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Muitas moedas douradas ilustrando o capitalismo.

Capitalismo: o que é, como surgiu, suas características e como funciona

Conheça as principais características do modo de produção capitalista e mande bem nos vestibulares.

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A construção da sociedade capitalista permeia parte dos estudos de história. Desde a antiguidade, observamos as transformações dos modos de produção no ocidente. Com a Idade Moderna, acompanhamos o processo de formação do capitalismo. 

Ao longo do século XIX, uma nova forma de produção de riquezas se consolidou no mundo, graças a força revolucionária da burguesia e a exploração do trabalho dos proletariados.

No entanto, entre o XIX e o XXI, o capitalismo apresentou múltiplas faces, mudando sempre que necessário.

Visto isso, após a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, acompanhamos a difusão do mundo burguês.

Mas, afinal, como se configura esse capitalismo atualmente?

Dessa forma, tendo em vista o complexo funcionamento do capitalismo e as diversas interpretações. Esse artigo busca compreender o que é o capitalismo, seu processo de transformações e suas características ao longo do tempo.

No texto a seguir, vamos entender o que é o capitalismo e como ele funciona.

O que é o capitalismo e como ele funciona? 

O capitalismo é um modo de produção de riquezas que surgiu na era moderna através da construção do mundo burguês. Seu funcionamento se baseia na relação entre duas partes:

  • propriedade privada da burguesia
  • venda da força de trabalho do proletariado.

Nesta relação, o burguês recebe os lucros do comércio e o utiliza em novos investimentos, fazendo circular o capital. 

O proletariado, por sua vez, recebe a menor parte desse lucro, apesar de ser responsável por quase todo o trabalho. Desta forma, há a produção de riquezas que configuram, basicamente, o funcionamento do capitalismo.

Apesar do século XX tornar essa operação mais complexa, em sua essência, o capitalismo não deixa de visar o lucro. Originando-se, principalmente:

  • dos investimentos de capitais
  • da exploração do trabalhador
  • da mais valia
  • de acordos com o Estado da livre concorrência.

Ainda que o capitalismo apresente sobretudo uma face econômica, graças à produção, a relação entre as classes extrapola esse aspecto. 

A construção do mundo burguês e da realidade dos proletariados, dentro desse sistema, também forma culturas, políticas e aspectos sociais.

Logo, podemos afirmar que o capitalismo é um modo de produção que envolve todas as esferas das relações humanas, produzindo não só bens materiais. 

Para Max Webber, por exemplo, o capitalismo seria um modo de vida, ou a própria cultura moderna.

Atualmente, a complexidade da sociedade contemporânea dificulta a definição precisa das classes sociais. Burguesia e proletariado, hoje, apresentam muitas vezes uma fronteira embaçada. 

Assim, muitas vezes, a própria cultura burguesa ou a cultura operária aparecem mais do que as próprias esferas de atuação de cada classe.

Afinal, com a mobilidade social, um trabalhador de uma fábrica pode, por exemplo, ter a propriedade privada de um estabelecimento comercial. Desta forma, essa realidade complexa, hoje, forma a base de um capitalismo que já dominou todo o planeta.

Características do capitalismo

Desta forma, como podemos caracterizar o capitalismo? Segundo alguns autores, independente da época, algumas características desse modo de produção se perpetuam, como:

  • propriedade privada do meio de produção, de preferência na mão da burguesia;
  • Estímulo à livre iniciativa privada e à competição;
  • Uso de mão de obra assalariada baseada na mais valia;
  • Economia de mercado;
  • Pouca intervenção do Estado na economia e na vida privada;
  • Estado como mediador dos interesses de classes.

Visto isso, percebe-se que o capitalismo está intimamente ligado à circulação de capital, e à relação entre burguesia e proletariado. 

Logo, no capitalismo, a burguesia é a detentora dos modos de produção e o proletariado da força de trabalho. Entretanto, apesar do trabalho manual ser do operário, os lucros da produção se concentram na burguesia.

Por conta dessa dinâmica, percebe-se também que o capitalismo ultrapassa a própria questão econômica. Portanto, ele também configura as relações sociais, o modo de pensar, as culturas e a própria política atual. 

Foto de uma pessoa em situação de vulnerabilidade, pedindo esmola na rua, ilustrando a desigualdade social que é uma das características do capitalismo

As fases do capitalismo

As origens do capitalismo ainda são debatidas entre historiadores e economistas, com alguns consensos, mas ainda algumas divergências. 

É notório que esse modo de produção teria surgido através das práticas econômicas da burguesia, aproximadamente entre os séculos XIV e XV. 

Também podemos afirmar que graças a consolidação política dessa classe que o capitalismo se estabeleceu. No entanto, algumas divergências ainda são encontradas quanto a relação entre o mercantilismo do Antigo Regime e o capitalismo. 

Para alguns historiadores, o acúmulo de riquezas e a balança comercial favorável representaria uma espécie de pré-capitalismo. Como alguns autores preferem definir, seria essa uma primeira fase de “capitalismo comercial”.

