
O estudo geológico sobre as origens do relevo representa algo de extrema importância, pois, além de identificar os fatores e elementos que originaram e moldaram o relevo, possibilitam a identificação da existência ou não, por exemplo, de recursos minerais.
A estrutura geológica refere-se aos tipos de rochas que compõem uma determinada área, sua distribuição, idade e o processo geológico que as formou, enquanto o relevo refere-se à forma da superfície da terrestre. Neste sentido, a estrutura geológica indica a origem, a composição e a formação do terreno ao longo do tempo geológico, estrutura esta que assume uma determinada forma do relevo; por exemplo, as bacias sedimentares (estrutura) podem ser uma planície (forma do relevo), como é o caso da Planície do Pantanal.
De acordo com os tipos rochas e suas origens, são identificadas três estruturas geológicas: bacias sedimentares, escudos cristalinos e dobramentos modernos.
As bacias sedimentares são formações mais recentes e que representam 70% do relevo terrestre. Nelas são encontradas reservas carboníferas, que datam da era Paleozoica, e reservas de petróleo, que datam da era mesozoica, períodos em que ocorreram atividades vulcânicas e surgimento de répteis grandes, como os dinossauros. Esta estrutura origina planícies, planaltos sedimentares e depressões. Destaque para o Rio de Janeiro e o Espírito Santo na exploração de petróleo, e de Santa Catarina na exploração de carvão mineral.
Os escudos cristalinos, também conhecidos como crátons ou maciços antigos são estruturas rígidas e resistentes compostas por rochas cristalinas que datam de idade geológica bem antiga, da Era Pré-cambriana, onde surgiu a vida. São compostos por rochas magmáticas e metamórficas e apresentam riqueza de minerais – ouro, ferro, granito e outros. Geralmente originam planaltos e depressões. Destaque para o Quadrilátero ferrífero, o Maciço do Urucum e para a Serra dos Carajás.
Os dobramentos modernos sugiram na Era Cenozoica, Era marcada pelo surgimento de mamíferos e das grandes cadeias de montanhas jovens. São formas jovens de relevo e por isso mais flexíveis e maleáveis. Situam-se nas regiões de encontro de placas tectônicas onde, devido à pressão ocasionada pelo movimento convergente em que uma placa desce e a outra soergue, as rochas – magmáticas e sedimentares – são deformadas, formando as montanhas. Alguns exemplos são a Cordilheira do Himalaia, os Alpes e os Andes.
O território brasileiro se localiza sobre a placa tectônica sul-americana e apresenta uma estrutura rochosa antiga e estável, livre de tremores de alta intensidade, característica que tem relação com a ausência de dobramentos modernos. Neste sentido, com o desenvolvimento de pesquisas geológicas, identificou-se a constituição do relevo brasileiro como sendo formado por duas estruturas geológicas, as bacias sedimentares (64% do total) e os escudos cristalinos (36%).
O relevo brasileiro tem origem na ação de diferentes agentes geomorfológicos, agentes internos (como o caso do tectonismo e vulcanismo, sendo este segundo no passado) e agentes externos, como ventos, chuvas, rios, a ação do homem, temperatura e outros. Além destes, a estrutura geológica também é um elemento que influencia a formação do relevo.
O relevo brasileiro, no seu processo de formação, não sofreu a ação dos movimentos orogenéticos oriundos do choque entre placas tectônicas, responsáveis pelo surgimento dos dobramentos modernos, que originam um relevo de altitudes elevadas. Por isso, caracteriza-se pela presença de três grandes formas de relevo de altitudes que variam entre baixa a média: planaltos, depressões e planícies.
Os planaltos e as depressões representam as formas predominantes ao ocupar aproximadamente 95% do território brasileiro, enquanto as planícies representam os 5% restantes.
Devido à grande diversidade de formas e estruturas de relevo, o mesmo foi classificado pelos pesquisadores de diferentes formas, cada qual levando em consideração critérios distintos.
A primeira classificação do relevo brasileiro foi proposta por Aroldo de Azevedo, em 1949, e tinha por critério a altitude, isto é, o nível altimétrico das estruturas. A classificação identificou 4 planaltos – Planalto das Guianas, Planalto Central, Planalto Atlântico e Planalto Meridional – e 3 planícies – Planície Amazônica, Planície do Pantanal e Planície Costeira.
A segunda classificação foi de Aziz Ab’Saber, proposta em 1962. Adotou-se um critério baseado em processos geomorfológicos – erosão e intemperismo. O relevo seria então formado por planícies, estas relacionadas à sedimentação, e por planaltos, estes relacionados à erosão. Em relação à classificação de Aroldo de Azevedo, Ab’Saber dividiu o Planalto Atlântico em Planalto Nordestino e serras e Planaltos do Leste e Sudeste, além de acrescentar os Planalto do Maranhão-Piauí e Uruguaio-Sul-Rio-Grandense.
