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Trump e o lema "America first!"

Acompanhe a aula sobre Trump e a geopolítica mundial

Trump e as tensões internacionais

Ataques à Síria e a tensão no Oriente Médio

Lobby e a saída do Protocolo de Paris

Questão do armamento nos EUA

Supremacistas e o medo de novos extremismos

Governo Trump e o lema “America First”

O atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sustentou toda a sua campanha presidencial durante o ano de 2016 com promessas de desenvolvimento para os Estados Unidos sob o lema “America First”. Ele prometia um grande crescimento econômico mais uma política de empregos. Porém, as medidas que o empresário expunha contemplavam apenas uma parcela dos americanos.

A eleição de Trump representa o desejo dos republicanos de terem suas propostas mais bem representadas no governo americano. Durante os oito anos de governo Obama, as fronteiras dos Estados Unidos estiveram mais abertas para os estrangeiros. Trump está implementando uma política de protecionismo: restringindo a atividade econômica americana apenas ao território nacional, dificultando processos de imigração, incitando uma corrida armamentista e cancelando programas de políticas públicas.

Trump procurou isolar seu governo da agenda internacional, porém, suas medidas são extremas. Uma das promessas feitas em campanha era de construir um muro entre a fronteira dos Estados Unidos e México para conter a migração ilegal entre os dois países. Porém, o presidente parece esquecer que cerca de 17% da população norte-americana é composta por cidadãos hispânicos.

  

Guerra Comercial – Estados Unidos x China

Donald Trump, seguindo o que foi prometido em sua campanha, anunciou, em março de 2018, que aumentaria as taxas dos produtos chineses, totalizando 50 bilhões de dólares de taxação. O objetivo é encarecer os produtos importados de origem chinesa, incentivando o consumo de produtos locais americanos. Isso iniciou uma guerra comercial, com a China sobretaxando também produtos americanos. No final de 2018, tal questão deu uma esfriada, indicando uma solução, mas, nesses últimos meses de 2019, essa tensão voltou a aumentar.

Para entender a questão, é necessário voltar no tempo, na China de Deng Xiaoping, primeiro grande líder chinês após a morte de Mao Tse-Tung. Em 1978, Xiaoping iniciou um conjunto de reformas na agricultura, indústria, defesa e educação, com o objetivo de criar uma nova China. Tais reformas permitiram um grande e duradouro crescimento chinês, que ainda é observado. Em uma primeira fase, a China buscou atrair indústrias de países do mundo inteiro, caracterizando sua produção pela frase “made in China”, produtos baratos e, de certa forma, duvidosos. Hoje, o país alterou essa ideia por produtos desenvolvidos na China, como uma garantia de produtos tecnológicos. Com isso, a balança comercial americana com a China começou a se alterar. Hoje, ela revela uma condição favorável para os chineses. Enquanto os Estados Unidos venderam 120 bilhões de dólares para os chineses, a China vendeu 539 bilhões para os Estados Unidos. Um superávit de 419 bilhões.

Donald Trump, em suas palavras de campanha, afirmou que ninguém iria obter vantagens econômicas sobre os Estados Unidos. Para ele, esse saldo positivo é uma vantagem chinesa e, com isso, começou a sobretaxar os produtos chineses, o que se configura como protecionismo. A China não deixou por menos. Essa tensão só foi aumentando a lista de produtos e os valores taxados por ambos os países. Não sendo o bastante, os Estados Unidos puseram a Huawei, gigante de telecomunicações chinesa, em uma lista de ameaças à segurança nacional, proibindo empresas americanas de realizarem negócios com a chinesa. Isso dificultou a vida da Huawei, uma vez que muitas tecnologias são patentes americanas, o que limita as ações da empresa. Alguns analistas apontam que a verdadeira motivação para isso é que a empresa chinesa é líder no desenvolvimento tecnológico do 5G, fundamental para a internet das coisas. A Huawei, recentemente, voltou a realizar negócios com empresas americanas, indicando uma solução dessa crise, mas a tensão pode voltar a aumentar a qualquer momento, por um movimento da China ou dos Estados Unidos.

