Questão 01 - Nietzsche
Questão 02 - Super-homem
Questão 03 - Representação em Schopenhauer
Questão 04 - Vontade em Schopenhauer
Questão 05 - Freud e o inconsciente
Questão 06 - Kierkgaard e a existência
Schopenhauer
Arthur Schopenhauer (1788 - 1860) foi um grande filósofo alemão, conhecido principalmente por sua obra “o mundo como vontade e representação”. O pensador caracteriza o mundo fenomenal como expressão de uma irracional e talvez maligna vontade metafisica. Para chegar a essa conclusão o pensador se apropria de elementos do budismo e de alguns aspectos da filosofia.
Um dos aspectos que o filósofo alemão vai recuperar da filosofia kantiana é a ideia de que nós não podemos conhecer as coisas em si mesmas, ou seja, não podemos conhecê-las exatamente como são, restando-nos conhecê-las a partir de representações. Portanto, o que conhecemos são os fenômenos - as coisas tais como aparecem para nós - mas não a realidade em si mesma. Já o conceito de vontade diz respeito a uma vontade cega e irracional que move todos os seres vivos. Assim, todos os seres, em última análise, lutam pela sua própria vida a partir de uma vontade que é egoísta e voltada para a subsistência. O termo “vontade” foi escolhido por Schopenhauer na ausência de um que expressasse melhor sua ideia. Não se trata de uma vontade leve e ingênua, mas da própria definição do que existe.
A Vontade é a essência da subjetividade, aquilo que forma o “eu” em cada coisa. Não pode conhecer, não pode raciocinar nem tampouco ser compreendida. Não tem fundamento nem origem, é imanente (é sua própria causa, sua razão se encerra em si mesma). Ela é geradora de um profundo desejo, busca sempre se afirmar. Nos outros animais a vontade se expressa como instinto. Mas o ser humano sabe que tem vontade e por isso, para nós, é diferente. Nas palavras de Schopenhauer “A Vontade é um cego robusto que carrega um aleijado que enxerga”. A vontade é a força motriz da vida e a nossa consciência (inclusive de que temos ou somos vontade) é a que guia essa energia. Veja que, na história da filosofia, a razão nunca esteve tão desprestigiada. De fato, Schopenhauer é o primeiro filósofo do ocidente a conseguir dar um estatuto de tanta importância para a irracionalidade, que se torna a base da essência ontológica de seu mundo. Com base nessas ideias de vontade e representação, Schopenhauer vai criticar confiança exagerada na razão, já que o homem, segundo ele, não possui o controle racional sobre as coisas e nem sobre si próprio, pois há um desejo cego e incontrolável que os afeta.
Nietzsche e a Vontade de potência
Dando outra interpretação para a vontade, Nietzsche rompe com o pensador pessimista, pois acreditava que a felicidade verdadeira era possível. Sua crítica a Schopenhauer se expressa no conceito de vontade de potência, que, apesar de ser semelhante ao conceito anterior, revela uma afirmação da possibilidade de felicidade.
A vontade de potência chegou a ser usada pelo nazismo, numa interpretação que reduz o conceito a teses biológicas e de competição entre os seres humanos. Entretanto, a interpretação hegemônica atualmente é a de que a vontade de potência é mais que um impulso competitivo de sede por poder, ela é a afirmação da existência. A vontade de potência direciona o ser humano a transcender seus limites existências alcançando a plenitude.
Apolíneo e dionisíaco
Um dos alvos mais martelados por Nietzsche foi Sócrates. Para Nietzsche o pensador grego iniciou uma tradição filosófica que nega o próprio ser humano, por negar a possibilidade de sermos, também, irracionais. Nietzsche acusa Sócrates de negar a intuição criadora dos pensadores que o precederam, os filósofos da natureza ou da physis, conhecidos por pré-socráticos. Nietzsche aponta que essa nomenclatura (pré-socráticos) esconde dois preconceitos. O primeiro consiste em supor o pensamento anterior à Sócrates como um pensamento “menor”, uma “infância” da filosofia. Isso significa negar que foram os filósofos da natureza que fundaram o pensamento racional e negar seu pensamento como uma visão completa da existência que via o humano como parte da natureza. O segundo erro se refere a considerar o pensamento socrático uma ruptura com o pensamento da fase anterior, já que é possível observar a continuidade do pensamento pré-socrático na teoria das ideias de Platão, por exemplo, com a influência de Heráclito e Parmênides.
Nietzsche é contra essa visão inferiorizante dos pensadores da natureza. Para ele, esses filósofos lançaram as bases da ciência com conceitos universais que contribuíram para o desenvolvimento do conhecimento humano. Basta pensar no conceito de átomo ou no desenvolvimento da matemática. Olhar a natureza de forma racional e fazer proposições a partir dela também é uma herança dessa época. Lembre como Tales conclui que “tudo é água”, observando a importância do elemento na natureza. A partir de Platão (e Sócrates) a filosofia perde seu brilho por abandonar o mundo real e se fundar num mundo puramente conceitual. Por isso, para Nietzsche, o pensamento socrático-platônico é um erro, um desvio da filosofia que afastou o homem da natureza e o levou a desprezar o mundo se voltando para um lugar que não existe.
