em mim

Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho

Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser
Quem eu sou

Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim”.

2. Dor existencial: “Há Tempos”

Renato escreveu essa musica para os adultos. Ele quis compartilhar da falta de atenção aos jovens e adolescentes. Que sem a devida orientação se perdem pelos caminhos obscuros da vida e sofrem as consequências da tristeza, da solidão e da dor.

“Parece cocaína
Mas é só tristeza
Talvez tua cidade
Muitos temores nascem
Do cansaço e da solidão
Descompasso, desperdício
Herdeiros são agora
Da virtude que perdemos

Há tempos tive um sonho
Não me lembro, não me lembro

Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso

Os sonhos vêm e os sonhos vão
E o resto é imperfeito

Dissestes que se tua voz
Tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira

E há tempos
Nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
E há tempos são os jovens
Que adoecem
E há tempos
O encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
Só o acaso estende os braços
A quem procura
Abrigo e proteção

Meu amor,
Disciplina é liberdade
Compaixão e fortaleza
Ter bondade é ter coragem
Lá em casa tem um poço
Mas a água é muito limpa.”

3. Sofrimento: “Angra dos Reis”

A música fala de um relacionamento acabado, quando diz  “agora todos os dias são iguais” remete a um relacionamento de conflito com alguns momentos bons, e não tendo mais a rotineira presença da pessoa amada ele sente falta. Na parte  “se fosse só sentir saudades, mas tem sempre algo mais” ele foi o culpado do fim, por isso ele amarga a dor dessa separação. O que nos remete à idealização da mulher amada.

“Deixa, se fosse sempre assim
Quente, deita aqui perto de mim
Tem dias que tudo está em paz
E agora os dias são iguais

Se fosse só sentir saudade
Mas tem sempre algo mais
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho
Mas não venha me roubar

Vamos brincar perto da usina
Deixa pra lá
A Angra dos Reis
Por que se explicar
Se não existe perigo?

Senti teu coração perfeito
Batendo à toa e isso dói
Seja como for
É uma dor que dói no peito
Pode rir agora
Que estou sozinho
Mas não venha me roubar

Vai ver que não é nada disso
Vai ver que já não sei quem sou
Vai ver que nunca fui o mesmo
A culpa é toda sua e nunca foi

Mesmo se as estrelas
Começassem a cair
E a luz queimasse tudo ao redor
E fosse o fim chegando cedo
Você visse o nosso corpo
Em chamas!
Deixa pra lá

Quando as estrelas
Começarem a cair
Me diz, me diz
Pr’onde é
Que a gente vai fugir?.”

4. Isolamento: “Esperando por mim”

Através das estrofes “o mal-do-século é a solidão/Cada um de nós imerso em sua própria arrogância/esperando por um pouco de atenção” fica evidente o sofrimento decorrente do isolamento.

“Acho que você não percebeu
Que o meu sorriso era sincero
Sou tão cínico as vezes

O tempo todo
Estou tentando me defender
Digam o que disserem
O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria arrogância
Esperando por um pouco de afeição
Hoje não estava nada bem
Mas a tempestade me distrai
Gosto dos pingos de chuva
Dos relâmpagos e dos trovões
Hoje à tarde foi um dia bom
Saí pra caminhar com meu pai
Conversamos sobre coisas da vida
E tivemos um momento de paz
É de noite que tudo faz sentido
No silêncio eu não ouço meus gritos
E o que disserem
Meu pai sempre esteve esperando por mim
E o que disserem
Minha mãe sempre esteve esperando por mim
E o que disserem
Meus verdadeiros amigos sempre esperaram por mim

E o que disserem
Agora meu filho espera por mim
Estamos vivendo
E o que disserem
Os nossos dias serão para sempre”


A terceira fase do Romantismo questiona a ideologia da primeira geração, que tem como pano de fundo a Independência do Brasil. Os escritores da primeira geração, como José de Alencar, representam o povo brasileiro como resultado da união de duas etnias: o branco europeu e o índio – mas deixa o negro de fora desse projeto nacionalista-literário. Afinal, numa sociedade escravocrata, transformar o negro em heróis seria uma grande contradição.

5. Perfeição – Legião Urbana

Analisando já o primeiro parágrafo desta música irônica, percebemos que a banda se refere à covardia das pessoas que roubam e que entram em guerras, assim como na época da escravidão retratada no condoreirismo.

“Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos covardes
Estupradores e ladrões

Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação

Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião

Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais

Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E sequestros

Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo rouba e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração

Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão

Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada

Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção

Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão

Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!”


E aí, curtiu aprender mais sobre o Romantismo com a banda Legião Urbana? Para se aprofundar no assunto, não deixe de ler o resumo sobre a matéria 🙂

Comentários

Larissa
Larissa
30/04/2016 às 16:13

Apenas complementando os comentários acima, Wagner, não apenas essa interface entre as músicas da Legião e o Romantismo foi excelente, mas também tenho que te dar parabéns pelos materiais de aula. Eles estão muito completos e bem feitos, com imagens e várias análises, por exemplo, a que você fez do "Navio Negreiro" de Castro Alves com o "Haiti" do Caetano foi show!

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Wagner Santos
Wagner Santos
30/04/2016 às 20:07

Fico muio feliz! :-) Obrigado, Larissa! Saber que estou ajudando na compreensão da matéria, é satisfatório demais!!!!


Lucas Kaoru
Lucas Kaoru
30/04/2016 às 10:31

Legião fazendo parte de todas as fases da vida e de todas as fases do Romantismo

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Wagner Santos
Wagner Santos
30/04/2016 às 13:01

Com certeza, Lucas! Legião é atemporal. Caso não conheça, ouça "Love Song", a primeira música do cd "V". É uma canção trovadoresca de Nuno Fernandes Torneol! ;-)


Natália
Natália
13/05/2015 às 21:00

Que ótima postagem Wagner! Eu amo legião, conheço as músicas citadas acima, e estudar a 2ª e 3ª fase do Romantismo com esses exemplos, foi realmente divertido! hahah Parabéns, beijos.

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Wagner Santos
Wagner Santos
29/04/2016 às 16:19

Obrigado, Natália! Fico muito feliz que tenham gostado! ;-)


GERUSA
GERUSA
09/05/2015 às 23:52

Há anos não lia algo tão interessante! Música é linguagem universal. Sempre fui fã do trabalho do Renato Russo e mesmo com sua poesia por vezes melancólica ela soa como grito interno nosso. Todos sempre se identificam em alguma letra. Acompanhei a banda desde a adolescência. Amo Legião Urbana Parabéns Wagner. Excelente análise Parabéns mesmo Adorei! ;)

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Wagner
Wagner
11/05/2015 às 19:53

Obrigado, Gerusa! Fico muito feliz por ter gostado! Nada melhor do que utilizarmos coisas que gostamos para facilitar o entendimento! ;) Gratíssimo pelo elogio!


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