  

Tensão nuclear - Coreia do Norte e EUA

Segundo o governo da Coreia do Norte, o país fez 5 lançamentos experimentais de mísseis entre 2006 e 2016. No início de 2017, o presidente Kim Jong-un afirmou que o país também fez testes com armas nucleares. Porém, um desses testes chegou ao território marítimo japonês, o que aumentou a tensão entre os países da Ásia Oriental. O míssil em questão é um projeto de armamento que poderá atravessar o Oceano Pacífico.

A preocupação é ainda maior por conta da política internacional extremamente fechada da Coreia do Norte. O país não costuma prestar contas à comunidade internacional, independentemente do quão perigosa sejam as suas ações. Os testes seguem a países vizinhos, como Japão e Coreia do Sul. Porém, essas e outras nações do Leste Asiático não podem revidar por não terem o mesmo armamento nuclear que o país de Kim Jong-un.

Outros países são contrários ao posicionamento da Coreia do Norte. Um deles é os Estados Unidos, que poderia proteger o Japão ou Coreia do Sul diante de um ataque mais grave. Essa tensão generalizada faz com que os países que se sintam ameaçados de alguma forma também procurem desenvolver seu próprio armamento nuclear.

Após um ano de 2018 marcado por diálogos e tensões, em junho de 2019, após o G-20, Donald Trump encontrou-se com Kim Jong-un na zona desmilitarizada da Coreia do Norte, sendo o primeiro presidente norte-americano a visitar o país. Tal feito mostra uma significativa reaproximação entre os países. Porém, algumas semanas depois, a tensão voltou a aumentar, com alguns testes de armas feitos pela Coreia do Norte.

Em agosto de 2019, a China anunciou a suspensão de importações de produtos da Coreia do Norte, em meio ao acirramento, nas últimas semanas, da crise política entre Estados Unidos e Coreia do Norte. Os mercados reagiram muito bem, pois isso esfria as vontades bélicas de Pyongyang e diminui as tensões com os Estados Unidos, forçando a retomada das negociações por parte da Coreia.

 

Encontro Donald Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un

 

Fonte: Trump (E) e Kim Jong-un reuniram-se pela terceira vez neste domingo. BRENDAN SMIALOWSKI / AFP

 

Guerra da Síria

A Síria é cenário de um dos conflitos mais brutais do Oriente Médio contemporâneo. O país encontra-se devastado e conta com um saldo de milhões de mortos desde o começo da guerra, que já dura mais de oito anos! O ponto de partida para essa questão é o fato de que a família al-Assad governa a Síria há quase 50 anos. Isso sem que os presidentes tenham sido democraticamente eleitos. O poder foi passando de pai (Hafez al-Assad) para filho (Bashar al-Assad), como se fosse uma herança. O governo é liderado pela família al-Assad, que pertence a um grupo étnico-religioso denominado alauita, adepto do xiismo. Isso desagrada a maioria da população, que se considera sunita, uma linha muçulmana mais branda. Em meados de 2011, por conta dos protestos da Primavera Árabe, civis sírios decidiram fazer manifestações contra o governo de Bashar al-Assad, o atual presidente do país. Mesmo que todas as manifestações tenham sido pacíficas, o governo decidiu reprimir violentamente os civis. A partir daí, parte dos cidadãos sírios organizaram e formaram o Exército Livre da Síria para lutar contra as tropas militares do governo.

A situação tornou-se cada vez mais complicada quando outros países, como Estados Unidos e Rússia, começaram a apoiar um dos lados da disputa. A presença do Estado Islâmico na região, que busca expandir seu domínio sobre o território sírio, complica ainda mais o conflito. A Guerra da Síria, além dos inúmeros mortos civis, dividiu o território em diversas áreas sob o domínio desses diferentes grupos, desestabilizou o país e criou uma onda gigantesca de refugiados (mais de 5 milhões de sírios abandonaram o país).

