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Depressão: o que é, sintomas, tratamentos e informações para se atualizar

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Segundo O DATASUS, até 2030,  a depressão será a doença mais comum na humanidade.

No entanto, não se pode dizer que o conhecimento acerca dessa doença cresça em igual proporção. 

Apesar de hoje existir um debate mais amplo do que antes, ainda existem muitos estigmas e falácias sobre esta condição. 

Além do que tange a saúde pública, a doença que ficou conhecida como o “mal do século” se tornou um tema bastante atual e presente que deve ser conhecido, e inclusive pode aparecer no seu vestibular de muitas formas diferentes! 

Vamos ficar ligados nos principais pontos desse debate sobre a depressão?

Depressão: entenda o que é

A depressão é uma doença psíquica que tem como característica o sentimento de se perder de si mesmo. 

É fruto de uma complexa relação entre fatores sociais, psicológicos e biológicos. Ela traz como um marcante sintoma uma sensação incapacitante. 

Assim, pensamentos de culpa, tristeza, baixa autoestima podem ser sintomas. Enquanto fisicamente, podemos identificar o cansaço, sentimentos extremos e mudanças na rotina de sono e apetite. 

Mulher com cara de desânimo sentada no sofá de pijama com a casa ao redor toda bagunçada e a aparência descuidada, ilustrando sintomas da depressão.

Ao contrário do que se pensa, a depressão não é sinônimo de tristeza. 

Ela se relaciona com a falta de vitalidade e motivação. A perda do prazer na vida, não conseguir enxergar o sentido das coisas e sensações agonizantes fazem parte deste processo.  

Sintomas da depressão

Claro que a tristeza é frequentemente um sintoma, mas não se pode dizer que uma pessoa precisa estar triste sempre para ter depressão. 

Até mesmo comportamentos agressivos podem ser sintomas de depressão. 

A mente, o ambiente, o corpo, as emoções são sistemas profundamente conectados. Infelizmente a depressão pode causar diversas outras doenças, podendo até mesmo chegar ao suicídio. 

Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, existem categorias e parâmetros clínicos para diagnóstico. 

A duração e persistência dos sintomas, a abrangência do quanto aquilo inviabiliza outras atividades de sua vida, a perturbação do funcionamento psicológico e fisiológico e comportamentos extremos são alguns desses parâmetros.

Fonte: UFRGS.

Por que a depressão acontece?

Como falamos anteriormente, a depressão é fruto de uma complexa relação entre fatores sociais, psicológicos e biológicos. 

Nessa perspectiva, existem diferentes recortes e causas que se distinguem entre idades, raça, classe, gênero e orientação sexual.

Apesar disso, a depressão é uma doença que pode afetar a todos, em qualquer momento da vida. 

Sobre a relação de classes, os principais estudos na área afirmam que quanto mais carente, maior os índices de depressão. 

Apesar disso, é a população mais rica que consegue comunicar melhor e atingir o diagnóstico, enquanto nas populações pobres, esse diagnóstico tende a ser confundido com outras causas e sintomas.

A depressão é cerca de duas vezes mais ocorrente nas mulheres do que nos homens. 

Porém, culturalmente, o homem resiste mais a falar sobre sentimentos, e o estigma sobre a fraqueza causa uma menor abertura dos homens para lidar com a questão, sendo maior a dificuldade de diagnóstico e tratamento.

Claro que traumas, sobretudo nas primeiras etapas da vida onde o cérebro ainda está se formando, podem contribuir para o surgimento da doença. 

Episódios traumáticos, perdas, frustrações podem desencadear a doença. 

Existem também índices de depressão associado a altas latitudes, onde no inverno os dias são curtos, e a ausência de sol reduz a fixação de vitamina D, alterando também a produção de serotonina, podendo ser um dos fatores que chegam a desencadear a depressão. 

Apesar disso, não se pode dizer que esses são fatores determinantes. 

