Questão 134 da prova azul do segundo dia do Enem 2012

Aquele bêbado

— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.

O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.

— Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos.

Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.

ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.

A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa, ocorre uma

  1. metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
  2. aproximação exagerada da estética abstracionista.
  3. apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
  4. exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
  5. citação aleatória de nomes de diferentes artistas.

Comentário da questão

O valor semântico de “beber” no texto não apresenta o sentido literal, mas sim, o conotativo, uma vez que o personagem bebe paisagens, músicas e versos. Há uma metaforização do sentido expresso no texto.

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Gabarito da questão

Opção A

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Assunto

Figuras de Linguagem