Quantas questões devo fazer por dia?

Essa pergunta é um clássico das redes sociais, pois muitas pessoas a fazem aos professores e pessoas que são aprovadas em concursos. Os mais sensatos respondem que não existe número certo e que esta deve ser a menor das preocupações.

No entanto, alguns influenciadores digitais já causaram espécie, defendendo um número quase "cabalístico" da necessidade de 100 questões diárias. Ocorre que a fixação dessas quantidades, além de estar dissociada de uma boa produtividade, pode se transformar em fonte ansiedade.

Como já demonstramos em outro artigo,  existem casos de concurseiros que obtiveram êxito nos concursos públicos sem resolver questões. Então, se isso é possível, já podemos ter em mente que a quantidade de exercícios resolvidos não é tão determinante para a sua aprovação.

Quando fui aprovada no concurso Marinha do Brasil, resolvi cerca de 700 questões. Esgotei todas as que estavam no site da Marinha e da Aeronáutica. Os exercícios foram muito importantes, mas, em paralelo, tive o cuidado de diversificar as fontes de aprendizagem. Estudei por livros de doutrina, cadernos, informativos de jurisprudência e letra de lei também. O fato é que nunca resolvi as fatídicas 100 questões diárias e fui aprovada assim mesmo!

Assim como postar gráficos demonstrativos das horas estudadas nas redes sociais nem sempre significa produtividade, prender-se a uma quantidade de questões não produz qualquer efeito qualitativo. Tem-se apenas valor psicológico, mas isso, por si só, não garante sucesso. Se a quantidade fosse determinante, quem estuda há mais tempo teria, necessariamente, que passar antes de todo mundo. Nem sempre os acontecimentos obedecem a esta lógica, uma vez que há outros fatores em jogo.

Mais importante que resolver 100 questões ao dia, até alcançar o quantitativo de 30-50 mil, é buscar aprender com os próprios erros. É preferível treinar por 10 exercícios diários bem feitos a fazê-los rapidamente para garantir a tal quota diária. Além disso, exibir números para mostrar às pessoas não garantirá aprovação nos concursos.

Aliás, tudo aquilo que faz os estudos perderem a produtividade, que criam controles excessivos e que nos deixam mais ansiosos deve ser abolido. Isso serve não somente para as questões, mas também para cronômetros e planilhas. Portanto, esses instrumentos só devem ser utilizados se ajudarem a aprender mais.

Resumo da Ópera: deixemos o terrorismo e os dogmas de lado. A qualidade nos estudos por questões é muito mais relevante que a quantidade. Buscar a validação das pessoas ao exibir o seu número de exercícios resolvidos não te fará ser aprovado em concursos. O que você aprendeu com eles é o que vai te conduzir ao sucesso nas provas.

Se você quiser conversar comigo sobre essas e outras questões, siga-me no Instagram @concurseiro.solitario. Será um prazer!

Raquel Monteiro, é advogada pós-graduada em Direito Público pela Universidade Gama Filho, blogueira do Concurseiro Solitário. Já foi oficial da Marinha do Brasil e agora, todas as quintas, posta aqui no Master Juris as vicissitudes da vida de uma legítima concurseira carioca.

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