Era uma vez um país, uma cidade, uma praça, algumas mães… Las Madres de Plaza de Mayo! Silenciosas, com
lenços brancos na cabeça, rondavam a Praça de Maio. Incansáveis, caminharam por dias, meses, anos. Foram
chamadas de loucas. Em silêncio, criaram um fato político, escancararam as entranhas da repressão, desafiaram o
aparato militar e suas dores ecoaram pelo mundo. Como observou Oliveira, “à luz do dia, sob as janelas do ditador, sob chuva, sob sol, no silêncio entrecortado de gritos, faziam ouvir como que a alucinação de uma litania, que ecoou no país, na América Latina e além-mar”. Era impossível ignorá-las, estavam lá, sempre em silêncio, mas estavam lá.
GONÇALVES, R. De antigas e novas loucas: Madres e Mães de Maio contra a violência de Estado. Lutas Sociais, n. 29, jul.-dez. 2012.
O texto descreve o movimento das Madres de Plaza de Mayo, que protestaram contra o desaparecimento de seus filhos durante a ditadura militar na Argentina. Esse movimento expôs ao mundo as graves violações de direitos humanos cometidas pelo regime, incluindo sequestros, torturas e desaparecimentos forçados.