Essa perspectiva recebe críticas, pois, para muitos autores, a ideia de um “pré-capitalismo” seria anacrônica.

 O mercantilismo foi uma prática ligada sobretudo ao Antigo Regime e contrariada pela própria burguesia iluminista, logo não teria a essência do capitalismo.

Visto isso, apesar das críticas à visão do mercantilismo como uma fase inicial ou um pré-capitalismo, a utilizaremos como parte da divisão. Desta forma, podemos decompor este modo de produção em 3 fases:

  • 1º Fase – Capitalismo Comercial (Século XV ao XVIII)
  • 2º Fase – Capitalismo Industrial (Século XVIII ao XIX)
  • 3º Fase – Capitalismo Financeiro (Século XIX ao XXI)

O capitalismo comercial

Alguns estudos históricos defendem que as diversas civilizações do mundo possuíram modos de produção distintos. 

Durante a baixa idade média, o feudalismo se notabilizou pela produção de riquezas através da posse da terra e do trabalho servil. Visto isso, segundo alguns teóricos, o capitalismo comercial teria surgido como a alternativa a esse modo.

Se o feudalismo se baseava na unidade agrária voltada para a subsistência, o capitalismo, por sua vez, volta-se para a troca. Surgindo em um período de formação dos Estados-Modernos e de crescimento da burguesia, o capitalismo, inicialmente, estava ligado ao comércio. 

Entretanto, neste período, como visto, os privilégios de classes sociais já demarcavam as próprias atividades econômicas.

Enquanto a Igreja Católica, a nobreza e a monarquia enriqueciam com as colonizações e as práticas mercantilistas, a burguesia, por sua vez, era condenada. 

Segundo Max Webber, a condenação católica ao enriquecimento burguês teria sido essencial para o surgimento da reforma protestante. 

E, conclui o autor, apenas com a reforma protestante que o espírito capitalista consegue desabrochar.Afinal, para Webber, a ética protestante defende que o objetivo da vida do homem deveria ser o enriquecimento através do trabalho. 

Essa ética, que não condenaria a usura, o enriquecimento ou o trabalho manual, levaria ao desenvolvimento do próprio capitalismo. 

Deste modo, essa primeira fase seria caracterizada por um capitalismo voltado para o comércio e, segundo Webber, baseada nos princípios protestantes.

Resumo do capitalismo comercial:

  • Também visto como um pré-capitalismo;
  • Política econômica baseada no mercantilismo;
  • Acúmulo de capital;
  • Nobreza x burguesia.
  • Produção artesanal ou manufaturada de baixa escala;

O capitalismo industrial

O século XVIII europeu se tornou um divisor de águas para a consolidação do capitalismo. 

Além da difusão dos pensamentos liberais, sobretudo de Adam Smith, a Inglaterra também iniciou o processo de Revolução Industrial.

O iluminismo e o liberalismo representaram um grande desenvolvimento do pensamento burguês na Europa. A crítica desse movimento ao mercantilismo e ao absolutismo colocou em xeque toda a estabilidade do mundo palaciano. 

Adam Smith, um dos precursores dos estudos científicos sobre a economia, apontou as principais medidas que levariam uma nação e a burguesia ao enriquecimento.

Para esse autor, o bom desenvolvimento da economia e o enriquecimento estariam vinculados a::

  • Livre comércio;
  • Não intervenção do Estado na economia;
  • Respeito ao direito à propriedade privada;
  • livre iniciativa privada;

O pensamento de Adam Smith e de outros liberais, portanto, teria sido fundamental para impulsionar as atividades dessa burguesia. 

Assim, neste período, a Revolução Industrial teve início, mudando o cenário social, cultural, econômico e político da Inglaterra. 

Com ela, um novo modo de produção, muito mais acelerado surgia. Assim como, uma nova relação social, entre burguesia e proletariado, formava-se.

A revolução industrial provocou uma enorme transformação em todas as esferas globais, impactando, inclusive, nas paisagens. 

O movimento provocou um êxodo para os centros urbanos, formando massas de trabalhadores, muitos miseráveis e desempregados. 

Enquanto isso, a velha burguesia, tratava de se expandir cada vez mais, buscando maior influência política.

Esse poder foi possível apenas com as revoluções burguesas, sobretudo na Inglaterra, com a consolidação do parlamentarismo e, em 1789, na França. 

Os dois movimentos levaram a burguesia a um novo patamar de poder e foram fundamentais para difundir o pensamento iluminista. Com esse cenário, o capitalismo passou a alterar sua face comercial e mercantil e ganhar novos contornos.

Resumo do capitalismo industrial:

  • Fruto da Revolução Industrial; 
  • Baseia-se na propriedade privada do meio de produção;
  • Burguesia x proletariado;
  • Produção em massa e industrial;
  • Expansão do mercado e redução dos preços;
  • Crescimento urbano;
  • Divisão internacional do trabalho;
  • Busca por mão de obra e matérias-primas baratas;
  • Sistema liberal.

Capitalismo financeiro ou monopolista

Foto de muitas cédulas de dólares ilustrando o capitalismo financeiro.

