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Independência do Brasil: entenda como aconteceu e fatos que influenciaram

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O processo de independência do Brasil não foi algo tão simples, linear e pacífico como muitas vezes acreditamos. 

Se não bastassem as tensões políticas entre Brasil e Portugal, ocorreram diferentes conflitos e situações em diversas regiões diferentes, e até mesmo negociações internacionais foram necessárias para chegarmos a emancipação.

Para conhecer esses conflitos e entender os marcos que levaram a independência do Brasil, é necessário compreender uma série de questões e mudanças que ocorreram desde o Brasil colônia.

Sendo assim, preparamos um conteúdo que vai te deixar a par de tudo o que importa, nos acompanhe para entender todo o contexto da independência do Brasil. 

Boa leitura!

Questões que influenciaram a independência do Brasil

Reunimos alguns importantes acontecimentos de antes da independência do Brasil que acabaram influenciando para que ela ocorresse. É importante ficar por dentro deles para entender todo o contexto da independência, confira:

A transferência da Família Real

Pintura óleo em tela representando a chegada da família real ao brasil, um fato que foi marco no processo de independência do brasil.

Chegada da Família Real portuguesa ao Rio de Janeiro – Pintura de Geoffrey Hunt

O início do século XIX foi um período turbulento na Europa. 

Com o processo de Revolução Francesa e a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder, o velho continente se encontrava politicamente fragmentado.

As tradicionais monarquias lutavam contra a difusão do iluminismo e o poder da burguesia, que crescia na Europa e na América, alimentando os sentimentos de independência, igualdade e nacionalismo. 

Neste contexto, buscando ampliar a importância da França no mercado global e resistir aos ataques das Coligações, Napoleão iniciou uma série de ofensivas e intervenções pela Europa. 

Dentre elas, a mais importante foi contra a Inglaterra, grande potência marítima e econômica, que já havia derrotado a França na Batalha de Trafalgar, em 1805. 

Visando novas estratégias para derrubar a Inglaterra, Napoleão lançou assim o chamado Bloqueio Continental, que em resumo:

  • Tentava sufocar a economia britânica, impedindo que os ingleses mantivessem seus negócios com outros países; 
  • Punia qualquer nação que mantivesse acordos econômicos ou abrisse seus portos para os navios ingleses;
  •  Almejava tornar a França a grande economia europeia.

Tendo em vista essa conjuntura, Portugal, muito dependente da economia britânica e endividado desde a assinatura do Tratado de Methuen, em 1703, encontrava-se em uma situação delicada. 

Sem muitas alternativas, a Coroa portuguesa decidiu furar o bloqueio e aceitar o apoio inglês para proteção do país e uma retirada estratégica da família real para a colônia na América.

Cercada por uma Espanha já dominada pela influência francesa, com José Bonaparte no trono, e com as tropas de Napoleão ameaçando uma invasão, D. Maria I e o príncipe regente D. João transferiram toda a corte da metrópole para o Rio de Janeiro. 

Por outro lado, em Lisboa, o comando da resistência ficou com o britânico Lorde Beresford. 

A vinda da família real foi um marco que posteriormente acabou influenciando na Independência do Brasil, nos acompanhe para entender todo o contexto.

Confira o vídeo que trouxemos com um resumão da Revolução Francesa e fique por dentro de tudo:

A modernização do Rio de Janeiro, então capital do Brasil

Ao chegar no Brasil, em 1808, D. João respeitou os acordos com os ingleses, assim, tratados foram assinados para dar vantagens comerciais aos britânicos no Brasil, como:

  • A abertura dos portospara as nações amigas(permitia a entrada de navios britânicos no Brasil);
  • O Tratado de Aliança e Amizade (que marcava as tarifas alfandegárias para os produtos britânicos em 15%, para os portugueses em 16% e para as demais nações estrangeiras em 24%);

A chegada da Coroa também modernizou o Rio de Janeiro, com a criação de:

  • Casa da Moeda; 
  • Banco do Brasil; 
  • Jardim Botânico; 
  • Imprensa Real; 
  • Biblioteca Real.

Tendo em vista que no fim do século XVIII as elites já viajavam para a Europa e estudavam em famosas universidades, a modernização da capital também facilitou a circulação do iluminismo

Uma consequência disso foi a Revolução Pernambucana, em 1817, que, tomada por ideias liberais, contestou o aumento tributário para bancar os luxos da monarquia, o que hoje vemos como um movimento que já dava sinais de buscar a independência do Brasil. 

Assim, com a abertura dos portos e a elevação do país ao status de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, o Brasil enfim se despediu da situação colonial de forma oficial. 

Mas, para muitos o fim do pacto colonial não bastava, pois um forte sentimento de independência e liberdade crescia cada vez mais. 

