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Introdução à Geopolítica

Entenda o que é território e a relação deste com o Estado. São, ainda, apresentados os marcos das relações geopolíticas internacionais, tais como a Segunda Guerra Mundial e a criação da ONU.

Guerra Fria

Fim da Guerra Fria e Doutrina Bush

Conflitos no Oriente Médio e a Geopolítica

Questão Nuclear

Leste Europeu

Introdução a Geopolítica

Geopolítica é definida como a relação entre os Estados (território, política, militar), que pode resultar em acordos, guerras e embargos. No entanto, essas relações acabam transcendendo a própria noção de Estado e chegando às organizações supranacionais, como a Organização das Nações Unidas, criada em 1945, com o objetivo de garantir a paz mundial. A Assembleia Geral e o Conselho de Segurança são os dois principais órgãos da ONU. O primeiro órgão é deliberativo e participa a maioria dos países. O segundo possui poder decisório, isto é, todos os membros das Nações Unidas devem aceitar e cumprir as decisões do Conselho. É composto por 15 membros, 5 permanentes (Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China) que possuem poder de veto e 10 membros rotativos.

 Muitas vezes o conceito de Geopolítica é confundido com o de Geografia Política no qual preocupa-se com as relações espaciais entre Estado e seu território. Mas é importante ressaltar que os conceitos se interseccionam. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo vem passando por importantes mudanças geopolíticas e econômicas, as quais incluem, na prática, alterações nas fronteiras e nas relações entre os países. Contudo, atualmente, devido à globalização e o fim da ordem bipolar, os laços e as relações entre os países se multiplicaram, tornando-se mais complexos.

 

Tensões geopolíticas atuais

Durante a Guerra Fria, a maioria dos conflitos seguia a lógica da bipolaridade, ou seja, geralmente envolvia os EUA (Estados Unidos da América) ou a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Após a queda do Muro de Berlim e o colapso da URSS, a humanidade presenciou uma mudança nas dinâmicas da geopolítica mundial. Com a Nova Ordem Mundial e a multipolaridade, as tensões geopolíticas passaram a envolver diversos Estados-Nações, como Rússia, China, Irã, Israel e os Estados Unidos.

 

Doutrina Bush

No ano de 2001, acontece o atentado terrorista dentro do território norte-americano, ataque realizado por uma organização terrorista chamada Al-Qaeda. Esse atentado irá marcar significativamente nossos estudos na área de geopolítica. Inicia-se, então, a Doutrina Bush (nome do presidente dos Estados unidos na época, George W. Bush). Essa doutrina defendia ataques preventivos contra países que possivelmente abrigassem células terroristas, com o argumento de que o inimigo, agora, era invisível.

Após a adoção dessa doutrina, as tensões entre radicais islâmicos e o Ocidente ficou cada vez maior e os atentados terroristas se intensificaram, atingindo outros países. Os atentados ajudaram justificar ainda mais a intervenção americana no Oriente Médio, uma região que possui uma grande diversidade étnica, religiosa e uma grande quantidade de petróleo. Portanto, pode-se identificar uma relação importante nessa dinâmica, a relação entre petróleo e Guerra ao Terror.

 

Oriente Médio

O Oriente Médio é uma área geográfica que inclui países como Turquia, Jordânia, Arábia Saudita, Irã, Iraque, Iêmen e a região da Palestina, onde também se encontra o Estado de Israel. Uma importante característica do Oriente Médio é a presença de enorme quantidade de petróleo no subsolo da região. Cerca de 65% do petróleo mundial encontra-se na região, com destaque para o Golfo Pérsico. Na segunda metade do século XX, o petróleo se tornou a principal matriz energética. Portanto, o controle de suas reservas passou a ser de interesse estratégico para as principais empresas e potências políticas mundiais. Muitos países do Oriente Médio participam da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que combinam o preço dos barris para evitar concorrência. A disponibilidade desse recurso passou a ser uma grande fonte de conflitos na região. Embora, a disputa por territórios e poder seja algo mais antigo e presente na geopolítica da região, mas que foi agravada com a disponibilidade desse recurso.

 

Leste Europeu e a Questão da Crimeia

Os países da Europa Oriental, ou Leste Europeu, tiveram uma trajetória de formação socioespacial diferenciada, quando comparamos aos demais vizinhos europeus. Ao longo da maior parte do século XX, essas nações estavam associadas ao domínio soviético. Atualmente, três décadas se passaram pós-independência, porém, na dinâmica e estrutura dos países ainda se pode perceber heranças espalhadas pela região. 

Em 2015 por exemplo, Estônia, Finlândia, Letônia e Lituânia dependiam 100% do gás russo para abastecer suas demandas por energia. Em virtude disso, em 2017 Finlândia e Estônia estão construindo um novo gasoduto chamado de Balticconnector. A inovação permitiria comercializar gás natural de outros países, incluindo os Estados Unidos, para a Finlândia. Até então, todos os gasodutos da Finlândia vinham da Rússia e a novidade força uma redução de preços por parte da Rússia, assim como estratégias políticas para manter a dependência e a proximidade.

Atualmente, cerca de um terço de todo o gás da União Europeia vem da Rússia. Moscou continua buscando ampliar sua atuação, sendo possível citar a construção do gasoduto russo Nord Stream 2, que visa sobretudo aumentar a dependência energética da Alemanha, dobrando a quantidade de gás natural exportado. Os Estados Unidos já se posicionaram contrários a essa construção. De modo geral, pode-se dizer que há um receio de que essa aproximação sob a perspectiva da dependência econômica, gere também uma possibilidade de intervenção por parte da Rússia na política europeia.

 O Conflito na Criméia

A Crimeia é uma região ao sul da Ucrânia, que faz fronteira com a Rússia. A tensão na região da Crimeia existe desde a queda da URSS. A população dessa região, em sua ampla maioria, é russo e possui maiores relações com Moscou do que propriamente com Kiev (capital da Ucrânia). A região tornou-se palco de uma intensa instabilidade política.

 

Região da Crimeia.

Os problemas internos da Ucrânia intensificaram-se quando o então presidente Viktor Yanukovich rejeitou um acordo que se comprometeu a realizar com a União Europeia, o que ampliaria as relações do país com o bloco. Essa decisão foi diretamente influenciada pela Rússia, uma vez que a Ucrânia é um dos seus principais parceiros comerciais no continente europeu. Liderados pela oposição, iniciou-se uma onda de protestos pelo país. Diante disso, alguns meses sucederam-se com o agravamento das tensões, em que prédios públicos foram ocupados, as ruas incendiadas e a repressão aos manifestantes intensificada.

Após a revogação de uma lei que reconhecia o russo como língua oficial na região da Crimeia, o clima ficou ainda mais tenso. Com isso, grupos militares pró-Rússia assumiram o controle político da região. Em um plebiscito, não reconhecido pela União Europeia, a Crimeia se tornou independe e posteriormente pediu para ser anexada pela Rússia. Com isso, os países da União Europeia, além dos Estados Unidos, anunciaram o descontentamento com a decisão, iniciando uma política de articulação de um provável bloqueio econômico e/ou comercial à Rússia. Essa península possui importância econômica e estratégica, configurando-se como um importante via de ligação entre o Mar Negro e o Mar de Azov, além de ser uma das mais importantes bases militares na região.