Quer saber tudo sobre o Realismo e o Naturalismo? Confira estes dois filmes e fique preparado para sua prova de literatura!
Os filmes abaixo são baseados nas obras dos precursores do Realismo e Naturalismo e, dentre tantas coisas que precisamos ler para fazer uma boa prova, não custa dar uma olhada nas sinopses e explicações abaixo para ter uma noção melhor dos movimentos citados acima. #PartiuPipocaGuaranáELiteratura!
1 – Realismo: Madame Bovary – Gustave Flaubert
Madame Bovary, de Sophie Barthes – 2014.
Resumo do Livro:
Madame Bovary conta a história de Emma, uma moça criada no campo, mas com sonhos burgueses. Inspirada pelo que lê nos livros, Emma quer uma vida melhor, cheia de mimos e coisas que só os ricos podem comprar. Pensando que poderá alcançar o que tanto quer, Emma casa com Charles Bovary, um médico também do interior. Charles ama Emma apaixonadamente, mas por ignorância, não dá valor as coisas que Emma dá, não vê a beleza como Emma vê e é, na visão própria, extremamente entediante. Tentando suprir essa falta que o sonho de uma vida melhor faz, Emma procura em outros homens o alicerce para os seus desejos.
No início do livro, logo depois que Emma casa com Charles, que é quando sabemos da sua urgência pela aventura e pelo que é diferente, requintado e belo, ficamos com pena de Emma. Acho que ela é o reflexo de muitas mulheres, inclusive modernas, que são presas ou pela família ou pelo marido ou pela sociedade e não podem vivenciar suas paixões. Acontece que, durante a leitura, à medida que Emma se torna mais difícil de ser agradada, apesar das tentativas constantes do marido e dos amantes, Emma se torna chata. Dá vontade de esganar Madame Bovary! E no final do livro, a gente quer mais é que o Senhor Bovary mande a Madame pastar! Ô, criatura difícil de agradar!
Gustave Flaubert escreveu Madame Bovary primorosamente e maravilhosamente bem. Já que o livro tem poucos diálogos, grande parte dos acontecimentos são totalmente narrados, mais isso não o torna um livro entediante. Flaubert não abusa das descrições (Não chega nem perto de um Eça de Queiroz) e a narrativa flui. Dá para imaginar tudo dentro da cabeça. Há livros que tem poucas descrições dos personagens e do cenário, daí fica difícil imaginar como o autor os imaginou quando os escreveu. Com Madame Bovary é possível imaginar cada expressão de Emma e cada atitude de Charles e todo o ambiente onde a história se desenrola.
Madame Bovary foi escrito em 1857 e foi considerado um escândalo na época. Imaginem! Sem falar no adultério de Emma, um escândalo para a época, o livro critica muito a igreja e a burguesia. Flaubert foi a julgamento diversas vezes pelo romance e em uma de suas defesas, declarou “Emma Bovary c’est moi!” (Eu sou Emma Bovary!), falando assim da sua própria indignação com o clero, a sociedade e as coisas mundanas. Apesar das acusações, Flaubert nunca foi preso.
Como já sabemos, algumas das características do realismo são os sentimentos, sobretudo o amor, subordinados aos interesses sociais e o herói problemático, cheio de fraquezas. Se levarmos em conta o título da obra acima, Emma Bovary seria a “heroína”. No entanto, a narrativa começa e termina com o estúpido Charles Bovary e, nela, desempenham um papel importante na trama, o estúpido dom-juanismo de Rodolphe, a estúpida paixão de Léon, a estupidez do padre farisaico Bournisien e todo esse pequeno ambiente de província, que não deixa saída para Emma nem para ninguém. Otto Maria Carpeaux, em seu ensaio sobre a obra, comenta com grande ênfase: “O verdadeiro personagem desse romance é a estupidez humana”.
2 – Naturalismo: Germinal – Émile Zola
Germinal, de Claude Berri – 1993.
Resumo do livro:
Germinal conta a história dos mineiros que lutavam por uma vida mais digna e é de forma tão cruel que sentimos na pele o quanto a fome, o frio e a miséria humana podem desvirtuar até o mais correto dos homens.
Acompanhamos a trajetória de Etienne Lanthier, um rapaz que, desempregado, põe-se na estrada a peregrinar, até chegar a Montsou, lugar onde a imponente mina de carvão Voreux domina a paisagem. Com fome e frio, o rapaz aborda um velho que se apresenta como Boa Morte e pergunta a ele se há emprego naquele lugar. O velho não mente, diz que a crise chegou ao local e fechou todas as indústrias. A que resta é a Voreaux, mas que não sabe se ele conseguiria algo lá.
Esperançoso, Etienne segue até a mina e então temos o encontro dele com a família Maheu. Maheu é um homem robusto e pai de sete filhos, que precisa sustentar a casa e por isso coloca todos os filhos para trabalharem nas minas, sob os perigos iminentes dos gases explosivos e a água que, às vezes, bate na cintura.
Por saber como é sentir fome e não ter o que comer, o homem se apieda de Etienne e coloca-o para trabalhar de operador de vagonete.
Em meio à miséria, Etienne sente-se dividido entre ir embora e procurar uma vida melhor, ou ficar e ajudar as pessoas que se encontram em estado de miséria. Com o incentivo de Pluchart, um velho amigo, Etienne passa a estudar sobre direitos e deveres e até mesmo as teorias de Darwin, pois ele quer se tornar um líder.
Quando a situação beira o insuportável, Etienne instiga o povo a se rebelar contra a companhia e a reivindicar os seus direitos, gerando caos e devastação.
É uma obra intensa, onde os personagens são muito bem construídos e que aborda todas as características do Naturalismo: o detalhismo, o determinismo, o cientificismo, a crítica a burguesia e a Igreja e também o tratamento do ser humano como meros animais, entre outros aspectos que leva o leitor a sofrer junto com os personagens e a mergulhar no enredo de corpo e alma.