Atualmente, com o apoio militar russo ao governo sírio, a família al-Assad retomou o domínio sobre grande parte do território. O Estado Islâmico, enfraquecido e praticamente derrotado, domina uma ou outra área no território sírio. Em 2019, os Estados Unidos iniciaram a remoção de suas tropas da Síria.

 

Veículos militares dos EUA deixam a cidade de Tal Tamr, na Síria, após saírem de base no local

 

Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/10/22/tropas-dos-eua-retiradas-da-siria-ficarao-temporariamente-no-iraque.ghtml

 

Trump anunciou a saída do Protocolo de Paris (COP-21)

Em 1º de junho de 2017, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, durante a COP-21, a saída do país do Acordo de Paris. O tratado determina que os países participantes devem conter o aquecimento global em até 2°C em relação aos níveis pré-industriais, sendo o principal objetivo do acordo fazer com que o aumento da temperatura mundial não ultrapasse os 2°C até 2100. 

Os Estados Unidos haviam assinado o documento em 2015, na gestão de Barack Obama, que se comprometeu a reduzir em 28% a produção de gases do efeito estufa do país e a transferir 3 bilhões de dólares para países pobres para apoiá-los na luta contra mudanças climáticas.

Segundo Trump, a versão atual do Acordo de Paris desfavorece a economia norte-americana ao afetar sua geração de energia e prejudica os Estados Unidos criando vantagem para outros países. O presidente, que já declarou anteriormente que o aquecimento global foi “inventado” pelos chineses para tornar a indústria americana menos competitiva, decidiu interromper de maneira imediata todas as ações relacionadas ao tratado que fossem legalmente permitidas. Apesar do anúncio da saída do acordo, a retirada só será definitiva em novembro de 2020, já que o documento prevê um longo processo de desligamento das responsabilidades firmadas pelo país em 2015.

Infográfico sobre o Acordo de Paris - AFP

 

Fonte: https://istoe.com.br/china-se-compromete-a-respeitar-acordo-de-paris-sobre-o-clima/

 

Massacres nos Estados Unidos

No sábado (03/08/2019), Patrick Wood Crusius, de 21 anos, matou 22 pessoas ferindo outras dezenas com seu fuzil AK-47, na cidade de El Paso, no ataque a tiros com o maior número de vítimas fatais em 2019. Na madrugada de domingo (04/08/2019), um homem armado com um rifle, próximo a uma área de bares, matou 9 pessoas e feriou outras 26. Já foram contabilizados 32 casos em 2019, incluindo esses dois mais recentes.

A notícias acima passaram a ser cada vez mais frequentes nos Estados Unidos, se tornando uma verdadeira epidemia no país. O índice de tiroteios, principalmente em escolas, cresce desde a década de 90. Em 1999, uma dupla de estudantes planejou uma invasão à escola que frequentavam. Além de produzirem bombas, os adolescentes mataram 12 estudantes, 1 professor e feriram 21 pessoas. A tragédia inspirou o documentário “Tiros em Columbine”, dirigido pelo escritor Michael Moore em 2002, que incitou o debate sobre o tema.

Em fevereiro de 2018, um adolescente invadiu uma escola no estado da Flórida e abriu fogo. Dezessete pessoas morreram, além de diversas outras feridas. Um grupo de estudantes organizou uma série de protestos contra a desregulação do porte de armas, em Washington, capital do país. O movimento ficou conhecido como “March for Our Lives” e ganhou popularidade entre os cidadãos norte-americanos e da comunidade internacional. Artistas, como Miley Cyrus e Ariana Grande, participaram dos protestos realizando shows gratuitos. A movimentação reuniu mais de meio milhão de pessoas na capital, marcando um apogeu do ativismo civil nos Estados Unidos.

Mesmo após tantos massacres, o presidente Donald Trump associa esses ataques a problemas mentais ou terrorismo doméstico, e não ao fácil acesso às armas. Enquanto 60% dos americanos acham que as regras para venda e controle de armas deveriam ser mais estritas no país, segundo um levantamento do Pew Research Center (2018), a Associação Nacional de Rifles, principal defensora do direito de ter armas de fogo no país, gastou 54 milhões em doações apoiando candidatos pró-armas.