Por fim, a classificação de Jurandyr Ross, admitida até hoje, foi proposta em 1990 e tinha por critério classificatório a morfologia das estruturas. Além disso, esta classificação está associada ao uso de tecnologias como satélites e fotos de sensoriamento remoto devido ao projeto que vigorou de 1970 a 1985, Radam-Brasil. Identificaram-se então 28 unidades de relevo entre planaltos (acima de 300 metros de altitude, produto de erosão), depressões (entre 100 e 500 metros de altitude) e planícies (área plana formada a partir do acúmulo recente de sedimentos).
Três grandes recortes no relevo brasileiro originam perfis que permitem uma melhor visualização das formas do relevo encontradas. São eles os perfis: da região Norte, da região Nordeste e do Centro-oeste/Sudeste.
O perfil Norte possui aproximadamente 2 mil quilômetros e inicia-se nas serras de Roraima, estendendo-se até o estado de Mato Grosso. O ponto central deste perfil é o Rio Amazonas e as planícies no seu entorno, tanto à esquerda quanto à direita, que são seguidas por um planalto (Planalto da Amazônia central), depressões (Depressão Marginal Norte-Amazônica à esquerda e a Depressão Marginal Sul-Amazônica à direita) e mais planaltos (Planaltos Residuais Norte-Amazônicos à esquerda e Planaltos Residuais Sul-Amazônicos à direita).
O perfil Nordeste possui aproximadamente 1,2 mil quilômetros, estendendo-se do Maranhão à Pernambuco. Ele conta com o rio Parnaíba, com Planaltos e chapadas da bacia do rio Parnaíba, com a Escarpa do Ibiapaba, com a Depressão Sertaneja, com o Planalto da Borborema, com os Tabuleiros litorâneos e, por fim, com o Oceano Atlântico.
O perfil Centro-Oeste/Sudeste apresenta aproximadamente 1,5 mil quilômetros de extensão, iniciado no Mato Grosso do Sul e estendendo-se até o litoral de São Paulo. Esse perfil conta com a planície do Pantanal, com os planaltos e as chapadas da bacia do Paraná, com o rio Paraná, com a depressão da bacia do Paraná, com planaltos e serras do leste-sudeste e, por fim, com o oceano Atlântico.
1. (UEL) A estrutura geológica do Brasil é composta por:
I. Escudos cristalinos, muito antigos, de rochas rígidas e resistentes que originaram planaltos e algumas depressões, compondo 1/3 do território nacional.
II. Bacias sedimentares compostas de rochas sedimentares que originaram as planícies, planaltos sedimentares ou depressões, ocupando cerca de 64% do total do país.
III. Dobramentos modernos que originaram planaltos e relevos montanhosos, formados no Terciário, ocupando cerca de 30% do território nacional.
IV. Escudos cristalinos recentes, pouco desgastados por processos erosivos, que deram origem às formas de relevo no qual predominam os planaltos montanhosos distribuídos por quase todo o território nacional.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
2. (Enem) As plataformas ou crátons correspondem aos terrenos mais antigos e arrasados por muitas fases de erosão. Apresentam uma grande complexidade litológica, prevalecendo as rochas metamórficas muito antigas (Pré-Cambriano Médio e Inferior). Também ocorrem rochas intrusivas antigas e resíduos de rochas sedimentares. São três as áreas de plataforma de crátons no Brasil: a das Guianas, a Sul-Amazônica e a do São Francisco.
ROSS, J. L. S.Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998.
As regiões cratônicas das Guianas e a Sul-Amazônica têm como arcabouço geológico vastas extensões de escudos cristalinos, ricos em minérios, que atraíram a ação de empresas nacionais e estrangeiras do setor de mineração e destacam-se pela sua história geológica por:
a) apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em jazidas minerais (ferro, manganês).
b) corresponderem ao principal evento geológico do Cenozoico no território brasileiro.
c) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que originaram a maior planície do país.
d) possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em reservas de petróleo e gás natural.
e) serem esculpidas pela ação do intemperismo físico, decorrente da variação de temperatura.
3. (UFU-Adaptada) Considerando as classificações de relevo propostas por Jurandyr Ross e Aziz Ab’Sáber, analise as afirmativas abaixo:
( ) A classificação de Ab’Sáber assenta-se sobre a geomorfologia climática, enquanto a de Ross leva em consideração também a geomorfologia estrutural.
( ) O relevo brasileiro, de acordo com o mapa de Ross, possui basicamente três grandes unidades geomorfológicas: planaltos, depressões e planícies.
( ) A classificação de Ross apresenta uma divisão em dois táxons: o primeiro relacionado com a estrutura geológica e o segundo referente aos nomes locais e regionais das unidades morfo esculturais.
A sequência correta é:
a) F F F
b) V V F
c) V V V
d) F F V
e) V F V
1. A
2. A
3. B