A revolução industrial, apesar do pioneirismo inglês, expandiu-se em sua 2ª fase para diversos países do mundo. 

Desta forma, houve um aumento de diversos complexos industriais e da própria necessidade de mudança para continuar gerando lucros. 

Neste período as indústrias deixam para trás seus territórios originais e, com o apoio de bancos e de políticas imperialistas, internacionalizam-se.

Para continuar mantendo os lucros exorbitantes, os princípios liberais de Adam Smith já não bastariam mais. A livre concorrência poderia ser um empecilho e o monopólio se tornava uma saída. 

Assim, além de garantirem a hegemonia em seus setores de produção, essas empresas passaram a depender de um capital especulativo, ligado a bancos e bolsas de valores.

Portanto, visando ampliar seus valores de mercado, seus lucros e seus investidores, a política imperialista foi fundamental. Afinal, além de garantir o monopólio, acesso a mão de obra barata, matérias primas e mercado consumidor, essas empresas também poderiam atuar no mundo todo. 

Essa lógica, enfim, fundamentou a base do capitalismo atual, formado por:

  • multinacionais
  • especulação financeira
  • ações bancárias
  • permanência da exploração do trabalhador.

Resumo do capitalismo financeiro:

  • Formação de grandes monopólios e conglomerados;
  • Investimento do capital bancário sobre o industrial;
  • Fatiamento das grandes empresas em ações;
  • Predomínio dos modelos de inspiração keynesiana, com a construção de um estado de bem estar social, e do modelo neoliberal. 
  • Influência da globalização;
  • Formação de empresas multinacionais;

O capitalismo no século XX

Durante o século XIX, as revoluções liberais na Europa e o Imperialismo ajudaram a firmar e difundir o capitalismo. Entretanto, o surgimento de ideologias como o socialismo e o anarquismo colocaram o modelo econômico burguês em xeque. 

As doutrinas de ambas as ideologias, que têm como fim o comunismo, estimularam questionamentos à classe operária. 

Assim, novas críticas vieram à tona, como: 

  • O crescimento das desigualdades sociais;
  • A concentração de capital nas mãos de poucos; 
  • A exploração de operários e países periféricos;
  • As condições muitas vezes desumanas de trabalho.

Tais críticas, de fato, aproximaram cada vez mais a classe operária dos movimentos de esquerda. Estes, por sua vez, reivindicavam cada vez mais reformas e mudanças que melhorem a vida dos trabalhadores. 

Assim, como visto, com a crise do liberalismo em 1929 e a ameaça comunista, os países capitalistas reformaram suas práticas. 

Neste momento, a aplicação de modelos econômicos inspirados nos princípios de John M. Keynes se difundiu pelo mundo. O Estado passou a intervir cada vez mais na economia para garantir necessidades básicas aos trabalhadores.

O mesmo ocorreu durante a Guerra Fria. Enquanto alguns países utilizaram a violência e o autoritarismo, outros realizaram reformas para afastar a ameaça comunista. 

Esta, por sua vez, crescia cada vez mais através de revoluções e do apoio dos trabalhadores. Portanto, a continuação do estado de bem estar social foi necessária. 

Enfim, já pelo fim da década de 1970 e, principalmente, nos anos 80, um novo modelo capitalista passou a crescer, conhecido como neoliberalismo. 

Tendo em vista que o comunismo se distanciava com a falência do bloco soviético, o capitalismo tornou-se cada vez mais agressivo. 

Esse modelo permitiu políticas econômicas ainda mais radicais, como maiores privatizações, austeridade fiscal, expansão do livre comércio e cortes em direitos trabalhistas.

Quer entender melhor a diferença entre capitalismo, comunismo e socialismo? Confira o vídeo abaixo:

O capitalismo hoje

Atualmente, o capitalismo é um modo de produção que, como visto, constrói a própria cultura do mundo moderno. 

Se Webber nitidamente o define dessa forma, Marx, por sua vez, também não nega a força desse mundo burguês construído no XIX. Para o clássico autor socialista, a burguesia teria sido uma classe revolucionária, que construiu um mundo jamais visto.

Para Marx, não apenas os monumentos, mas toda a riqueza que o sistema capitalista havia construído era algo que não deveria ser destruído, por conta de sua monumentalidade. 

O grande problema desse modo de produção seria, enfim, a desigualdade. Por isso, Marx acredita que as construções da burguesia não deveriam ser destruídas, mas sim distribuídas, compartilhadas igualmente.

Entretanto, o capitalismo hoje, apesar de se estabelecer de forma global e sem concorrentes, ainda é muito criticado. 

A queda do socialismo soviético no século XX derrubou seu principal concorrente, mas muitas características do socialismo ainda são aplicadas. Visando construir um capitalismo mais humanitário, muitos governos, atualmente, aceitam a ideia de uma adaptação das ideologias.

Em sistemas voltados para a social-democracia, por exemplo, ou influenciados pelo keynesianismo, o capitalismo coexiste com práticas sociais. 

As relações trabalhistas em diversos países acabam também garantindo conquistas para a classe trabalhadora, que busca constantemente reformas no capitalismo desumano.

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