Nos jornais, charges, lojas maçônicas e meios políticos, aos poucos o grito de independência do Brasil surgia.

A Revolução Liberal do Porto

Enquanto o Brasil crescia e se modernizava, Lisboa, por sua vez, amargurava-se com o abandono. 

A antiga metrópole convivia com as cicatrizes após o fim da Guerra Peninsular (1807-1814), contra Napoleão, e permanecia controlada pelos militares ingleses e pelo Lord Beresford.

Insatisfeitos com essa condição de submissão e com o abandono da Coroa, em 1820, a burguesia do porto, acompanhada por importantes membros do clero, da maçonaria e do exército, realizou um levante. 

Os integrantes da chamada Revolução Liberal do Porto criaram a Junta Provisional do Governo Supremo do Reino e divulgaram o “Manifesto da Nação Portuguesa aos Soberanos e Povos da Europa”. 

Neste documento, os revolucionários do vintismo deixaram claro suas insatisfações e exigências, dentre elas estavam: 

  • o retorno imediato da família real portuguesa; 
  • a elaboração de uma Constituição; 
  • a submissão do rei às leis;
  • o retorno da condição colonial do Brasil, com a exclusividade comercial para os portugueses.

Confira abaixo o nosso vídeo sobre a revolução liberal de Porto caso queira saber mais sobre o tema:

A Independência do Brasil: entenda como aconteceu

O Dia do Fico e a Rebelião de Avillez

A convocação das Cortes portuguesas para a elaboração de uma Constituição, que prejudicaria o Brasil e a independência econômica que as elites conquistavam, era vista de forma ruim na antiga colônia. 

Para tentar contornar a situação, o rei D. João VI retornou ao país, mas deixou seu filho, o Príncipe da Beira, D. Pedro, como regente no Brasil. 

Defendendo a permanência do príncipe e as liberdades conquistadas nos últimos anos, uma elite nacional formada por aristocratas, grandes comerciantes e membros da maçonaria se reuniu no Partido Brasileiro

O grupo, que funcionava mais através de interesses em comum do que propriamente como um partido político, elaborou uma carta ao regente com 8.000 assinaturas pedindo que o mesmo ficasse. 

Assim, no dia 9 de janeiro de 1822, após ler o pedido, D. Pedro declarou ao povo que ficaria no Brasil, apoiando o partido brasileiro na manutenção da autonomia conquistada. 

As Cortes portuguesas, todavia, não ficaram satisfeitas com a decisão do Príncipe da Beira, enviando a Divisão Auxiliar do exército português, liderada por Jorge Avillez, para pressionar D. Pedro. 

Avillez, que havia sido nomeado por D. João VI, em 1821, como Governador das Armas da Corte e da Província do Rio de Janeiro, chegou a mobilizar as tropas na região do antigo Morro do Castelo. 

Visando defender os interesses do Príncipe Regente, a Guarda Real da polícia também foi mobilizada, conseguindo impedir a ação dos portugueses e o sucesso da chamada Rebelião de Avillez.

Enfim, este evento colaborou para o processo de independência do Brasil, visto que levou à demissão de Avillez e dos ministros portugueses, assim como ao afastamento das tropas lusitanas. 

Desta forma, com este cenário D. Pedro conseguiu finalmente formar um novo ministério só com brasileiros e chefiado por seu conselheiro, José Bonifácio, um importante passo para a independência brasileira. 

A declaração da independência do Brasil 

A formação do novo ministério e a convocação de uma Assembleia Constituinte demonstraram a ousadia de D. Pedro I em reafirmar sua posição e contrariar Portugal.

Entretanto, disposto a enfrentar Lisboa, um dos atos de maior provocação foi feito no dia 1º de agosto de 1822, com a assinatura de um decreto que declarava inimiga qualquer tropa enviada de Lisboa sem o seu consentimento. 

Em resposta, as Cortes portuguesas enviaram, ainda em agosto, novas ordens, exigindo: 

  • o retorno imediato do príncipe; 
  • a anulação de todas as suas decisões. 
  1. Pedro recebeu a notícia enquanto estava em São Paulo, recebendo também cartas de sua esposa D. Leopoldina e de José Bonifácio incentivando o príncipe a declarar a independência do Brasil. 

Assim, no dia 7 de setembro de 1822, D. Leopoldina e seus ministros assinaram a declaração de independência do Brasil. 

  1. Pedro, em São Paulo, enfim apoiou a emancipação definitiva, garantindo a formação do Estado brasileiro independente.

Apesar do 7 de setembro ser uma data simbólica para a independência do país, essa conquista também desdobrou por diversas regiões brasileiras, que precisaram enfrentar as tropas portuguesas que ainda resistiam em cada um dos locais. 