Isso porque, para Nietzsche, a realidade e o próprio ser humano são formados por dois princípios que são complementares – o apolíneo e o dionisíaco. O primeiro faz referência ao deus Apolo (deus da razão, da clareza, da ordem) e o segundo a Dionísio (deus da aventura, da música, da fantasia, da desordem). Ao enfatizar o apolíneo e reprovar o dionisíaco, a Grécia socrática cria um verdadeiro culto à razão que anula a força criadora do ser humano em todas as suas atividades, inclusive na filosofia. Para Nietzsche o mundo é consequência da interação entre os dois princípios gerando uma mistura, uma turbulência, uma complexidade. Separações como ideal e real, superior e inferior e sensível e inteligível não ampliam nosso conhecimento, mas limitam.
Nietzsche afirma que, ao convencer a sociedade ateniense de que a perfeição deveria ser alcançada e isso deveria ser feito por meio da razão, Sócrates interferiu na trajetória das atividades humanas, da arte à política, direcionando o ser humano para o caminho de algo que não existe, ou seja, para o nada. A separação do ser humano da natureza abriu espaço para interpretações religiosas que tornaram o homem fraco e impotente.
Kierkegaard
Søren Aabye Kierkegaard foi um filósofo, teólogo, poeta e crítico social dinamarquês conhecido como o fundador do existencialismo. Seu tema mais recorrente era a religião. Também tratou sobre moralidade, ética e psicologia. Abordou o ser humano como um individuo único pensando o que isso significava e quais as implicações desse pensamento. Focou sempre na realidade concreta em detrimento ao idealismo.
Algumas das idéias-chave de Kierkegaard incluem o conceito de "verdades subjetivas e objetivas", o cavaleiro da fé, a dicotomia de recordação e repetição, a Angst (angústia), a infinita distinção qualitativa, a fé como paixão, e as três etapas do caminho da vida.
Sigmund Freud: Id, ego e superego
Sigmund Freud (1856 – 1939) foi um médico neurologista e filósofo responsável pela criação da psicanálise, conjunto de conhecimentos novos sobre a realidade psíquica do ser humano, sobretudo o conceito de inconsciente, que transformou a forma do ser humano enxergar a si próprio e os limites da sua própria consciência. Aplicou o método investigativo, através do qual seria possível interpretar aquilo que dizemos, assim como nossos sonhos, imaginações, pensamentos vagos, no sentido de tornar conscientes aquelas ideias e desejos que habitam o nosso inconsciente e que, exatamente por isso, temos o hábito de recalcar. Essas novas ideias deram origem a novas formas de tratamento psíquico: Torna-se possível, através da psicanálise, o tratamento de enfermidades, como a neurose, através da fala e da interpretação daquilo que é dito pelo paciente.
O nosso inconsciente é habitado por aquelas coisas que nos causam uma dor tão profunda e que, por isso mesmo, reprimimos e delas não tomamos consciência. No entanto, esse recalcamento reaparece na forma de sintomas, os quais serão analisados pelo psicanalista. A estrutura do aparelho psíquico é formada por três sistemas: O inconsciente, o pré-consciente e o consciente. O inconsciente é onde se encontram os conteúdos mentais que nós reprimimos, lá estão todos os nossos desejos censurados, nossas pulsões e instintos. O consciente é uma pequena parte de nossa mente que inclui tudo aquilo de que estamos cientes, num dado momento do tempo. Nossa consciência sempre foi a parte mais explorada pelos filósofos ao longo de toda a história do pensamento filosófico, até o surgimento da psicanálise. A partir do surgimento desta, passa-se a dar maior atenção às duas outras partes de nossa mente que haviam sido pouco exploradas até então: O inconsciente e o pré-consciente.
O pré-consciente é uma parte do inconsciente que pode ser facilmente acessada pela consciência através da memória: São as nossas lembranças do dia anterior, a lembrança de todas as ruas que rodeiam a nossa casa, e de tudo aquilo que não temos dificuldade para recordar, caso essa seja a nossa vontade. Essa primeira teoria sobre o aparelho psíquico é, na sequência da obra de Freud, enriquecida por uma segunda teoria do aparelho psíquico, no qual constam as noções fundamentais de Id, ego e superego. Temos aqui uma teoria da personalidade, na qual o Id, o ego e o superego são instâncias diferentes que formam a psique humana.
O Id consiste nos nossos desejos e instintos primitivos, é aquilo que, portanto, nasce conosco, a parte psíquica responsável pelas nossas pulsões. É a partir do Id que surgem os outros dois aspectos de nossa psique. Já o Ego é a instância psíquica responsável pela adequação do Id à realidade, ou seja, que regula os nossos instintos básicos, buscando certo equilíbrio. Assim, desde os nossos primeiros anos de idade, vamos formando o nosso Ego, o que nos ajuda a tentar satisfazer os nossos impulsos de maneira menos imediatista e a nos equilibrar psicologicamente dentro do mundo no qual vivemos.
Por fim, o superego refere-se à representação de ideais e de valores morais por parte dos indivíduos, fazendo com que o Ego perceba aquilo que é ou não, por exemplo, moralmente aceito dentro daquela sociedade da qual o indivíduo faz parte. Segundo Freud, é a partir dos 5 anos de idade que começamos a desenvolver o nosso Superego, justamente por causa do contato da criança com a sociedade. O Superego funciona como uma alerta para o Ego, recalcando para o inconsciente aquelas pulsões que não podem ser expressas no âmbito daquela cultura.