Muitas pessoas podem desenvolver depressão mesmo sem ter passado por mudanças traumáticas, mesmo sem motivo aparente. 

Depressão: entender sobre é um papel social 

Os estigmas que se criam sobre a doença podem atrapalhar e muito não somente o diagnóstico como o tratamento. 

Por exemplo, em 2016 no Brasil, 75 mil pessoas foram afastadas do trabalho por conta da depressão, o que impacta significativamente na economia. 

É comum que, se uma dessas pessoas é vista sorrindo em uma foto, ou viajando, haja uma descrença em relação aos motivos pelos quais ela tirou a licença. 

É importante entender que pessoas com depressão podem estar felizes, e isto é um dos tabus que demandam ser desmistificados. 

Muitas das vezes, a falta de acolhimento e compreensão sobre a doença podem agravar o problema. Pessoas com depressão riem, saem, e também por isso muitas vezes a doença fica mascarada.  

O crescente número de pessoas depressivas, ainda, nos leva a questionar a depressão enquanto uma doença social. 

No mundo contemporâneo existe uma aceleração dos processos e das experiências que, segundo estudiosos, podem esvaziar a busca de um sentido construído pelo sujeito, para a vida. 

Nesse sentido, Maria Rita Kehl, psicanalista, debate as condições de trabalho e a ideia do consumismo, do aproveitamento descartável e acelerado do tempo como um agravante da situação. 

A era da internet cria também uma supervalorização da felicidade na sociedade atual. 

Todos devem estar felizes e sempre mostrando isto. A tristeza não é naturalizada e bem aceita, apesar de fazer parte da vida. 

Pessoas tendem a esconder a tristeza e suas vulnerabilidades, mostrando apenas o seu lado positivo. 

Acontece que, para uma boa saúde mental e psíquica, todos os sentimentos devem ter o mesmo valor de importância e devem estar presentes de maneira equilibrada em nossas vidas. 

Saber lidar com as dores faz parte de uma boa saúde mental. 

Nessa perspectiva, a depressão é vista como sinônimo de fraqueza, de preguiça. 

Muitas vezes as pessoas próximas julgam essa condição. Acontece que o indivíduo que está com depressão já terá naturalmente dificuldade de buscar ajuda, pela própria característica da doença. 

O estigma social acerca dessa questão pode dificultar não somente o diagnóstico, mas também o tratamento.

Tabu da medicação: como a depressão é tratada?

Imagem de pílulas e comprimidos ilustrando os medicamentos para depressão.

A depressão em nossa sociedade não é levada com a devida seriedade de uma doença que parte famílias e marca profundamente as relações. 

Há uma banalização do termo pela falta de conhecimento sobre a doença. Somado a volatilidade dos tempos atuais, vários tabus são agregados à depressão.

A vergonha, o medo de ser julgado ou de se sentir fraco por precisar de ajuda para lidar com questões internas permeiam a realidade dos depressivos. 

Além disso, existe um medo e uma resistência sobre o uso de medicamentos, pelo receio de ele viciar, ou, no bom português, ser associado a “coisa de maluco”.  

O medo de se expor como vulnerável, e a ideia de precisar de ajuda passa ser visto como sinônimo de fraqueza pode agravar esta doença sócio-psíquica.

Acontece que a depressão possui suas causas químicas e biológicas e muitas vezes um diagnóstico adequado é capaz de tratar de forma precisa o caráter incapacitante da doença, o que pode ser decisivo para a superação do quadro. 

No entanto o uso de medicamentos é criticado sobre uma perspectiva atual. O que se debate é uma “medicalização da existência”. 

No contexto de um mundo imediatista, muitos prescrevem remédios para questões normais da vida, na mesma lógica de negar sentimentos. 

Lidar com a tristeza, com dores, é algo muito saudável e não necessariamente deve ser enquadrado como depressão. Mascarar sentimentos importantes também podem fazer muito mal.