Dentre batalhas as regiões, podemos destacar:

  • a Convenção de Beberibe, em Pernambuco (1821);
  • A independência da Bahia (1823);
  • Os conflitos em São Luís, no Maranhão (1823);
  • A resistência portuguesa no Grão-Pará (1823).

Entenda mais sobre a convenção de Beberibe

Em Pernambuco, os anistiados da Revolução de 1817 ainda faziam barulho e, em 1821, antes mesmo da mobilização de D. Pedro, organizaram uma nova luta, a chamada Convenção de Beberibe

Insatisfeitos com o governo do português Luiz do Rêgo Barreto, liberais de Pernambuco se reuniram no bairro de Beberibe, em Recife, formando a chamada Junta de Goiana e iniciando uma luta contra a presença portuguesa. 

A vitória dos revoltosos levou à expulsão de Barreto e das tropas lusitanas instaladas em Pernambuco, marcando enfim a primeira experiência de ruptura brasileira com Portugal no dia 5 de outubro de 1821

Entenda mais sobre a independência da Bahia e o 2 de julho

Na Bahia, com influência do movimento pernambucano, também houve um conflito entre portugueses e brasileiros. 

Entretanto, neste caso, as batalhas foram violentíssimas, deixando muitas pessoas mortas nos confrontos e exigindo, inclusive, a interferência do exército de libertação. 

Os conflitos começaram com a resistência portuguesa ao Dia do Fico, mas se encerraram apenas em 2 de julho de 1823, data celebrada todos os anos na Bahia e conhecida por muitos como a verdadeira data da independência. 

Entenda mais sobre os conflitos em São Luís do Maranhão

No processo de Independência brasileira, a marinha inglesa teve uma participação fundamental no apoio à libertação, sobretudo com a liderança do Lorde Thomas Cochrane.

Enquanto na Bahia, o militar britânico bloqueou os portos, prejudicando o acesso dos portugueses a suprimentos, no Maranhão, a resistência lusitana foi derrotada com apoio do mesmo lorde, que ameaçou bombardear São Luís e, assim, garantiu a independência da região em 28 de julho de 1823. 

Entenda mais sobre os conflitos em Grão-Pará

Na província do Grão-Pará, que era mais um reduto de resistência portuguesa, apesar dos conflitos contra brasileiros que apoiavam a independência na região, os portugueses tentaram resistir frente aos ingleses. 

Assim, D. Pedro I enviou para a província o militar inglês John Pascoe Grenfell, que garantiu a adesão da província à Independência em 15 de agosto de 1823. Por outro lado, a atuação de Grenfell foi considerada muito violenta pela prisão em massa de soldados e até mesmo a execução de muitos deles. 

As negociações no entorno da independência do Brasil

Naturalmente, o apoio da Inglaterra ao Brasil no processo de Independência era muito similar ao apoio dado por esse país nas emancipações das colônias espanholas. 

Interessada em expandir seus mercados para a América, em uma conjuntura de Revolução Industrial, cabia enfim apoiar esses Estados que surgiam para garantir o monopólio comercial.

No caso brasileiro não foi diferente, a Inglaterra enviou apoio militar para as Guerras de Independência e ainda intermediou as negociações entre Brasil e Portugal. 

Assim, em 1825, a assinatura do Tratado de Paz, Amizade e Aliança firmado entre os dois países garantiu o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas a Portugal como indenização pela Independência. 

Desta forma, o dinheiro, com as dívidas portuguesas, foi diretamente para os cofres ingleses.

Enfim, apesar da libertação do Brasil às amarras do pacto colonial com Portugal, a formação do Estado brasileiro depois da independência do Brasil acabou se mostrando dependente de uma nova nação, a Inglaterra. 

A grande potência capitalista, a partir de 1822, passou a dominar ainda mais a economia e o comércio brasileiro, que já nascia assim, um Estado endividado e dependente. 

Resumo da Independência do Brasil

  • As Guerras Napoleônicas forçam a transferência da Família Real Portuguesa para o Brasil (1807-1808);
  • D. João assina uma série de tratados para garantir o poder comercial inglês sobre o Brasil, rompendo com o pacto colonial (1810);
  • A colônia é elevada à Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815);
  • Modernização da nova capital do reino, com a criação de diversas instituições;
  • A Revolução Liberal do Porto se inicia em 1820, exigindo o retorno do rei de Portugal e a retomada do pacto colonial;
  • D. Pedro I contraria as exigências das Cortes portuguesas e, em 1822, declara que continuaria no Brasil;
  • D. Pedro I inicia uma campanha de combates e apoio a resistências contra as tropas portuguesas espalhadas pelo Brasil, declarando a independência em 1822;
  • Em 1825, Portugal finalmente reconhece a independência brasileira, com a assinatura do Tratado de Paz, Amizade e Aliança.

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