Dois grandes eventos históricos tornaram possível um caso como o de Menocchio: a invenção da imprensa e a Reforma. A imprensa lhe permitiu confrontar os livros com a tradição oral em que havia crescido e lhe forneceu as palavras que nele conviviam. A Reforma lhe deu audácia para comunicar o que pensava ao padre do vilarejo, conterrâneos, inquisidores — mesmo não tendo conseguido dizer tudo diante do papa, dos cardeais e dos príncipes, como queria.
GINZBURG, C. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Cia. das Letras, 2006.
O contexto político de Menocchio foi marcado por mudanças na forma de ver o mundo, proporcionadas por criações como a prensa de tipos móveis, o renascimento artístico e a reforma protestante. Menocchio foi um moleiro que teve acesso a livros e a conhecimentos restritos, que o possibilitaram de construir novas interpretações religiosas, dentre elas a de que o mundo teria sido criado como um queijo habitado por verme, visão que desagradava a Igreja Católica.