Senhor Juiz
O instrumento do “crime” que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revólver ou pistola,
Simplesmente, doutor, é um violão.
Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores?
Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia.
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento
Disponível em: www.migalhas.com.br. Acesso em: 23 set. 2020 (adaptado).
O delito teria como arma o violão. Como o defensor entende que não se trata de delito grave, é natural que, ao fazer a defesa em formato de repente, ele reforce a ideia de que música e linguagem podem atenuar o rigor do sistema jurídico – e, consequentemente, aliviar a pena