O Brasil, por exemplo, é um dos países que mais consome o medicamento conhecido popularmente como Rivotril no mundo, segundo dados levantados pela Anvisa em 2007 e também da IMS Health em 2015. 

Muitos médicos receitam por ser um calmante que facilita o tratamento de diversas doenças. No entanto, ele não é um antidepressivo, e sim um calmante, que pode causar dependência. 

Além disso, os antidepressivos não viciam. Em alguns casos, a depressão é crônica e o tratamento deve ser contínuo. Isso não quer dizer que não há cura. 

A depressão é um processo, um estado que pode sim ser superado. 

A ideia de cura pode se associar a eliminação completa da doença, ou com a cura enquanto um processo de superação da condição, na qual você se transforma em algo melhor. 

Muitas vezes, pode haver uma dificuldade em achar o medicamento correto. 

O psiquiatra Wagner Gattaz, da Universidade de São Paulo (USP) nos lembra ainda que existe uma grande variabilidade no destino do medicamento depois que ele é tomado. 

Ou seja, cada corpo reage de uma forma e existem muitos medicamentos como opção de tratamento. Buscar o remédio certo para cada indivíduo é um desafio, mas não deve ser um obstáculo para procurar ajuda psiquiátrica.  

Tratamentos para além dos remédios

Steven Pinker, um psicólogo da Universidade de Harvard diz que “a mente é o que o cérebro faz”. O cérebro, a mente e o ambiente são integrados e as enfermidades emocionais levam consequências ao corpo. 

Dessa forma, a concepção sobre os tratamentos tem mudado na comunidade científica, onde parte dela considera que por ser uma doença complexa e multifacetada, outros elementos em conjunto com a medicação podem aliviar os sintomas e auxiliar na superação da enfermidade.

Desta forma, re-estruturar o ambiente, eliminando fatores de risco como uso de drogas, e melhorar as relações pessoais podem andar em conjunto com o tratamento. 

Exercícios físicos e boa alimentação também podem melhorar a resposta do corpo. 

Os tratamentos terapêuticos como o uso de florais e fitoterápicos, acupuntura, meditação e acompanhamento psicológico também podem ser utilizados em conjunto ao tratamento psiquiátrico. 

Como vimos, além de uma doença multifacetada, ela também possui raízes sociais. 

O que diz a OMS sobre a depressão

A OMS (Organização Mundial de Saúde) em 2001, lançou o relatório mundial da saúde e fala sobre a saúde mental sob essa nova concepção. 

Nesse documento, eles pontuam a necessidade do envolvimento dos mais diversos sectores sociais para superação desse quadro. 

Eles colocam que os problemas como pobreza, catástrofes e guerras não apenas determinam doenças mentais como impedem melhorias nas condições de tratamento. 

Setores como trabalho e emprego, comércio, educação e serviços devem oferecer uma colaboração intersectorial, criando oportunidades para melhoria das condições de vida e consequentemente da saúde mental da população.

Print de um trecho do documento da OMS que trata sobre depressão e saúde mental.

Fonte: Who.int.

Esse documento coloca, ainda, que precisamos fornecer soluções eficazes a nível mundial. 

Países mais pobres devem contar com o auxílio dos estados hegemônicos para direcionar políticas que sejam abrangentes. 

Todos os estados devem se ocupar a criar mecanismos que cuidem, desde as fases primárias da doença, passando pela distribuição de medicamentos e pelo estabelecimento de políticas e legislações nacionais, que criem formas de vínculos entre os mais diversos setores. 

Além disso, apoiar as pesquisas e gerar informações disseminadas sobre a doença para educar o público geral são fatores imprescindíveis para uma sociedade mais saudável. 

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Inclusive, como você pode imaginar, temas como depressão podem cair na redação do ENEM ou vestibulares. Assim, entender um pouco do assunto é de grande importância. 

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